duSouto no Humaitá Pra Peixe
Os Souvenirs de NatalO duSouto foi uma das atrações que mais gerou curiosidade na escalação do HPP. Uns poucos tinham visto a passagem deles pelo Rio, no ano passado, e outros poucos conheciam mais do que o site do festival mostrava. Os boatos indicavam coisa boa. Mais, o Brasov – que tocava antes deles – garantiria a presença de público no dia. Quer dizer, não tinha risco de perder o passeio, porque o bom e velho som cigano-brega-fanfarrão é um dos shows mais legais do Rio. Talvez devesse até ter fechado a noite.
E foi bem assim. Direto de Natal, a onda do duSouto é misturar praias. O som do grupo tem dj, que dispara bases de música tradicional e batidas pré-gravadas, puxando as texturas para algo entre o vídeo-game e o Asian Dub Foundation. Tem guitarra e muito uso de pedal. Tem vj sublinhando a estética game/Internet. Tem um baixo que podia ser mais pesado. E uma bateria na medida, esperta mas sem brilhos a mais.
Há algo de ressaca do mangue bit, há algo de nordestizar o Rappa do Lado B Lado A, há híbridos que lembram em intenção o Tranqüilo de Marcelinho da Lua, mas nada com o mesmo amadurecimento. O som quer ser mulato, mas não tem os tons graves bem marcados, nem a ginga de quem passeia pelo mundo, no mínimo em referências.
É bem verdade que o repertório que os potiguares decidiram mostrar ao Rio é cheio de músicas ainda a serem gravadas, o que pode ter esfriado a apresentação. Entre o guitarrista e o baixista, os dois que dividem os vocais, um vazio no palco indicava que há de se caminhar mais, saber preencher espaços, dar cara ao monte de coisas legais que passam pelas cabeças dos cinco. Falta aproximar – e isso é não é só uma figura de linguagem – o que a dupla de frente faz com o trabalho do dj, e enriquecer a dobradinha da picape com as baquetas. O vj também pode fazer o trabalho dele ser mais do que um pano de fundo, apenas, para a música.
No mais, a impressão é que fica é a de uma loja de lembrancinhas. Ninguém tem dúvida de que cada pedacinho do que está na vitrine do duSouto fala de Natal, Ponta Negra, e o dia-a-dia dos cinco na cidade. Mas muitos dos souvenirs têm uma etiqueta de made in China, ou daqueles chaveirinhos de praia com um espaço em branco para se preencher com Búzios, Fernando de Noronha, Camboriú, Maresias, ou Praia da Pipa. No caso, Natal.
1 Opine:
talvez a gente tenha esquecido um excelente Souvenir de Natal: doce de goiaba, pra deixar sua vida menos amarga e talvez vc deixe de falar sobremusica pra falar sobremesa. :)
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