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Bernardo Mortimer
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28.1.07

Móveis Coloniais de Acaju no HPP

Corre Atrás




      Olhando para o público, o jogo tá ganho. Pela agenda do grupo, que enfileirou em uma semana Belo Horizonte, São Paulo, o fechamento de gala do HPP e Barretos (de olho nos rodeios de 2007), não é uma brincadeira para ver no que vai dar. E pela seriedade no camarim, a concentração com tudo, é um show para se consagrar. “Não pode ficar nervoso, não, éim...” O Esdras, saxbaritonista, responde que não, não tem mais dessa não, véio. Os móveis tão de boa. Agora, de melhor.

      Léo Bursztyn, guitarrista e quase doutor em Economia em Harvard, é o primeiro a entrar e puxa riffs que soam meio Franz Ferdinand, meio novo rock-disco-punk. Com ele vem Fábio Pedroza, no baixo e pulos, o baterista Renato Rojas, e BC, na segunda guitarra, que dá espaço para um bandolim e um cavaquinho ao longo do show. A levada “lucioribeiro” se mantém por alguns compassos, até a entrada do resto dos outros seis, e André Gonzalez, vocalista e dançarino concreto, se apresenta: “Muito prazer, eu sou você amanhã... Só não me apresentei antes, por medo de desmotivar”.
      Foi esse o começo do carnaval sem fim dos móveis, que misturam surrealismo, metamorfoses tchecas, Consenso de Washington e resistência à guerra da Bósnia nas letras. E fanfarras ciganas, chorinho brasiliense, ska japonês e gafieira copacabanense no som. Festa com letras de desilusão. Sem contar com todas as outras coisas. E, não. A letra de Seria o Rolex? não é uma citação ao ecstasy, como pensou parte do público mineiro, na semana passada.

      Sem parar muito entre uma música e outra, a não ser para um pouco do papo cabeça eu e você, a gente pode se dar bem essa noite de André, o Móveis faz um revezamento de alta velocidade nas posições e nas frases de: é uma gaita?, é uma flauta?, é um sax tenor?. Não, eles são de Brasília e vão fazer de tudo para você se divertir ao máximo, o que inclui se divertirem também, sem escolher público, sem pensar no quanto vale estar ali. Se fosse um show num palco apertado, sem retorno, e com cinqüenta pessoas, eles não iam fazer pior. Até porque cinquenta pessoas não rola mais. Só tocando mais alto para os outros trezentos que ficaram do lado de fora.

      Mas não é o caso, claro, e o Sérgio Porto está cheio, atulhado, e todos pulam, indo além do bom começo que o Turbo Trio já tinha tratado de providenciar. Dali a pouco, experimentam mais um pouco a nova Lista de Casamento, pop. Tem gente na platéia que sabe a letra, e BC sorri contente. Dali a pouco seria a ultrajiana Sem Palavras, afinal BRock também entra na culinária.
Nos sopros, algo de Moacir Santos pesa mais nos arranjos do que James Brown, por exemplo. Melodias nos metais, mais do que ritmo. Mas melodias quentes, pelando. Ou é Xande Burztyn, balançando o trombone com linhas graves e suinguentas, ou Paulo Rogério jazzificando em solos e miudinhando no pé, ou Esdras Nogueiras sambando pesado em ataques curtos e frases elegantes, ali, meio aveludadas, quando não circenses.

      A qualidade do som não era ruim, mas faltava um pouco de brilho. A voz e a flauta, por exemplo, soavam meio embaçadas. Detalhes, tão pequenos. Aliás, a flauta é parte fundamental para o humor das músicas coloniais de acaju. Os fraseados de Beto Mejía têm algo de artista de rua, saltitam, têm que prender a atenção do cara que passa, se não não tem moeda no chapéu para ajudar lá em casa. A alegria segue na gaita e nos efeitos do teclado de Borém (Eduardo), que quietinho ali no canto é essencial para o toque contemporâneo que os móveis coloniais têm. Não é som de brechó, mas a coleção é inspirada em discos da vovó. Também.

      Para encerrar, o compromisso da banda com a formação de cada um deles. A Brasília dos anos 90, Gabriel Thomaz e Little Quail, com Stock Car e o hino da galera da capital 1,2,3,4. A..., antes tinha rolado um Portishead que volta e meia é a cover do dia, assim como Take Me Out (FFerdinand) ou Eu me Amo (Ultraje). E, já com B Negão no palco, Se Essa Rua Fosse Minha, com o rapper contando que se essa rua fosse dele, botava o acaju para tocar, se essa rua fosse dele, não pagava o tal jabá.

      Estava ganha a noite, mas ainda teve E Agora Gregório?, só porque o Gabriel Autorama e toda a platéia insistiram. As metamorfoses que fizeram todos suar. De agora em diante, o Móveis Coloniais de Acaju estão aí. Corre atrás.

2 Opine:

At 17:04, Anonymous Anônimo said...

To com um problema para postar as fotos. Desde sexta, quando escrevi o lance do Tom Jobim eu não consigo nada.
Portanto, se vocês estiverem curiosos, podem ir lá no http://fotchenhas.blogspot.com/
que lá eu consegui publicar.

Um abraço

 
At 13:46, Blogger Bernardo Mortimer said...

Resolvido o problema, aproveitem. abraço

 

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