Show :: Festival Evidente (18 de março de 2008)
Em clima de descontração e fazendo piada com esse "males" chamados "comunicação viral" e "hype" - que nestes tempos andam casados - alguns blogs e sites do Rio, inclusive este, vêm chamando atenção para o non-sense musical do João, desde o hit "Baranga". A piada vinha passando do ponto, é verdade, e já estava na hora de João transcender o espectro dos amigos e dos fãs do personagem que ele forjou em suas aparições na tv - sobretudo no programa de Marcos Mion - e mostrar nos palcos toda a vitalidade artística que tem. No último Humaitá Pra Peixe isso já tinha acontecido um pouco, mas no Evidente se concretizou como fato. João chutou o balde dos hits fáceis que já criou e reconstruiu quase todos ali, ao vivo, a bordo de seu laptop e seu teclado. Cantou com força e carisma, ocupou o palco e fora dele, e fez versões que beiravam o psicodelismo, como nos oito minutos de "Cobrinha fanfarrona" e "Pau Molão". "Baranga" foi tocada em outro arranjo, com a participação da banda Leme, que abriu a noite e deu um refresco à cabeça de quem já saturou de ouvir o hit-mór. Resultado excelente.
Mais solto, João Brasil deixou PCatran comandando as bases, ignorou os comentários da backin Letícia - que também se monstrava surpresa com as mudanças não combinadas que João ia promovendo ao seu bel prazer, e deu nova dinâmica (e vida) às suas próprias músicas. Chegou até a tirar algumas delas do setlist. O público sentiu falta de "Supercool", mas também rodaram "Don't go to Australia", "Quero fazer amor" e "Elisa" A entrada de duas músicas do Ménage a Trois ("Fuck music" e "Belly Button") funcionou bem. O único problema do show é ter sido quando foi. Em função do baixo público, houve aquela demora pra se começar o primeiro show, na expectativa de que a galera vai chegar e tal. Com isso, as longas viagens, apesar de muito bem conduzidas, por vezes se tornavam angustiantes para quem estava com hora pra sair. De qualquer forma, o resultado foi muito positivo e surpreendente. Mais do que um "hype-passageiro" (com o perdão da redundância), João começa a confirmar que ainda vai muito além.
Antes dele, a banda Leme revelou bases bastante interessantes, que davam cama para (o rapper(?), mc(?), cronner(?)...) De Leve deitar suas rimas. De Leve é muito talentoso e bem-humorado, embora seu estilo de dividir as rimas se repita em muitas músicas. Ele é foi um dos fundadores (junto com Marechal e DJ Castro) do coletivo Quinto Andar. O bom começo daquele projeto ainda faz com que eles ainda carreguem o "sobrenome" ex-quinto andar, quando são apresentados. Porém, a originalidade da Leme, com as guitarras de Flu e Luciano Frias e as programações (também de Frias), deve dar conta disso rapidamente.
Ademais, o festival começou bonito, esforçado, com toda a estrutura limitada, mas correta. A galera estava filmando tudo e deve pintar na tv ou na web em breve. O único senão foi o atraso pra começar os shows e a conclusão de que até os indies, sim, assistem Big Brother. Semana que vem a disputa de atenção vai ser ainda mais grave, com a final do programa acontecendo ao mesmo tempo que os shows no Odisséia.
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Feliz páscoa e bom feriado a todos!
2 Opine:
Eu tava lá,meio mas prá cá do que prá lá... mas estava .
Concordo com tudo, mas só tenho um reparo, que serve para os dois, ambos talentos ultra-promissores.
Bateria eletrônica é foda!
Talvez seja uma deformação classista , mas eu não me lembro de um show realmente empolgante com bases programadas.
De Leve é foda !
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