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Bernardo Mortimer
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Bruno Maia
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4.10.06

Caetano Veloso - "Cê" (1)

Se houvesse vestibular para quem se habilita a escrever sobre música, seria grande a possibilidade de que, por exercício, os cursinhos preparatórios propusessem aos candidatos elaborar uma crítica do ‘disco novo do Caetano’. Seja ele o disco que for, seja a época que for. Em qualquer ofício, se exercitar é importante. Ainda que o exercício possa parecer muito pouco e se queira sempre mais.

Criticar um disco de Caetano Veloso não é um grande estímulo por duas razões complementares.
1) Todo mundo já criticou e tantas opiniões, inevitavelmente, acabam interferindo no seu próprio olhar.
2) Para fugir disso, teria que participar quase de uma corrida velada pelo ‘furo’ e música, pra mim, exige processo. Não é só pá-pum. Menos ainda um disco do Caetano, sobre o qual sempre se jogam interrogações.

Todo mundo já falou alguma coisa. Aqui mesmo no sobremusica, já teve alguém que já teceu suas opiniões sobre “Cê” antes da gente. Para mim, até agora, foram quatro audições integrais e isso é insuficiente para uma avaliação definitiva.

O que consigo ter por sensação até agora é que o disco não é. Não é rock. Não é novo. Não é inovador. Não é frio. Não é moderno. Não é covarde. Não é paudurescente. Não é só mais um. Não é correspondente às expectativas criadas. Não é à toa. Não é ‘MPB’. Não é sensacional. Não é obra-prima. Não é, nem, o disco do ano.

A minha primeira impressão já foi dita por alguém. Para meu orgulho, por aquele alguém que eu já citei acima, aquele que 'teceu suas opiniões sobre o 'Cê' antes da gente", aqui no sobremusica. Para minha tristeza, por alguém (não) identificado na alcunha de “Anonymous”. Acho que Anonymous foi um pouco radical, mas tendo a concordar com o argumento dele, não tanto com a sentença final. Trata-se do disco de um um artista fora do seu tempo, achando que fez algo em concordância com o chamado ‘moderno’, sobretudo por ter optado trabalhar com jovens desse tempo ‘moderno’. Esses jovens, porém, diante da ‘honra’ de trabalhar com a ‘divindade’ se acanham um pouco, mantém a reverência e não levam esse senhor ao lugar que, de fato, ele queria ir. Pior é que, no fim, o senhor fica achando que foi. O disco não se resolve esteticamente. Está num limbo entre duas soluções.

Mas, ainda assim, é legal. Parodiando uma dialética de raciocínio consagrada pelo próprio Caê, talvez esse seja um dos motivos de ele ser ‘legal’. Ou não.

De certo, é um álbum bacana por alguns aspectos. Talvez não esteja parecendo, mas eu quase gosto dele. (Nada além disso). Há momentos interessantes. Mas vamos por partes. Afinal, isso é só um exercício.

1 Opine:

At 20:37, Anonymous Anônimo said...

"Os anos 60 viraram a nostalgia oficial desse século".

Com essa frase o próprio Caetano em recente entrevista no Segundo Caderno do Globo resume a onda retrô que varre esse comecinho de milênio.

E é exatamente esse o mal que acomete seu mais recente álbum. A nostalgia.

Não por ele obviamente. Quem viveu os anos sessenta, especialmente no Brasil sabe a merda que foi, mas pelos "meninos" da banda que nem sequer eram nascidos na época.

Mas eles sentem sim uma imensa nostalgia, do que não viveram!

Isso!

A tentativa de se imprimir sonoramente aquele tipo de atmosfera acaba por soar falso, amador e desconfortável, e o pior, joga uma safra inteira de composições sob um véu de difícil penetração e clareza, o que faz com que as novas letras, de um radicalismo raro permaneçam ofuscadas quando deveriam ser ditas em som alto, potente e claro.

Bruno, não importa quem disse e sim que está dito!

 

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