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Bernardo Mortimer
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Bruno Maia
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22.11.06

É assim, Tio Julian?

Victor Biglione já me disse numa entrevista que quase largou o violão. Não lembro se publiquei isso na época. Estava cansado dos exercícios passados pelo seu professor na Escola do ZimboTrio em São Paulo. Queria criar e era censurado a repetir movimentos e escalas que pareciam não levar a nada. Ao fim de mais uma dessas aulas, estava disposto a não voltar nunca mais, quando seu professor, em tom de princesa isabel, lhe disse: "Ótimo. Agora você já aprendeu o suficiente para começar a esquecer tudo e criar seu próprio som". Segundo o Bernardo, o Charlie Parker é da mesma teoria que o professor do Biglione.

Sexta-feira, no Circo Voador, vai rolar meio isso. Bravery e Moptop rezam bonito na cartilha que o Tio Julian Casablancas lhes ensinou. E vão muito bem. À procura de um caminho próprio, as duas bandas emulam referências, que ainda não podem ser tomadas como uma evolução. Talvez para o Moptop esse caminho vá ser mais fácil, afinal eles vivem a 7.612 km de distância física do professor. Ainda que vivam tempos de internet, quando a unidade mais praticada é a dos cliques por segundo, isso é significativo. O Brasil pode entrar mais na obra do Moptop e o som se tornar mais palatável para alguns daqui, se é que isso é necessário. Bob Dylan e as canções também podem ser um caminho. Aliás, via Dylan, a estrada dos cariocas tende a ser maior.

O Bravery está mais perto do que o Killers já faz, apesar dos dois grupos não se bicarem muito. A eletrônica e a newrave passeiam mais pela big apple do que pelo Rio. O Bravery, tal qual tio Julian, é de New York, New York. The city that never sleeps. Lapa de neon. Dá pra ouvir isso no som deles, não dá? Nesse sentido, pode se falar que o Bravery já evoluiu o próprio som um pouquiiiinho mais do que o Moptop.

Na Escola do Tio Casablancas, o Bravery está no Segundo ano, do segundo grau. O Moptop está na oitava série. Ambos vão passar de ano. Os nova-iorquinos vão pegar uma prova final ou outra, mas ano que vem vão fazer vestibular. Os cariocas já passaram direto e, em 2007, já estarão no high school. Novembro é quase férias. Tio Julian deve estar orgulhoso dos dois. Seguindo com essa dedicação, ambos chegam lá. Daqui a pouco, vão estar livres pra criar assinatura própria. A festa de formatura de um é no dia da prova final do outro. Dia 24, no Circo Voador. Tio Julian vai conferir as provas depois, pelo YouTube.

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Antes de sair de casa na sexta, ouça "Ninguém pra te esquecer" e "No Brakes". Ah! E ouve também "You only live once".

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E antes de você colocar um comentário exaltado falando de todos as bandas que o Tio Julian ouviu, eu lembro que os Tios também já foram alunos. Até o Tio Lou Reed.

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Na década de 1990, quando eu comecei a acompanhar o mundo da música, eram as revistas inglesas e a MTV que fomentavam as brigas e disputas territoriais entre Oasis e Blur. Em 2006, é o Google que ao fazer busca pela palavra "bravery", aponta como primeira opção de site o do The Killers. Provocação, hein.


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