Nova Indústria
Quem?Já ouviu falar em Kevin Michael? Nem adianta procurar na internet, vai ter um monte, mas não é deles que eu estou falando. Eu procurei e nem no myspace achei. O lance é que tem um certo grupo de empresários (Warner, por exemplo) de olho no que ele pode render daqui pra frente.
Ao que deu para entender, ele tem uns vinte e dois anos, voz de soul singer, e se apresenta do lado de um cara do violão que faz beatbox com a boca. Tem gente apostando no falsete, falando em estilo Prince. O grande trunfo é que o Kevin é o atual queridinho de Josh Deutsch, da Downtown Records. Em linguagem que a gente entenda: o cara que lançou o Gnarls Barkley.
Mais do que uma curiosidade sobre o que há de vir na formação de um niu soul como gênero, está um fato bem bacana. A grande indústria está adotando o modelo do artista que se lança na internet e depois vai vender discos e aquelas coisas todas.
Antes que você grite, eu explico. Não é a mesma coisa que o Strokes em 2001, o Artic Monkeys e o Cansei de Ser Sexy este ano. O Gnarls Barkley foi lançado na internet sem ser independente, já ligado a um esquema "major". E teve o primeiro single a atingir o primeiro lugar da parada inglesa antes de ser lançado em um suporte físico. Fora já ter estreado na segunda posição do ITunes.
Tudo bem, tanto Cee-Lo quanto Danger Mouse já eram conhecidos no underground da internet, blogs, e esse mundo 2.0 que está por aí. Mas daí até o número um, é um caminho de poucos.
Agora, a idéia com o tal Kevin Michael é repetir o modelo, um trabalho nas duas frentes. Só que agora é partir do zero, apresentando um cara desconhecido às feras. O primeiro single deve se chamar "Philadelfia", e pode até ter um jogador de basquete nos vocais, em algum momento.
Mais do que Kevin Michael, portanto, o foco de interesse é quem é o tal de Deutsch. Porque se der certo o lance todo do Michael, será esse ex-empregado da Virgin que estará dando o rumo dos fatos, na indústria. A Downtown será a pequena empresa que vai virar sobrenome, tipo a Motown ou a Rough Trade. Em vez do soul ou do pós-punk inglês, a niu soul que se vende ao público do hip hop e aos indies.
O uso do myspace ao seu favor, um site que empreende idéias de marketing participativo, ação viral em blogs: o segredo da Downtown é aquela velha (?!) receita que, bem aplicada, explica o Fresno como rei do emo brasileiro ou o Leoni como capitão sobrevivente da decadente onda Ploc. A internet, afinal, é mais ou menos isso: uma aproximação entre pessoas. Fictícias ou não, isso já é secundário.
Para Kevin, a estratégia é espalhar vídeos pelo youtube, como versões acústicas do que estará no álbum, músicas (ou versões) renovadas frequentemente no myspace... Para não passar batido no universo sem fim desses sites, o garoto já está em excursão por locais como o Vale do Silício, escritórios da google e da Apple, os Linden Labs (secondlife, sabe, né?). Só faltou uma ou outra empresa de celular. Um avatar do carinha já está sendo gestado, e é possível que ele se apresente ao vivo no secondlife antes de ir para Londres, Nova Iorque, São Francisco e Barcelona. E bem antes de vir ao Rio, ou só a São Paulo, para variar. Vai vendo...
Nada a ver
Os blogs são o fim do jornalismo musical sustentado? Tá a fim de um presentinho de natal e não sabe o que comprar? Minha sugestão.
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