Show :: Casuarina na Baronneti
Foto: Bruno Maia
Em reta final de campeonato pontos-corridos, a lição é de que é importante garantir os pontos em casa e tentar ganhar fora. Semana que vem tem outra rodada. Pra banda e pra Baronneti.
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Primeiro foi a notícia catada na internet de que o Casuarina ia tocar na Baronneti. Estranhei de cara. Liguei para a Michelly, produtora da banda, que não só me confirmou a notícia como me informou que isso se repetirá por todos os domingos de dezembro. Ok, então tá. Ótima oportunidade para ir à famosa boate, que fica tão perto da minha casa e tão longe do meu universo.
Pra quem lê isso de fora do Rio, a Baronneti fica numa praça em Ipanema (a Pça. N.Sra. da Paz) que sempre teve boates famosas. Nesta década de 00 (ou década de 100!?), é a vez da Baronneti. A playboyzada high society do Rio está sempre lá. Nesses tempos dos pitboys, ela vem sendo o principal canil. Sempre tem alguém latindo ou ladrando por lá. Se você vir uma notícia de briga em boate no Rio, quase certo de ter sido lá.
Eu nunca tinha ido na Baronneti, nem visto o Casuarina. Nem muito menos imaginado que um dia veria o Casuarina na Baronneti. Mas eu não era o único. Nenhum dos integrantes do Casuarina tinha estado lá. O garçon me disse que, em outros tempos, a casa fazia sambas aos domingos. Se ele disse, tá dito. O lugar é bacana.
- Queria saber quais são as primeiras impressões que vocês estão tendo da Baronneti? – perguntei para o grupo. A resposta foi um constrangimento momentâneo representado por risos. Eis que João Cavalcanti, vocalista e percussionista, manda: “Pô, o lugar é bonito. A decoração é maneira, o som é potente...”. O outro vocalista, Gabriel, atravessa: “O atendimento é bom”. João retoma: “É, a gente ainda não viu o publico...”
Não viu e não veria. O primeiro dos quatro domingos, que a banda ficará residente lá, foi um fracasso de público. Menos de 30 pessoas no salão. A casa, super sensível, deixou o “som de nááiti” rolando de fundo enquanto a banda desfilava muito bem a sua roda de samba. A cada intervalo de música, as (poucas) palmas eram ofuscadas pela marcação das bases dos db`s e hip hop's que rolavam no andar de cima.
O Casuarina demonstra muita reverência ao formato tradicional do samba. O grupo acredita que fazer algo novo não é preponderantemente importante: “Fazer algo novo não é a única preocupação de ninguém. Quando eu faço música, mais do que em ser novo, eu me preocupo em ser autêntico e verdadeiro com o que eu gosto: Não é que eu não goste de misturas, mas também é bem-vindo quem vem pra fazer o samba sem misturar, o samba como foi concebido”, diz João Cavalcanti.
O grupo se formou no TEPEM (Teoria e percepção musical) da UniRio, com pretexto de pesquisar o samba. O tempo passou e eles já estão mais soltos, mas esse viés faz com que a banda mantenha uma reverência às tradições. A ausência de baixo e bateria, compensada pela percussão e pelo violão de sete, somam-se a arranjos vocais com alguma traquinagem, mas dentro das lições dos bambas.
A presença de diversos cancioneiros do gênero transcorre com muita facilidade na mão do grupo. Desde Pixinguinha, que abre o show, até Jackson do Pandeiro, que fecha, eles vão passando por Zeca Pagodinho, Candeia, Almir Guineto, Sidney Muller, Fundo de Quintal, Nélson Cavaquinho, Dorival Caymmi, etc, etc, etc.. .
A platéia era pequena. De vez em quando aumentava um pouquinho quando alguns gatos pingados se dispunham a descer da pista do andar de cima. Depois de uns 15 minutos de apresentação, algumas sandalinhas começaram a fazer o tacundum na pista. Com discrição. Em alguns momentos, o público da casa sambava como se fizesse piada daquilo. Outros até curtiam. Em alguns momentos, o samba descamba prum pagode divertido, classudo. Algumas músicas próprias também já apareceram no setlist.
Tem o lance do artista ir aonde o povo está. Se pagar cachê então, povo é povo e vice-versa. Se a roda de samba do Casuarina vai pegar na Baronneti é um mistério, mas que é curioso é. A iniciativa é bacana dos dois lados: a boate tenta ampliar seu público e melhorar sua imagem. O Casuarina põe, mais uma vez, o pé fora da Lapa e estende sua comunicação. Todo mundo tende a ganhar. É aguardar pra ver. No meio do show, Gabriel avisa: “Pessoal, é um prazer estar aqui. Quem quiser, além dessa roda, nós estamos com a nossa roda também na Fundição Progresso toda terça-feira, nessa vai ter Lenine e Teresa Cristina. Quem puder, chega lá”. Ainda assim, mesmo diante de tantas condições adversas, o grupo foi respeitoso com o público e com a casa, fazendo uma apresentação competente, sem aproveitar nenhuma das milhares de zoadas que eles podiam ter dado, em várias situações, digamos, esquisitas.
Pra quem lê isso de fora do Rio, a Baronneti fica numa praça em Ipanema (a Pça. N.Sra. da Paz) que sempre teve boates famosas. Nesta década de 00 (ou década de 100!?), é a vez da Baronneti. A playboyzada high society do Rio está sempre lá. Nesses tempos dos pitboys, ela vem sendo o principal canil. Sempre tem alguém latindo ou ladrando por lá. Se você vir uma notícia de briga em boate no Rio, quase certo de ter sido lá.
Eu nunca tinha ido na Baronneti, nem visto o Casuarina. Nem muito menos imaginado que um dia veria o Casuarina na Baronneti. Mas eu não era o único. Nenhum dos integrantes do Casuarina tinha estado lá. O garçon me disse que, em outros tempos, a casa fazia sambas aos domingos. Se ele disse, tá dito. O lugar é bacana.
- Queria saber quais são as primeiras impressões que vocês estão tendo da Baronneti? – perguntei para o grupo. A resposta foi um constrangimento momentâneo representado por risos. Eis que João Cavalcanti, vocalista e percussionista, manda: “Pô, o lugar é bonito. A decoração é maneira, o som é potente...”. O outro vocalista, Gabriel, atravessa: “O atendimento é bom”. João retoma: “É, a gente ainda não viu o publico...”
Não viu e não veria. O primeiro dos quatro domingos, que a banda ficará residente lá, foi um fracasso de público. Menos de 30 pessoas no salão. A casa, super sensível, deixou o “som de nááiti” rolando de fundo enquanto a banda desfilava muito bem a sua roda de samba. A cada intervalo de música, as (poucas) palmas eram ofuscadas pela marcação das bases dos db`s e hip hop's que rolavam no andar de cima.
O Casuarina demonstra muita reverência ao formato tradicional do samba. O grupo acredita que fazer algo novo não é preponderantemente importante: “Fazer algo novo não é a única preocupação de ninguém. Quando eu faço música, mais do que em ser novo, eu me preocupo em ser autêntico e verdadeiro com o que eu gosto: Não é que eu não goste de misturas, mas também é bem-vindo quem vem pra fazer o samba sem misturar, o samba como foi concebido”, diz João Cavalcanti.
O grupo se formou no TEPEM (Teoria e percepção musical) da UniRio, com pretexto de pesquisar o samba. O tempo passou e eles já estão mais soltos, mas esse viés faz com que a banda mantenha uma reverência às tradições. A ausência de baixo e bateria, compensada pela percussão e pelo violão de sete, somam-se a arranjos vocais com alguma traquinagem, mas dentro das lições dos bambas.
A presença de diversos cancioneiros do gênero transcorre com muita facilidade na mão do grupo. Desde Pixinguinha, que abre o show, até Jackson do Pandeiro, que fecha, eles vão passando por Zeca Pagodinho, Candeia, Almir Guineto, Sidney Muller, Fundo de Quintal, Nélson Cavaquinho, Dorival Caymmi, etc, etc, etc.. .
A platéia era pequena. De vez em quando aumentava um pouquinho quando alguns gatos pingados se dispunham a descer da pista do andar de cima. Depois de uns 15 minutos de apresentação, algumas sandalinhas começaram a fazer o tacundum na pista. Com discrição. Em alguns momentos, o público da casa sambava como se fizesse piada daquilo. Outros até curtiam. Em alguns momentos, o samba descamba prum pagode divertido, classudo. Algumas músicas próprias também já apareceram no setlist.
Tem o lance do artista ir aonde o povo está. Se pagar cachê então, povo é povo e vice-versa. Se a roda de samba do Casuarina vai pegar na Baronneti é um mistério, mas que é curioso é. A iniciativa é bacana dos dois lados: a boate tenta ampliar seu público e melhorar sua imagem. O Casuarina põe, mais uma vez, o pé fora da Lapa e estende sua comunicação. Todo mundo tende a ganhar. É aguardar pra ver. No meio do show, Gabriel avisa: “Pessoal, é um prazer estar aqui. Quem quiser, além dessa roda, nós estamos com a nossa roda também na Fundição Progresso toda terça-feira, nessa vai ter Lenine e Teresa Cristina. Quem puder, chega lá”. Ainda assim, mesmo diante de tantas condições adversas, o grupo foi respeitoso com o público e com a casa, fazendo uma apresentação competente, sem aproveitar nenhuma das milhares de zoadas que eles podiam ter dado, em várias situações, digamos, esquisitas.
Em reta final de campeonato pontos-corridos, a lição é de que é importante garantir os pontos em casa e tentar ganhar fora. Semana que vem tem outra rodada. Pra banda e pra Baronneti.
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Vá lá que o público era pequeno, mas no final não teve porradaria. Incrível, né?!? Ponto pra Baronneti.
1 Opine:
"samba sem misturar, o samba como foi concebido"
tem alguma coisa totalmente fora de lugar nessa colocação, da parte que fala "samba se misturar" até "o samba como foi concebido".
excelente pauta.
abs,
bruno.
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