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Bernardo Mortimer
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Bruno Maia
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8.12.06

Ensaio sobre as perspectivas da música no século XXI

A notícia não chega a ser um choque, como dizem alguns por aí. Mas é suficientemente impactante pra gerar discussão. Prepare-se pois isso é, como o título diz, (a tentativa pretensiosa de fazer) um pequeno ensaio sobre o que vai ser a música no século XXI. É texto longo, sem ilustrações no meio, ok? Se estiver com pressa, melhor voltar depois. Mas volta mesmo, que vai ser legal.

Vamos lá então. Um pouco com atraso, mas com o tempo necessário para a reflexão que o tema merece. A partir de 2007, a MTV não exibirá mais videoclipes. Legal. Desde o último dia 5, estou pensando a respeito. Não quis tratar rapidamente disso, pois acho que há seriedade demais no assunto. O Bernardo já deu a palinha, o André Monnerat já fez um comentário muito pertinente. A MTV é o novo Youtube. Será? E aí, Bernardo? Inclui essa idéia no meu pensamento antes de sentar e tentar escrever a respeito.

É um absurdo a MTV parar de exibir videoclipes. Afinal, cadê a música? MUSIC é música até onde o meu inglês me permite. TELEVISON é televisão. MUSIC TELEVISION, oras!!! Se não tem clipe, vai ter música como?? Vai mudar de nome? A MTV já vinha numa linha descendente há algum tempo, agonizando, agonizando... até morrer agora.

Well... Not exactly. Ou você também é desses que acham que isso é a confirmação de uma morte anunciada? O parágrafo acima pode ser a explosão de qualquer um que se forjou musicalmente assistindo desde Thunderbird até Marina Person, passando, sobretudo, pelo Massari. A Marina Person foi a última VJ a entrar quando a emissora ainda tinha alguma relevância. Tudo bem. Vá lá que o “Piores Clipes do Mundo” foi um sopro com Marcos Mion e que o “Sinhá Boça” do Hermes e Renato é genial. Mas ainda estou falando da época em que a MTV tinha, e queria ter, relevância musical.

Só que mais do que a raiva da explosão de qualquer um que emita esse discurso, por trás da decisão da MTV há uma outra coisa muito mais séria: a afirmação de que o videoclipe é um formato morto. O videoclipe, como ele era conhecido morreu. E aí, não tem YouTube ou Revver que dêem jeito.

A MTV está certíssima na sua decisão e, com ela, mais uma vez, se coloca na vanguarda. A decisão de parar de passar videoclipes foi um golpe genial. Xeque-mate. Depois de anos de baboseiras, a emissora voltou a pensar a frente de todo mundo e deu um tchauzinho. “Fui”, ela parece dizer. Com o advento de ferramentas que dinamizaram a troca de vídeo e a produção destes, sobretudo em 2006, a MTV fez o que as gravadoras ainda não fizeram: viram que o seu produto já era e, rapidamente, sinalizam com a troca. Sem receios, corajosamente. As gravadoras ainda não se ligaram que o seu velho produto, o fonograma, já não tem mais valor e continuam tentando se manter num negócio que não existe mais. A MTV não. Ao assumir que não havia como competir com a evolução do mundo, mudou o rumo do barco e vai para outro lugar. Com o lançamento do Overdrive, ela se permite continuar com seu velho objeto, mas apenas no viés que ele ainda é rentável, no caso, via internet. Ela deixa um bracinho nos videoclipes, mas levanta vela, gira o mastro e se manda pra outro lugar.

Se o destino da MTV vai ser acertado ou não, só o tempo dirá. Mas é fato que o videoclipe está morto, pelo menos na forma como ele foi concebido. Depois do boom desse formato nas décadas de 80 e 90, os artistas começaram a se interessar cada vez mais por ele e a ver ali uma possibilidade de aumentar a comunicação com os fãs. Disso surgiu o investimento alto em clipes concentuais e tal. Com a evolução e barateamento do acesso à produção da linguagem audiovisual, muitos desses artistas começaram a trazê-la para ainda mais próximo do trabalho musical. A música eletrônica fincou o pé e anunciou a era dos VJs, cada vez mais presentes, inclusive nas bandas de rock. Vale lembrar que, no início da MTV Brasil, a emissora investiu cerca de 400 mil dólares, bancando 20 clipes de qualidade para artistas nacionais. O tempo democratizou tudo. Veio o DVD. Vieram artistas que souberam inovar com a possibilidade do DVD (atenção às datas!). As mudanças chegaram até o ponto de agora, quando tiraram o último bastião que mantinha o antigo formato da emissora: a transmissão e o selo de qualidade que ela representava no assunto “videoclipe”. Agora, perdeu playboy. Pra isso, o Youtube é a nova referência. O seu amigo é a sua maior referência. O MySpace é referência. Já tem louco achando que o sobremusica é referência... Brincadeira, esse último tem não...

(Abre janela) [[É isso mesmo: "O videoclipe não é tão televisivo quanto ele já foi. Apostar em clipe na TV é um atraso". Bernardo pode dizer melhor de quem é essa frase, mas ela é precisa, exata. Como um médico que diagnostica o câncer no momento que ainda pode ser tratado. A MTV não está mais morta. Pelo contrário, essa medida ressuscitou a emissora. Por mais que isso doa em quem queira dizer o contrário.]] (Fecha janela)

Vamos mais. Além de ter perdido tudo que lhe conferia status, o formato videoclipe mergulhou numa ladeira que ainda não chegou ao fim. Todas as referências estéticas desse início de século passam pela supremacia da agilidade à qualidade. Mais importante do que o vídeo em alta resolução é vê-lo antes de todo mundo. Isso, de certa forma, legitimou um certo amadorismo, que é saudável, para o gênero. Hoje, qualquer um pode criar um videoclipe genial, sem esforço. O vale-tudo tá aí. Mas esse vale-tudo é um pouco de nada-vale também. Minha namorada sempre se lembra de uma professora do primário que lhe dizia: “o que é de todos, parece não ser de ninguém”. Com videoclipe tá meio por aí.

Em algum outro momento eu escrevi aqui que o YouTube iria renovar a linguagem dos videoclipes, que já estavam começando a surgir os clipes com “cara-de-you-tube”. Não retiro o que disse, mas hoje em dia duvido um pouco mais que essa mudança estética vá acontecer a partir do referencial “YouTube”. O anúncio da MTV mostra que, não importa o formato em que se edita, filma ou monta, o conceito de videoclipe morreu.

E aí vem outro conceito, que é o da interatividade. Virou lugar comum dizer que hoje o consumidor quer interagir, participar. É verdade, sim. Tudo se encaminha pra isso. A passividade da tela não interessa mais a quem tem 13 anos e pode virar fã de uma banda que responde os seus e-mails ou que o guitarrista deixa um scrap pra você no Orkut. MTV for fuckin-what?!

Por fim, aquela frase do Chico Buarque de que a canção pode vir a ficar marcada como o formato consagrado da música no século XX e não mais que isso, ainda ressoa para mim. Mesmo considerando toda genialidade do rapaz, tenho lá minhas dúvidas até que ponto ele pensou sobre a profundidade dessa questão e sobre o leque de outras questões que ela abre. A música virou jingle. O Seu Jorge lançou “Sagatiba” dia desses. As empresas de telefonia são as maiores investidoras em eventos musicais no Brasil. O ringtone já é a principal fonte de receita para alguns artistas. Todo mundo pode produzir música. Cria-se o excesso e o limbo, onde o grão de ouro se perde em meio à terra batida. Alguns grãos sempre vão ser encontrados.

Faço a suposição de uma analogia entre o esvaziamento que as artes plásticas sofreram ao longo do século XX aos olhos do público e o que pode estar sendo o início de um processo para a música no século XXI. Não que as artes plásticas tenham perdido o seu valor intrínseco, mas o espaço para manifestação daquilo que era considerado especial (no sentido mais amplo que o termo pode assumir) cresceu e se ramificou. Desde as intervenções urbanas, passando pelos cartoons, chegando aos desenhos animados e ao grafismo de massa dos videogames, cortando caminho pela cultura do grafite, as pinturas a céu aberto e as obras coletivas. Tudo satura um pouco. Passa a ser natural. Todo mundo vê arte plástica o tempo todo. O jornal de todas as manhãs é arte plástica – no Brasil, principalmente depois das intervenções do gênio Amílcar de Castro nos anos 50. O metrô que se pega tem a logotipo, sinais pra todos os lados. O ônibus tem layout. Que família ainda manda alguém desenhar um brasão? O valor da arte, como um todo, me parece, se perdeu um pouco nessa banalização. Os grandes artistas plásticos (e aí incluo toda classe deles, desde escultores, até pintores, etc, etc, etc) eram financiados por mecenas e certamente não gostaram quando as técnicas começaram a se difundir e a lei de oferta e demanda chegou à seara deles. Hey boy, você quer ser músico mesmo se não for ter o carro do ano, se não for viajar por hotéis cinco estrelas e ser amado por uma infinidade de mulheres? Quer? É música ou é status? Criou-se um filtro de novo? Acho que as artes plásticas passaram por um processo parecido. Ainda não estou certo desse meu pensamento. Não tenho grandes conhecimentos, nem embasamentos teóricos para tal. É só uma impressão. Aceito questionamentos e topo mudar de opinião fácil fácil.

Acredito, sim, que com a música pode estar se iniciando um processo parecido com esse que supus para as artes plásticas de outrora. Hoje, há diferença de um jingle para um hit? Se ainda há, haverá sempre? O que a música eletrônica e seus minimals sub-graves querem ao transformar os sons em massa, em sensação física, manipulando o impacto direto que isso tem no corpo? Qual é o papel da música, se o Beck lançou o álbum infinito? É virar videogame? Posso remixar a sua? Posso fazer mash-ups? A música vai virar um jogo, um quebra-cabeça? O que é mais bacana: montar o quebra-cabeça ou contemplá-lo quando pronto?

A música é, cada vez mais, só uma grife. Um lugar. Uma idéia. Um sugestionamento. Por enquanto, o videoclipe morreu e isso faz parte do processo de se redimensionar do valor da música. Não ache que fui contraditório ao falar que o videoclipe morreu por enquanto. Náo. Ele vai voltar de alguma forma, renovado. Talvez com outro nome. A música não vai morrer. A evolução na vai parar. As novas linguagens vão sempre surgir, aperfeiçoando o que já se fez antes. A fusão sem volta da imagem com o áudio também não vai desaparecer, mas vai se renovar e incluir novos elementos na mistura.

Enquanto isso, a MTV larga na frente e deixa até os blogs sobre música (olha o trocadilho aí, gente!!!), ditos up-to-date, tentando especular e entender. Eles, da MTV, já estão lá na frente. Mas deixaram alguns buracos por aí pra serem ocupados. Quem pensar um pouco mais, pode sair na frente. O som não vai parar.

6 Opine:

At 18:32, Anonymous Anônimo said...

Bruno,

Li com atenção suas considerações ,que são muito interessantes.
Mas me parece que vc. não considerou algumas coisas importantes.

A MTV não faz parte da indústria da música ela faz parte da indústria da televisã0.

Como outras tantas mídias ela usa a música( é é usada por ela) como conteúdo, mas não faz parte da indústria que produz e vende música.

A MTV na verdade nasceu parasitando a indústria da música ( se alimentava dela) e como todo bom parasita , procurou um novo hospedeiro quando o parasitado ficou fraco.

O processo de abandono do formato "canal de vídeo-clipes musicais" pela MTV em todo mundo , já tem quase dez anos. O formato foi incrívelmente lucrativo num primeiro momento, mas acabou representando uma limitação ao crescimento da audiência do canal.

Explico. NInguém vê mais do que 4 ou 5 video-clipes de uma vez , isso significava que a audiência da MTV ( enquanto canal de vídeo-clipes) era sempre muito curta . Para aumentar a permanência da audiência no canal foram introduzidos os programas e a MTV faz tempo de "Music Television" virou "Teen Television" .

O flagrante descompasso entre o mercado de consumo jovem e uma indústria da música ocupada em explorar até os últimos centavoso moribundo formato "CD" ,acelerou a dissociação entre MTV e música.

Só quando a indústria da música como um todo se engajar efetivamente na exploração das possibilidades comerciais da música digital é que vamos ter uma idéia real de como vai ser o négócio da música no século XXI ... mas isso só depois do Natal de 2007... quando não se terá mais nada de substancial a perder..

valeu... e desculpe o comentário-mega..

 
At 12:38, Anonymous Anônimo said...

é isso ai, fazendo modinha para sair da modinha.
bom texto, parabens.

 
At 13:24, Blogger O Anão Corcunda said...

O comentário acima foi muito bem colocado. A televisão tem suas particularidades. A MTV sempre foi uma (re)produtora de vídeo, acima de tudo. O áudio, ou seja, a música, sempre ficou em segundo plano - o que não é necessariamente um problema.

O que foi bem assinalado é que a própria música veio perdendo espaço gradativamente até esse simbólico desaguar da suspensão dos videoclipes.

Música não é só música. A MTV fazia bem seu papel de explorar as conexões sociais da música com outros momentos da vida cotidiana dos sujeitos. O Teleguiado, por exemplo, explorava muito bem isso: a pessoa que atendia sempre dava um pequeno depoimento sobre o que ouvia, se aquele músico/grupo tinha clipe ou não na MTV... era muito bacana mesmo. Até o Piores Clipes do Mundo falava muito sobre música, dos figurinos dos artistas, etc. Tudo muito relacionado.

Mas aí a MTV virou Teen TV, por questões de audiência e, certamente, outras questões empresariais que nunca ficam muito claras para quem não acompanha tão de perto.

Só que o videoclipe não morreu. Sei que uma frase feita desse tipo é tentadora, mas ao mesmo tempo é um convite para ver a profecia dar errado. O videoclipe NA TV morreu, como você bem assinalou - e talvez nunca tenha lá vivido muito, o período histórico foi muito curto. Uma pergunta que faço: os DVDs de hoje em dia, esses shows gravados "ao vivo", são lá muito diferentes dos velhos videoclipes? Fora os que não são gravados "ao vivo"...

Acho que no teu texto tem um erro muito grave, que é quando você diz a seguinte frase: "Todas as referências estéticas desse início de século passam pela supremacia da agilidade à qualidade". Opa! Pára tudo! Todas quem, cara pálida? Você está identificando uma tendência hegemônica, mas, pelamordedeus, não a totalize, que o mundo ainda pode ter jeito. E tem muita gente boa que dá preferência à qualidade que a qualquer outra coisa - certo é que raros fazem parte do "mainstream" artístico.

Aí você segue com outras duas colocações, ao meu ver, também mal avaliadas: "Mais importante do que o vídeo em alta resolução é vê-lo antes de todo mundo". Isso depende muito do público... acho que, de novo, você tomou o hegemônico por total. É claro que dá pra entender, talvez seja um certo pessimismo da tua parte, mas não cai nada bem escrever dessa forma.

"Isso, de certa forma, legitimou um certo amadorismo, que é saudável, para o gênero". O "certo amadorismo", concordo, é bem saudável, na medida em que o acesso às tecnologias vai se universalizando. Mas... "Hoje, qualquer um pode criar um videoclipe genial, sem esforço." Aqui, pra mim, tá um ponto fundamental. Não deu para sacar se você tá usando uma ironia... mas o fato é que nenhum trabalho artístico de qualidade é feito sem esforço, seja ele um esforço direto na construção ou um esforço elaborativo que faz parte da experiência daquele sujeito (a velha história do Picasso que pintou um quadro em cinco minutos e, questionado, disse que levara a vida toda para pintá-lo).

Também não acho que tudo seja arte plástica, o jornal de todas as manhãs, o exemplo que você deu. Falando assim, você esvazia o conceito de arte, o que, ao meu ver, não é nem um pouco interessante. Se tudo é arte, então nada é arte, e ficamos todos esteréis. Certamente que é muito possível termos jornais sendo grandes obras de arte, aquele JB de décadas atrás. Ônibus tem layout, mas porra, layout não é sinônimo de arte plástica! Aí depois você escreve que o valor da arte se perdeu nessa banalização... como se você pusesse o carro na frente dos bois e ficasse reclamando que não anda.

Se os grandes artistas plásticos não gostaram de quando a lei da oferta e da procura chegou na área deles para acabar com o mecenato... bom, talvez seja legal entrevistá-los no sobremusica e perguntar diretamente :)

Essa questão da chegada do capitalismo às artes requer uma relativização que não pode nem ignorar o efeito deletério das torrentes mercantis, nem demonizar o advento do capitalismo como destruidor de todas as frentes estéticas que não se adaptam a ele. Sem deixar de considerar que os indivíduos muitas vezes tomam partido nessas histórias sem ter muita noção do que estão fazendo.

Considerações finais, sobre as suas perguntas: "Qual é o papel da música, se o Beck lançou o álbum infinito? É virar videogame? Posso remixar a sua? Posso fazer mash-ups? A música vai virar um jogo, um quebra-cabeça? O que é mais bacana: montar o quebra-cabeça ou contemplá-lo quando pronto?".

O Tom Zé, há um tempo atrás, lançou o Jogos de Armar, em que dispõe as músicas para as pessoas montarem um novo disco, a partir daquele. Ele fala que estamos na era da plagiocombinação - ou algum neologismo parecido.

Aí eu penso numa história do Tom Jobim, ouvindo Villa-Lobos ao lado de um amigo, e mostrando para esse amigo de onde tinha tirado a primeira parte do Samba de Uma Nota Só.

Com a universalização, ainda incipiente, das tecnologias digitais, tem algo de muito antigo que parece agora estar em destaque, mas não é que nunca tenha existido.

A minha percepção é que música sempre foi um jogo, sempre foi um quebra-cabeça. E todo quebra-cabeça é desmontável e remontável em formatos diferentes, assim como todo jogo pode ter suas regras mudadas de acordo com as inclinações e tendências dos jogadores. As obras de arte nunca tiveram dono - apesar de muitas vezes retidas em arcabouços distantes. Elas estão nas moléculas do ar, e os quebra-cabeças vão sendo (des)(re)montados no decurso da história.

Quanto a preferência entre montá-los ou contemplá-los, aí é questão de foro íntimo.

Desculpe o tamanho do comentário e as possíveis imprecisões ou enganos.

André

 
At 14:13, Blogger Bruno Maia said...

André,

Quanto ao “erro grave” aceito, parcialmente, a revisão. Concordo que nem todas as referências estéticas passam por tal supremacia, porém são essas as referências que estão sendo legitimadas em maior escala neste momento e que tendem a servir de referência para este momento histórico. Durante um movimento artístico histórico, os outros continuam acontecendo. Só que, de certa forma, os hegemônicos são identificados com aquele tempo pois representam o que a maior parte das pessoas estava vivendo, cientemente ou não. Quanto à minha frase “Mais importante do que o vídeo em alta resolução é vê-lo antes de todo mundo" não quero por um juízo de valor pessoal, mas sim uma observação dos valores que estão sendo disseminados neste momento. É hegemônico? É. E isso me parece mais relevante do que pra você. Definitivo? Não, mas certamente histórico.

Corcunda ainda diz sobre a minha leitura de artes plásticas “Falando assim, você esvazia o conceito de arte, o que, ao meu ver, não é nem um pouco interessante. Se tudo é arte, então nada é arte, e ficamos todos estéreis” . Exatamente! É isso que eu disse. Não estou esvaziando o conceito da arte, mas acredito que o conceito pode estar esvaziado, sim. Por que que layout não é sinônimo de artes plástica??? Ainda mais se parte dos artistas plástico contemporâneos trabalham e tiram seu sustento, em grande parte do seu tempo, no desenvolvimento de layouts, peças gráficas publicitárias e afins? Vamos entrar em discussões vazias valorativas sobre o que é ou nao arte... Nao eh por ai...


De qualquer forma, obrigado pela reflexao conjunta. Isso é bacana. Valeu!

 
At 14:26, Blogger Bruno Maia said...

Beni,

Concordo comn quase tudo que você disse. Quase.

Acho que a MTV faz, sim, parte da indústria da música, bem como da indústria da televisão. Esses conceitos não me parecem excludentes, sobretudo nos dias de hoje. A MTV não faz parte é da indústria fonográfica. Essa diferenciação é importantíssima e sempre a faço por aqui. Discordo da sua conceituação de indústria da música como sendo algo que, simplesmente, produz e vende música. Na indústria de alimentos, quem faz embalagens também faz parte da industria, ainda que ninguém coma a embalagem. Pelo menos teoricamente.

A MTV tanto faz parte da indústria da música que o seu sucesso mercadológico sempre esteve atrelado aos movimentos da indústria da música. As crises a afetavam e os booms a impulsionavam. Indústria da música, na minha concepção, é um conceito muito mais amplo do que vender música ou não. A universidade de música em São Leopoldo, capitaneada pelo Frank Jorge, pra mim é parte da indústria da música, bem como os luthiers, as empresas de iluminação de shows, os videomakers que cresceram ao redor da linguagem de videoclipe, etc, etc... Agentes que dependem desta matéria-prima direta ou indiretamente para desenvolver suas atividades e que, com essas mesmas atividades, inovam e transformam a matéria-prima. Todos os agentes economicamente ativos que se movem através da música e ajudam a mover direta e indiretamente fazem parte da indústria, na minha modesta opinião.

Mas de resto, concordo com você e acho que seu comentário incrementou as informações para a compreensão mais ampla dessa decisão da MTV. Espero que voltes sempre a comentar!

Grande abraço!
BM

 
At 14:28, Blogger Bruno Maia said...

Por fim, vamos combinar que aqui no sobremusica ninguém precisa pedir desculpa por escrever muito. A gente também escreve muito e adora quando quem nos lê se sente a vontade para fazer o mesmo...
Portanto, escrevam muito!!! hehehe!!!

abs!
BM

 

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