Foram três anos e qualquer coisa aqui no Blogspot, até que chegamos, enfim, ao nosso lar. O domínio SOBREMUSICA.COM.BR sempre foi nosso, dele éramos direcionados para cá, o smusica.blogspot.com ... A quem um dia nos incluiu no bookmark, pedimos que altere a url para a definitiva SOBREMUSICA.COM.BR. O rss também poderá ser alterado, o caminho está lá na casa nova. Convidamos a todos então para conhecer o novo lar. Limpe o pé no tapete da porta, e fique à vontade.
Sempre nos demos bem por aqui, sem problemas, nunca perdemos o arquivo inteiro... Nada disso. A propósito, obrigado Google, valeu pela hospitalidade. Mas a questão era mesmo de ter uma casa mais aprumada, ajeitada, com a cara que a gente sempre pretendeu que tivesse... A nossa total negação no que diz respeito às habilidades de programação e webdesign adiaram durante todo esse tempo algo que já prometemos inúmeras vezes.
Pois bem, a mudança veio. Tá fodão! Um obrigado ao amigo André, que deu o pontapé inicial no primeiro desenho de leiaute. E palmas para o "arquiteto" Gabriel Lupi, que pegou dali, mexeu e mexeu, e levou adiante até o que está. Vamo que vamo!
Conversava ontem com camarada Matias sobre o show de João Gilberto em São Paulo. Nessa semana em que, frustradamente, tentei comprar ingressos para ver um dos meus heróis tocar no Rio, dizia eu que João e Paul McCartney são os dois shows que mais me faltam no suposto ‘currículo’ musical que cada um cria para si. Como os heróis também ficam encantados algum dia, cada chance que se perde dá um receio egoísta de que talvez não haja uma nova. Caymmi nunca esteve na minha lista.
Isso simplesmente porque só pude compreender (ou mesmo conhecer da forma devida) sua obra já no meu último quinto de vida e ele já não se apresentava mais. Nunca alimentei essa ilusão, nem tampouco o incluí nessa lista. Se a paixão fulminante e rock’n roll adolescente por alguns heróis se cristaliza em nostalgia, como um refúgio de anos dourados na parede do quarto, o encontro com mestres como Caymmi se põe num lugar acima disso. Muito acima disso. Caymmi te acompanha no que se vive, te aponta para o que você viveu e te fez ser quem é e te deixa tranqüilo por saber que estará contigo pelo resto dos dias.
Para alguém que cresceu tendo Salvador como o refúgio das doces férias escolares, que nunca viu a Bahia como um paraíso de carnaval adolescente, mas sim como a terra onde se corria descalço, onde se subia na árvore para pegar goiaba, onde se catava manga no chão ainda antes do café-da-manhã, onde se comia serigüela e caranguejo, onde a baiana fritava bolinho de estudante ao lado do Iguatemi na volta da praia, onde a vó era a maior referência, o encantamento de Caymmi é profundamente incômodo. Entender Caymmi depois de adulto foi um encontro comigo mesmo, tão profundo como só a arte, quando toma real sentido, pode ter. Pesado, denso e leve. Tão intenso e fugaz que se torna eterno. Mesmo não tendo o conhecido, mesmo não sendo da família. Mesmo nunca tendo alimentado a esperança de conhecê-lo e reverenciá-lo. Para mim, Caymmi já nasceu lenda.
Nessa semana em que não consegui comprar os ingressos para ver João, a perda de Caymmi, como se não bastasse por si só, ainda incomoda mais. A ilusão de dividir o mesmo espaço e tempo com seus heróis são um doce ópio, que adornam nossa toada por aqui. A estranha saudade que a perda deles nos deixam só pode ser explicada pelo fato de que eles levam um pedaço nosso consigo. Levam nossas intimidades, inseguranças e delirios naquilo que cantaram e a nós resta seguir, sem a proteção inconsciente que a existência dos heróis nos dá.
Momo entra em cena e a camiseta verde que veste dá o tom do contraste com o Momo dos shows de figurino de A Estética do Rabisco, o primeiro disco do projeto folk de Marcelo Frota. Fora a diferença com a elegância sambeira do Fino Coletivo, onde também atua Marcelo. Como segundo disco que é, Buscador reafirma a personalidade de um artista exposto e em briga para achar-se correspondido. Mas também mostra que o caminho é caminhado e pra frente é que se vai. Aqui, Momo é menos radical na busca de uma dor que ainda é o grande alimento da sua arte. Mas se no primeiro disco, ele estava atormentado e ia fundo na psicodelia das frases de caixinha de música no teclado casiotone, agora não. Se o primeiro era químico, este é natural. A tristeza não é mais um oponente assombroso, mas uma condição para a beleza. O som tem a mesma identidade, ao vivo ou gravado. É conduzido pela craviola e pela bateria caixa-bumbo-caixa-bumbo simples e atenta para um contra-tempo solto aqui ou uma virada tom-e-surdo ali. A guitarra reforça, até mais agora, o aspecto etéreo lado a lado com o casiotone. A minha Andréa citou o Air como referência de timbre para a guitarra, e é por aí, sim. Ao vivo, a guitarra ainda tem o papel de virar o ritmo da apresentação e subir o volume e o ruído, para logo depois voltar ao andamento sempre pra trás dos sonhos e rodeios. O teclado perdeu momentos solo para se integrar mais, saiu de um universo de infância para ser um elemento de banda. Há também algo de Jovem Guarda, via o caminho torto de um deslocado jovem Fagner que tem rodado nos ouvidos de Marcelo, principalmente quando o show já vai pela segunda metade e as paisagens de timbres abrem espaço para as canções e os papapás. Momo/Marcelo deixa a voz se equilibrar e quase sair, quase cair, quase voltar, e voltar. Não é um som de certezas, a não ser pela marcha que a bateria imprime. Certeza não, insistência sim. É quando o despertar do tal sol em manhã de vento da capa de Buscador contagia o público e extrapola o palco (e a cabeça) de Momo. É quando chega a hora do refrão ‘Como é lindo o nosso amor’ de Bonita – a música que certamente mais representa a carta de intenções dessa nova fase criativa. Dor sim, tristeza também, mas tudo agora muito mais natural.
Mais uma junção de cabeças bacanas se apresenta em forma de blog. Os nossos camaradas Bruno Natal (URBe) e Alexandre Matias (Trabalhosujo) se juntam com mais dois relevantes blogs (Mau Humor - Arnaldo Branco e Conector - Gustavo Mini) para lançar OEsquema. Atualiza o seu bookmark aí.
Vida longa na (bela) nova casa dos amigos!!!
******************** E esses ares de mudança estão soprando forte... Repara só...
Nesses tempos em que o lançamento de disco foram substituídos por uploads de lançamento, Marcelo Frota lança o novo álbum do projeto Momo, seu trabalho solo. Cinematheque hoje à noite. Aliás, como o Bernardo já avisou por aqui, tá lá no TramaVirtual!
'O Digitaldubs começou em 2001, quando a cultura sound system ainda era rara, senão nula no Rio de Janeiro. A festa na Casa da Matriz foi um divisor de águas para movimentar a cena, criar o ponto de encontro. Méritos para o Daniel K, Leo Feijó e sua trupe, que apostaram na idéia – que quase todo esse tempo teve produção de Joca Vidal. 'Mas, apesar de homônimo, o Digitaldubs (e não "a Digital", como muita gente vem falar comigo) é um sound system com mil e uma funções, além de ser uma festa. No Largo do Machado funciona o Muzambinho, nosso estúdio, onde é feita a maioria das gravações e a produção dos nossos discos e de artistas agregados (como Ras Bernardo) ; temos o selo independente Muzamba; distribuímos vinis de artistas estrangeiros; produzidos shows e turnês nossas e de outros artistas; e ainda temos muitas idéias! 'O fim da festa veio abrir um espaço para este "outro" lado do Digitaldubs. Em setembro, chega o "Funk Milk Riddim", nosso terceiro disco (em cd, vinil e mp3), que vai ser lançado com shows em várias cidades do país; seguimos pelo segundo ano com a "Aula Reggae", projeto da Ciranda de Espetáculos em escolas públicas; e também uma turnê no exterior. 'O sound system segue a todo vapor. Como diria MPC, nosso tempo de Matriz foi muito bom, super importante para a evolução do Digitaldubs e de vários DJs, MCs e cantores que participaram da festa. Ajudou a mostrar uma realidade muito mais abrangente do reggae na cidade, e gerando ecos desse trabalho em novos sound systems que apareceram no Rio e no Brasil. 'A festa do dia 13 - a última! - marca toda essa fase positiva. Então é também uma celebração - apesar da pontinha de tristeza de perdemos esse contato direto com o público, e o nosso encontro semanal de amigos, tão divertido. Na próxima quarta, teremos a participação da turma toda: Nabby Clifford, do Ras, Jeru Banto, Lápide, Victor Binghi-I, Sista Wolf, Biguli... Vai ter uma exposição enorme de fotos, flyers e outras coisinhas com os melhores momentos. 'E a galera mais próxima tá querendo curtir até o último segundo e de repente ainda fazer um after! Eu mesma já comprei 4 garrafas de champagne (apesar de não beber). O meu clima para a derradeira noite de Matriz é (o reggae que me desculpe, mas vou puxar um funk): "pode passar o rodo e me mandar embora, que eu vou ficar dançando lá do lado de fora!". Jah bless you all'. Dominique Valansi, produtora da e do Digital Dubs
'A festa do Digital teve início num bate-papo informal entre eu e Leo Feijó [dono da Casa da Matriz]. Ele deu a idéia da festa, ofereceu a casa e perguntou se não queria produzir. Aceitei na hora por que já fazia algumas paradas com a galera do Digital. Primeira edição contou com o finado Quinto Andar, tava meio vazia, mas foi classe. Depois disso a festa degringolou: vários gringos abraçaram o dub, uma cabeçada migrou da decadente cena do rap carioca, outros da cena reggae io-iô. O dub entrou em questão, foi capa de jornais e revistas, virou meio modinha. Muitas bandas surgiram na cola, muitos MCs apareceram. DJs fizeram carreira. O Rio (quiçá o Brasil) nunca tinha visto nada igual: produções inteligentes e exclusivas tomavam conta da pista. Soundclashes pipocavam... era a boa de quarta! Mesmo com futebol. A pista 2 foi celeiro dos mais variados artistas nacionais e internacionais e Nepal foi o escolhido para comandar a pista. Era chegar e ser feliz. Minha carreira como produtor e DJ deslanchou. Fomos para o Odisséia, Casarão dos Arcos... O Digital foi muito pra São Paulo, Brasilia.... Neguinho de outras cidades ficava de cara. Veio 1, 2 discos do Digital. Filme, clip... Até que tomei um outro rumo e no meio de 2007 deixei tudo na maior responsável por isso: Dominique Valansi - que, com sua simpatia e tesão em fazer acontecer levou tudo nas costas, na raça. Era de se esperar que uma festa de "reggae" no Rio não durasse tanto. Os tempos eram outros, a novidade não era mais nova, o buteco da esquina não lucrava mais. Hora de dar um tempo, por cima. Mas as lembranças dali continuam fortes como os sub graves. Que Jah os abençoe. Que Jah abençoe a música jamaicana e brasileira. Que Ele nos abençoe...'! Joca Vidal, primeiro produtor da festa
Entrevista: Fabrício Ofuji, produtor do Móveis Coloniais de Acaju
A Concepção de Grupo
O grande momento de uma banda, hoje, pode muito bem passar pelas mesmas realizações de outros tempos, sem o fator grande gravadora. Mas só isso, repetir grandes momentos sem apoio, não satisfaz um apetite de um time de futebol com reservas e comissão técnica em cima do palco. Há de se ter idéias, e botá-las para funcioanr. E o Móveis acabou de fechar o nono Móveis Convida, uma evento de história com poucos precedentes no Brasil. Vão para a Europa, agora na sequência. E ainda tem um Álbum Virtual pronto para disparar no sistema de dowload pago pelo patrocinador. Fora isso, comemoram dez anos de trajetória com uma estrutura cada vez maior, com mais nomes, e que só aumenta por causa de planejamento, perseverança, e organização. Pequenas empresas, grandes negócios? Até parece, mas no palco quem já viu que passa por bagunça, improviso e principalmente muito entrosamento. Daí o papel de Fabrício Ofuji, o produtor do Móveis, amigo, e praticamente embaixador da banda. Sem ele, a história seria diferente.
sm: Me lembro de conversar com o Esdras [saxofonista da banda] há uns dois anos e ele já dizia que o próximo plano do Móveis era fazer turnê pela Europa. Acho que na época ia rolar, ou tinha rolado, a primeira viagem de vocês pro nordeste: quer dizer, viajar pelo Brasil já era uma realidade, e uma rotina. Como foi esse planejamento pra estruturar um vôo tão alto sendo uma banda praticamente autônoma? Qual o papel do financiamento público pra isso? FO: Trabalhamos para a realização de várias metas e sonhos... e o exterior era um deles. Mas, para dar esse passo, era preciso algum convite importante de lá - mais ou menos como no Brasil, quando tenta-se uma entrada em grande festival em outra cidade, esperávamos uma oportunidade em um grande evento internacional. O convite surgiu por parte do Pukkelpop. Dois de seus organizadores estiveram no Brasil ano passado - um durante o Abril Pro Rock e outro no Goiânia Noise Festival, onde nos conheceram. A partir do convite, começamos a caçar outras oportunidades... contamos com ajuda de parceiros, conhecidos e o a dedicação de uma produtora na Espanha, a Mariana Soares. Para viabilizar financeiramente essa primeira etapa na Europa, conseguimos apoio do Ministério da Cultura, por meio do edital de intercâmbio cultural. Assim como no Brasil, os produtores europeus se assustam com a idéia de uma banda com tantos integrantes... mas, como tentamos provar que isso é viável e interessante, faremos o mesmo por lá!
sm: Falar de banda brasileira independente fora do Brasil é necessariamente tocar no assunto Cansei de Ser Sexy. Como eles, vocês não são o que um gringo espera de um som brasileiro, mas ao contrário deles, vocês não cantam em inglês, e não fazem um som que se relacione tão diretamente com "modas" européias como o electro e a mistura de eletrônico com rock. O que tá passando pela cabeça de vocês enquanto vocês não entram no avião? FO: Temos uma boa experiência com público estrangeiro no Brasil... por exemplo, mantemos contato com uma alemã que conheceu a banda no RecBeat. Tornou-se fã e acompanhará nossos shows na Alemanha. Talvez o som não seja necessariamente de acordo com aquela expectativa de som brasileiro, mas dialogamos com vários desses elementos. Além da festividade no palco, podemos citar sabores de samba, além de sons dos bálcãs - ritmo em alta (vide Balcan BeatBox, Gogol Bordello...). Vamos levar essa energia dos shows daqui - todo mundo está muito animado e concentrado para essa viagem - e garantir diversão para todo mundo.
sm: Sobre o caminho que o CSS abriu lá fora e o fato do Móveis ter diferenças e semelhanças com a banda, eu queria saber mais sobre as negociações pra vocês viajarem. O que rolou de papo, de expectativa, de resposta dos contratantes, etc.? Você percebe uma receptividade diferente, hoje, para bandas brasileiras? FO: A aceitação de estrangeiros que assistiram à banda no Brasil tem sido boa. Seja por público ou produtores... enquanto apresentação, espetáculo, os contratantes têm gostado bastante. Temos utilizado um vídeo de divulgação, com legendas em inglês. O problema, como no Brasil, é a resistência a uma banda com tantos integrantes. Um dos desafios, nessa viagem, é demonstrar aos agentes europeus que a banda é viável e vale a pena! Além do Pukkelpop, que teve organizadores que viram a banda ao vivo, teremos outros eventos cuja temática facilita nossa entrada. Caso do Sommerwerft Theater Festival, uma espécie de Rio Cena Contemporânea em Frankfurt... celebração de teatro e música! Para o Flutlicht Festival, o tema é o futebol! Nada mais interessante para eles que contarem com uma banda brasileira! Quem sabe a gente não jogue umas partidas por lá também... Em termos de contextualização, a vinda do Moptop ao Móveis Convida foi determinada numa pelada no interior de Goiás... eles viriam em caso de vitória, eu e o Esdras deixamos eles ganharem pra virem numa boa (risos!!). Mas, por outro lado, ainda não acredito que haja um olhar mais atento à música brasileira... mas estamos trabalhando pra que isso aconteça. Bandas, associações como a BM&A e Abrafin também estão nessa...
sm: E essa negociação com a Trama, como foi? O que vocês esperam da experiência de lançar o segundo disco pelo Álbum Virtual? FO: Sempre tivemos em contato com o pessoal de lá... João Marcello e, principalmente, os responsáveis pelo TramaVirtual. Sabemos que existem diversos desafios para se lançar um disco. Eles demonstraram interesse em lançar a banda, conversamos e chegamos a uma bela parceria. O album virtual é uma forma de garantir qualidade ao material lançado e ofertado na rede. Não há como fugir das músicas para download, seja por oferta nossa ou cópias por terceiros... e, o mais interessante, é que isso não exclui um bom material físico.
sm: O Móveis tem uma coisa muito legal que em um certo sentido tem a ver com as necessidades de mudança no cenário pós-Napster da música, com mais espaço pra bandas independentes e médias, menos força pras gravadoras e muito mais interesse por música. Essa coisa legal é você, essa figura do produtor que não está só nos bastidores, mas que é um integrante mesmo da banda, sempre viajando junto, saindo em fotos, no site, participando do blog/fotolog da banda, etc. Queria que você falasse um pouco disso, a partir do seu olhar de dentro do processo, pode ser? FO: Temos reforçado sempre a concepção de grupo... e, cada vez mais, a idéia é integrar cada um em todas as etapas da banda - da produção à composição, todos contribuem e trabalham para a banda. E, se há espaços onde eu possa contribuir e seja positivo para a banda, viabilizaremos isso. E o mesmo acontece para participação do Tom, Bola, Henrique, Marcelo, Frango, Luisa, Diego, Mel, Valmir, Samuca... e todos aqueles que dão suporte ao Móveis - inclusive (e principalmente) o público que apóia. Acho que essas pessoas estão tão incluídas no processo quanto nós, por parte da banda.
sm: Você falou em todos participarem da composição à produção: tem algum sinal aí de que você pode assumir um pedaço das letras do Móveis, ou foi impressão minha? E outra: quem são Tom, Bola, Henrique, Marcelo, Frango, Luisa, Diego, Mel, Valmir, Samuca...? Não digo que participarei, mas que há a abertura. Houve, em alguma música, a participação por palpites. Todas essas pessoas formam a equipe do Móveis! De engenheiros de som a motorista...
sm: Ainda nesse assunto, queria saber mais da estratégia do Móveis de entrar no circuito de festivais do Brasil, de se aproximar de bandas com afinidades pra trocar oportunidades de shows, e especificamente do crescimento do Móveis Convida (explicando o que é isso, se possível). FO: Somos um grupo interessado em divulgar nosso trabalho, sobretudo por meio de shows. E os festivais são espaços para isso... onde encontramos público interessado em bons shows, bandas com a mesma motivação e formadores de opinião idem. Sabemos da importância dos festivais, tanto que criamos o nosso próprio, o Móveis Convida. Como você bem sabe, Bernardo, surgimos de uma forma modesta e hoje estamos alcançando etapas maiores. Sempre com o objetivo de fortalecer a música em Brasília, promover o intercâmbio musical e trazer grupos interessantes para o público local, chegamos à nona edição com um formato inédito (três dias em um espaço cultural, com shows em teatro e palco externo a ele). E novos formatos podem surgir... temos uma flexibilidade para formatar o evento e tentar atender a todos os tipos de público. No teatro, podemos não alcançar aqueles mais interessados numa grande balada... mas permitimos maior qualidade musical, por exemplo. Este ano chegaremos à décima edição (que, inclusive celebrará 10 anos de Móveis). Do início até agora, reunimos bandas interessantes como Coiffeur (ARG) e Rádio de Outono (PE), o último show do Los Hermanos em Brasília (nov/2006), Pato Fu com participação dos sopros do Móveis, a primeira apresentação do Teatro Mágico em Brasília para um público superior a 20 mil pessoas! Várias bandas tiveram um crescimento a partir do evento, como o Lafusa e Gilbertos Come Bacon. Contribuímos para encorajar outros grupos na produção de eventos... surgiram, em Brasília, o Lesto Convoca (a banda Lesto, por exemplo, trouxe Dead Fish), Lafusicando (Lafusa já trouxe Manacá e Do Amor) e Etno Mistura (Etno lançou cd, com show da Nação Zumbi)... E a idéia é continuar aprendendo e aprimorando o evento. Já estamos de olho no Pukkelpop... a estrutura deles é muito interessante (afinal, como administrar atrações divididas e oito palcos? A organização precisa ser muito boa...). Queremos dar a maior visibilidade a nossos convidados, a melhor qualidade de som e o espaço mais agradável possível para que as pessoas possam prestigiar o Móveis e apreciar os convidados. Por isso, mantemos um número limitado de bandas por dia - sempre com a premissa de garantir passagens de som e a não exaustão do público.
sm: E a pergunta inevitável: o que vem por aí nesse segundo disco? FO: Móveis Coloniais de Acaju! De repente, essa pergunta seja melhor respondida coletivamente... com ajuda dos demais Móveis e do Miranda, que está trabalhando conosco neste disco. Mas o disco terá músicas que estão sendo aproveitadas nos novos shows e acumula a vivência desses anos mais juntos...
Há uns dois anos, eu refleti aqui sobre o que diferencia um mash up de uma releitura do ponto de vista da apropriação, da assinatura. E aí eu dei com essa pequena maravilha que é o Gnarls Barkley juntando Motown com Oxford, pandeirola com Jonny Greenwood, tormento com quadris, solidão com chegação, branco com preto e dá nisso aí.
Politicamente e até socialmente, as favelas brasileiras não são iguais às banlieues francesas. Excluídos aqui e ali, sim, mas de histórias e origens distintas, organizações e até problemas diferentes. Em Paris e arredores, o bicho pega e queima carros com um fogo de colonialismos, nacionalismos, religiões e imigrações de cores e bandeiras que não vão parar de faiscar. Aqui, o bicho pega em um elo fraco-forte da cadeia internacional de comércio de armas e drogas, e se alimenta de corrupção na polícia, nas administrações municipais e estaduais, tudo sustentado por uma pobreza secular. Mas, enfim, o que importa é notar como a favela daqui, vista de longe, vira símbolo de identidade e resistência do gueto, do rejeitado, do marginal. Nesse videoclipe de Rim'K, provavelmente via Cidade de Deus, Tropa de Elite ou Rio Baile Funk - Favela Booty Beats, o rapper francês junta as diversas banlieues da França e cria uma ponte com uma idéia de favela que é só mesmo um sentimento de protesto, uma marca, uma palavra de ordem pra dizer que - lógico - estão todos no mesmo barco de exclusão. Ou seja, favela é marca, é pop - mesmo que ainda no hip hop alternativo francês. E, por enquanto, por mais que eu goste da música, ainda é pra gringo ver e dançar.
Mais um blog da pesada entra no circuito. A chegada do MPB Player, escrito pelos craques Rodrigo Pinto e Leonardo Lichote, é um regozijo para quem curte ler sobre música (sem trocadilhos, ok? rsrs). São dois dos melhores jornalistas desta área no Rio de Janeiro. Caras jovens, de idéias e percepções interessantes, que lançam uma casa em conjunto dentro do portal do jornal O Globo, para o qual ambos trabalham.
Não é porque tem um textinho gentil sobre o "Sistema Lapa de Samba" em destaque nesse momento por lá, mas é de se desejar vida longuíssima a esta empreitada dos dois. Saravá!!!
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Aliás, fica aí o convite para a visitação do blog do Sistema Lapa de Samba. Atualmente, tenho feito um clipping das matérias que saem por aí sobre o filme. Tá sendo bem bacana!
Já falei aqui sobre o documentário que estou filmando desde dezembro, que a grosso modo trata da história recente do bairro da Lapa e sua relação com o renascimento cultural do samba. Este projeto tem levado grande parte do meu tempo neste ano e, enfim, eis aqui o primeiro corte promocional do filme, feito para ajudar na captação de recursos do projeto. Ainda não é um trailer, mas já dá pra ter uma idéia do que vem por aí, ano que vem.
O site oficial está no ar, em www.sistemalapadesamba.com.br ou www.lapasambasystem.com (em inglês). Neles, há versões com legendas em inglês, espanhol, francês e alemão e a opção de download em formatos diferentes, inclusive para celular e iPod. O nosso blog de produção também migrou para lá.
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Esta é a primeira das nossas novidades, que, em breve, vão deixar mais claro porque o site vem andando mais devagar nos últimos meses. Vale a pena esperar! Rapadura é doce, mas não é mole não...
Depois do post sobre os destinos dos hermanos, o gente finíssima Alex Werner, manda por e-mail alguns updates. São eles:
:: O Myspace do Little Joy, projeto de Rodrigo Amarante e Fabrizio Moretti (The Strokes) já está no ar, só não tem música ainda.
:: Marcelo Camelo e sua turma em estúdio...
- Nilson primitivo, William Jr, Bodão, Alberto Continentino, Pepe Cisneros, Domenico Lancelotti, Marcelo Camelo e Gustavo Benjão
- Marcelo Camelo e Clara Sverner
- Marcelo Camelo e Hurtmold crew
E da caixa de mensagens da não menos gente-fina Bebel Prates, chega o aviso de que dia 28 de agosto, o tal DVD Los Hermanos - Multishow Registro será exibido no canal. No dia seguinte, o CD e DVD chegam às lojas. Tá dito, então.
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Especulaçãozinha de segunda: cumprindo esse CD/DVD, o Los Hermanos encerra seu contrato com a Sony/BMG ???
Sem falar na Natalie Portman - óbvio –, uma questão muito rápida me veio a mente assistindo o clipe de Carmensita, do Devendra, que é o tal do BRIC. Brasil, Rússia, Índia e China. O bloco dos quarto países emergentes que mais pressão pode exercer na economia e na política mundial, já vem percebendo que além da inserção nas discussões políticas, há um novo momento de aproximação (e por vezes de apropriação) cultural que os envolve. Ok,CSS não é uma banda brasileira, vai dizer. Ou que os clichés do samba do Snoop Dogg, das praias do Black Eyed Peas, da Bossa Nova do Sergio Mendes e do tropicalismo do Caetano Mutantes não são novidades, nem vem de agora. Mas a busca das referências culturais pela “matriz” são e sempre foram uma forma efetiva de se medir a importância política e influência de determinado país no cenário mundial. A Disney tá aí pra não me deixar mentir.
Mas vamos ao clipe do Devendra que me fez pensar essas bobagens. Engraçadinho, mas nada demais...
Bollywood é a referência que já vem virando cliché tanto quanto a praia de Copacabana. Aliás, essa indústria indiana, que também está tendo uma série de mostras pelo Brasil desde o ano passado, já andou flertando com nossas terras recentemente. O filme Dhoom:2 teve cenas rodadas por aqui.
Vá lá, o Devendra já é chegado numa esquisitice-terceiro-mundista, não contaria muito para essa questão que levanto aqui. Mas conta sim, até porque muito do valor que ele traz consigo vem de a rapaziada do G8 precisar achar que se relaciona com o resto do mundo e ver nele alguém que os representa nesse papel. Mas ok, vamos considerar que nesse caso trata-se apenas da aproximação estética. E aí vem show do Ja Rule na Rocinha também… Aquele papo, né… gueto, periferia, vencer o sistema, ser exemplo e shake ya ass, babies! Para o hip hop norte-americano que Ja Rule representa, o discurso é totalmente desvinculado de qualquer assunto que esteja além de sexo e ostentação de poder. Melhor ainda só se uma coisa estiver vinculada a outra. E aí vem a apropriação. Apropriação do discurso, do cenário, da miséria enquanto style. Veja como ele grita "Rocinha favela" enquanto algumas câmeras de alta resolução registram as popuzudas brazucas se amontoam em cima dele, poderosão...
Não há nenhum tom de queixa nisso tudo aí que cito não. É só uma observação mesmo, uma questão que já vimos acontecer nos anos 40 e que está renascendo agora com suas novas caras. Nesse momento, entre os integrantes do BRIC, são as culturas brasileira e indiana despertam mais interesse, apesar das Olimpiadas de Pequim e da pasteurização dos símbolos do comunismo soviético, sobretudo na Europa Ocidental.
Há que se ficar atento. Pode ser uma grande roubada ou uma oportunidade.
**************************** Eu sei. Você sabe. Mas ainda assim é bizarro: o Devendra pega a Natalie Portman.
Noite de uma sexta-feira, fui entregar uma estante de microfone esquecida da festa que ainda ecoa pelo sobremusica, e dou de cara com o Foccacia em pleno processo criativo. Ou seja, Alexandre Basa e Bernardo Palmeira, conexão Rio-SP. Ou, por outras, uma cozinha de Charles Mingus, um piano de Alice Coltrane, e um bom dia de Norah Jones, com a devida interferência de um laptop frenético. O sax, ironicamente, eu não sei de onde veio. Entre e ouça.
Então, o Marcelo Camelo não só chamou a Mallu para gravar no seu disco, como anunciou sua primeira aguardada e promi$$ora turnê solo para os próximos meses. Apesar disso, ninguém ainda falou de data pro lançamento do disco. Bem, mas será que isso importa?
O que também não importa muito são as especulações em torno do trabalho de Rodrigo Amarante com os caras do Strokes. Muito se fala que ele estaria preparando algo junto com o batera Fabrizio Moretti, mas o que se viu até agora de fato foi essa foto aí embaixo deixada no Myspace do rapaz...
É rapaz, o garotão aí é outro Stroke, o guitarra Nick Valensi. Ao baixar a foto descobre-se que o nome do arquivo é "Xmas1". Veja você que o natal do rapaz parece ter sido divertido... Repare que Nick já foi apresentado a uma das maiores invenções dos Los Hermanos, a tal da barba.
E também nesse momento de diz-que-me-diz, o Multishow também solta essa chamada, anunciando o que parece ser o próximo DVD da banda em recesso mais cultuada do país. É o único lançamento, de fato, anunciado.
Este, que será o segundo DVD dos Hermanos, foi gravado nos shows de 'despedida' que os caras fizeram ano passado, na Fundição Progresso. Curioso imaginar o resultado. Quem esteve lá sabe que havia poucas câmeras registrando o evento e à época a hipótese do lançamento de um DVD parecia descartada nas conversas informais... Mas como eles mesmo diziam, o tempo vai dizer.
Festa SM 3 Anos :: Marcelo Frota, Marcelo Callado, Vitor Araújo e Dom Ângelo - "Nasci para chorar"
O Bernardo andou falando do novo álbum solo do Marcelo Frota, em seu projeto Momo. O cara também foi um dos amigos a dar as cartas na festa do mês passado... É muita coisa, aos poucos vamos completando essa lista generosa!!!
Junto com Marcelo Callado na bateria, Vitor Araújo (o nosso Frank Aguiar, cãozinho dos teclados!!!) e Dom Ângelo na guitarra e elegância, Momo destilou um Fagner, que o Callado disse ser do Rei Roberto... Não importa muito, vai... Curte aê!
Vai rolar o Momo em breve, rolou o Tom Zé, e tá aí o Macaco Bong. Chega lá. Que fez um dos melhores shows do último Humaitá Pra Peixe, surpreendentemente para o mesmo público que foi assistir Jay Vaquer. Mais uma banda de Cuiabá que chega cheia de coragem de sair do nhenhenhém.
E pensar que há quatro anos era eu que me formava no tal do Jornalismo. Quando se fala em college rock, a primeira banda que vem à mente é mesmo o REM, sem chance. Hoje, tenho pelo menos uns três textos engatilhados na mente, todos com alguma relação com o samba universitário de uma certa banda "que inventou a barba". Mas antes dos textos, a obrigação é acabar de decupar/trascrever uma entrevista da série "músicos" que eu e o Bruno decidimos que seria uma das marcas do sobremusica. Vou te dizer que além de gigante, além de universitária, e além de samba barbado, a entrevista tá foda. Mas ainda precisa de trabalho em cima, qualquer hora sai. Hoje, por exemplo, eu ia ver o Sany Pitbull com o Synteko na Pista 3, e desisti pra ficar na frente do computador dando play e pause no gravador. Tudo indica que vai valer a pena. Mas a história de college rock é só porque hoje, no dia do aniversário dele, o meu irmão pega o mesmo diploma de jornalismo que eu. Parabéns. Mas bem-vindo à vida dura. À vida louca. À vida boa. À vida. Faça o que quiser, esteja onde estiver. Aguarde...