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30.7.05

Los Hermanos 4 (3)

Eu falei que isso renderia muitos posts... Vai render mesmo.

Quando eu ouvi pela primeira vez "Bloco do Eu Sozinho" e "Ventura" minhas primeiras impressões não foram as mais empolgadas. Não demorou para se tornarem assim! Los Hermanos é a única banda em atividade neste planeta que ainda me desperta ansiedade pelos novos discos. Isso é uma das melhores sensações que se pode ter com música, principalmente com música pop. Tá, vai, não é a única não. Poderia enumerar algumas outras, mas nada realmente sério. Ansiedade mesmo só com o trabalho dos caras.

Como minhas impressões sobre os discos do grupo sempre foram inconstantes, variando de uma desconfiança inicial para uma exaltação apaixonada depois de algum tempo, resovi registrá-la dessa vez. Vamos ver o que acontece. Esse é um post que começa hoje, dia 30 de julho, e termina quando eu partir dessa pra outra..

Vamos lá.

Los Hermanos 4 não é excitante. Minha decepção começara com o nome do disco. Bobo e sem criatividade. O disco também não me cativou. Outra percepção inevitável é que o Los Hermanos caminha a passos largos para algum tipo de separação e, possivelmente, para o fim. São 7 músicas de Marcelo Camelo e 5 de Rodrigo Amarante. Mais do que uma contagem, a frase anterior é uma sentença. Não são 12 músicas do Los Hermanos. São 7 de um e 5 do outro. Bruno Medina e Barba são o grande destaque de "4", por terem dado o sangue numa tentativa de costurar uma certa unidade que justifique dizer que aquilo é o disco de uma BANDA. Eles fazem o máximo, mas ainda não sei se conseguiram. Se fossem dois discos, um de Amarante, Barba e Bruno e outro só de Marcelo, seriam dois grandes discos. O de Marcelo seria mais triste, mas não menos bonito por isso. Apesar de Camelo ser o detentor da marca "Los Hermanos" junto ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual), hoje ele parece ser o "menos da banda".

Dito isso, vamos ao disco.

Em "Ventura", as músicas "Cara Valente" e "Santa Chuva" não entraram porque a banda não conseguiu resolvê-las a tempo. Tendo essa informação em mãos, a sensação que dá é que foi exatamente isso que aconteceu em "4". Só que agora não teve jeito. Ou gravava ou não tinha repertório.

[[Abre janela :: Vou pensando isso tudo enquanto escrevo, por isso não repare se algo que estiveres lendo parecer me contradizer. É possível. A contradição é o passo do pensamento. :: Fecha]]

Los Hermanos, enquanto BANDA, mostra algum respiro de vida nas composições de Amarante. Elas parecem mais generosas com os outros integrantes. As de Marcelo são muito próprias. Hoje em dia, Camelo faz carreira solo dentro do grupo. Não há porquê. Em conversa recente com o próprio, ele confessava já não ter muita paciência para discutir as minucias de se arranjar uma música em grupo e que essa é uma tarefa que se torna, a cada disco, mais difícil. Ouvindo "4" pude entender melhor esse sentimento que ele descrevera. Fez mais sentido.

Marcelo é um grande compositor, mas as músicas de Amarante ganham o disco. "Paquetá" lembra "Retrato pra Iaiá" e poderia entrar no repertório da Orquestra Imperial a qualquer momento. Essa é outra coisa. Amarante é cada vez mais Orquestra Imperial e Camelo é cada vez mais cantor solo. Bruno e Barba vão se esforçando para manter algum norte na coisa. Nessa faixa, aparece a vinheta que o grupo compôs para a abertura do programa "Ensaio Geral", do Multishow. "O vento" é o primeiro single e é também a melhor música do disco. Musicaço! Ela reforça um caráter espírita nas músicas de Amarante, que já vinha desde os discos anteriores. Referências metafísicas têm se tornado uma constante nas letras dele. Não coincidentemente é a música mais "da banda". Ali sim, Los Hermanos não só respiram, como bufam, pulam da cama e dão esperança para o "bloco da família" que vai atrás deles pelos país afora.

"Condicional" é outra música de Amarante. Nela, o riff sugere que você já ouviu aquilo antes. E já mesmo. É praticamente o mesmo riff de "Cara estranho". Depois de "Sétimo Andar", em Ventura, Amarante dessa vez manda "Primeiro andar". O que a primeira leitura pode parecer que ele desceu de elevador para visitar outro pavimento, não se confirma. O "novo" andar se refere ao verbo no infinitivo. "Eu vou lá/ que andar é reconhecer/Eu preciso andar/..."É uma música que me lembrou os discos anteriores, pois apesar de não ter me cativado de cara, veio uma vozinha me dizer que daqui uns dias eu vou estar adorando. Desconfio que a vozinha esteja certa.

"Os pássaros" é a música de Amarante que padece do mesmo mal das de Camelo. A música parece se sentir desconfortável, parece querer um tratamento diferente, mas vai.. Tudo bem. Se fosse só ela, poderia ser a banda tentando se encontar num outro lugar, o que é saudável. Mas não é o caso.

Não é o caso, pois Marcelo não deixa. Entre músicas lindas e outras que parecem rascunhos sem acabamento final, ele pertuba o rumo do barco. "Dois barcos". É o nome da faixa que abre o álbum e é também a melhor definição do momento da banda. Para mim, que não gostei do nome "4", "Dois barcos" deveria ser o nome do disco. O barco de Marcelo está bem longe dali. Os versos "nos mares por onde andei devagar/ dedicou-se mais/ o acaso a se esconder/ e agora o amanhã, cadê?" me soam proféticos sobre o rumo desses barcos. A capa de "Ventura" trazia um grande navio firme, atracado. "4" abre com uma faixa chamada "Dois barcos". Essa é a diferença. O grande navio se transformou em dois barcos. Em "Dois barcos", Bruno arrebenta nos teclados. Os suspiros de Marcelo antes de cantar seus versos também me chamaram a atenção para a força da interepretação, na qual ele vem tentando se especializar. Tem tido êxito.

"Sapato novo" me lembrou Itapoã, Caymmi. É linda a música, muito linda mesmo!, mas falta a banda comparecer. Os teclados de Bruno fazem o clima, mas a banda não consegue marcar presença. Acho que num disco solo, Marcelo faria muito parecido com aquilo. O início de "Morena" parece com "Anos Dourados", de Chico Buarque e Tom Jobim. Mas logo, essa impressão se desfaz. Em "Horizonte distante" a banda até aparece mais e bem, mas essa é uma daquelas músicas que eu falei que parecem ainda estar em fase de rascunho. O refrão bobo "A gente quer ver/o horizonte distante" fica devendo e dá um tom imperativo do qual a banda sempre tentou fugir. A letra não soa bem resolvida. Acho que em outros discos, ela teria ficado de fora. A mesma coisa me parece em "Morena". Alguns pedaços acho que faltou cuidado com a letra. Parece que os versos poderiam ter ficado melhores, as palavras estão desconfortáveis naquelas notas.

O caso de "Pois é" é o mesmo de "Sapato novo", só que não é tão linda. Das de Camelo, "Fez-se mar" é a que ficar melhor resolvida, além de ser uma ótima música. Já "É de lágrima" seria a grande música dele no disco se não parecesse tanto com "De onde vem a calma", até no fato de ter sido escolhida para encerrar o disco.

Conforme o disco for sendo mais bem digerido, vou colocando para fora os resultados. Por enquanto, penso se isso vale uma descarga ou uma nova música.

O fã (Los Hermanos 4 [4])

Outra coisa que tem me incomodado muito na postura da banda é a de querer ser diferente. Ser diferente não é uma escolha, é uma conseqüência. Querer ser diferente é representar um papel e isso contradiz tudo que a banda prega em suas entrevistas. Eu sempre acreditei que a banda realmente tinha uma postura diferente, um jeito mais interessante de encarar a arte que fazem, a ponto de defendê-los e tal. Mas já não sei mais. (Será que eu era muito ingênuo mesmo?!) É difícil perceber até onde os caras ainda são naturais ou até onde se esforçam para manter um discurso bobo que montaram para si e do qual não conseguem mais fugir. As confusões e a falta de cuidado com que trataram seu público na gravação do DVD no Cine Irís foi o primeiro episódio nesse sentido. Uma venda de ingressos maior do que a capacidade do local, pessoas super apertadas entre outras pessoas, cadeiras e pilastras, só para a construção de uma imagem. Não tinha nem um cuidado, se alguém passa mal ali dentro, não havia saída de emergência, socorro a posto, enfim. Só para criar a tal atmosfera de "alternativos- que-cativam-uma-multidão-que-se-ebofeteia-para-chegar-perto-deles". E para completar o tal clima, a banda segue negando a pretensão de criar essa imagem para si. O último exemplo dessa postura foram as fotos de divulgação do disco tiradas por Maurício Valladares. Nelas, os caras fazem poses excêntricas, escolhem um ângulo que revela o fundo do estúdio fotográfico, tentando desfazer um pouco da atmossfera de "artistas" que os cerca. Isso seria até legal, mas NESTE caso não é. Os integrantes fazendo piada, caretas para mostrar que aquilo ali não deve ser levado a sério não condiz muito com o resultado do disco. Um disco tão introspectivo, tão dividido, e uma foto que não diz nada. É bom deixar claro que o fotógrafo não tem culpa nenhuma. Ainda mais, sendo o MalVal. Fotos, clipes, a imagem da banda e tudo que a cerca (entrevistas, website, cenário de show, camisas de merchandising, a fonte escolhida para a logo, etc...) deve representar uma continuidade da obra musical, deve trabalhar a favor. Esse suposto relapso, dessa vez, soa tãoi falso, bobo e infantil, que me faz acreditar que o grupo virou prisioneiro do próprio personagem que criaram para si. Se for isso, será uma pena. Quer dizer, não sei nem se será uma pena, pois pelo que ouvi no disco, não sei nem por quanto tempo o Los Hermanos ainda será.

***********
Até para apoiar a banda nas opções que ela vinha tomando, sempre fui daqueles que iam a todos os shows, até em condições adversas, como no Teatro Rival para 50 pessoas no dia que o tráfico mandou fechar o Rio de Janeiro. Até por encarar as coisas assim, não pretendo ir ao show do Claro Hall.

Ajustando...

Só para esclarecer. Lúcio Ribeiro (sempre ele!) deu o furo (no bom sentido) sobre a capa do próximo disco do Franz Ferdinand. Não é exatamente igual não. Compare.

29.7.05

Viva os anos 80??


A melhor banda de 2004 em todas as listas que eu me lembro, de prêmio Claro a Popload passando pela Rolling Stone e etc., a banda que detonou a Primeira Guerra Mundial, o disco que ofuscou o Strokes, a maior atração do ano 2006 no Brasil (Rolling Stones na praia é pra gringo, ou não é?), o furo do último VMB, a mais nova banda de Glasgow...

O Franz Ferdinand (o disco) é o primeiro de Franz Ferdinand (a banda), que já avisou que lança antes do fim do ano o Franz Ferdinand (o próximo disco, com capa igual, mas de outra cor).
Antes de mais nada, já há de se reconhecer a coragem e o senso de humor dos escoceses, nascidos em uma Escola de Arte – um pouco como o Radiohead, o the Talking Heads, ou forçando um pouco o the Clash – de Glasgow – como o Belle and Sebastian, o Mogwaii ou o Teenage Fanclub.
Com aparência de banda de seriado enlatado, o Franz Ferdinand tem cara de anos 2000, antes de mais nada. Evocar o passado não é nele permanecer, obrigatoriamente. Com duas guitarras, um teclado eventual, baixo e bateria – você leu bem, sem seqüenciadores ou sintetizadores, portanto sem ser um novo New Order/Happy Mondays – e vigor de quem se diverte com o que diz, os escoceses clareiam o que Joy Division, Gang of Four e Talking Heads apresentaram há vinte anos.
De um, hmm, frescor, pra usar uma palavrinha na moda, de ‘Jacqueline’ (it’s always better on holiday/ so much better holiday/ that’s why we only work when we need the money), que escancara a juventude de um primeiro disco irresponsável e livre, até o máximo de sombra que o aproxima de the Cure (sem a mesma voz igual do Interpol, que fique claro) na acamada em teclados ‘Auf Asche’.
O objetivo principal de Franz Ferdinand (o disco, mas pode ler como se fosse a banda) é fazer dançar de olho fechado e boca apertada, se der pra conter a risada de alegria, com guitarras nos ouvidos, na cabeça, nas mãos vazias e por todos os lados. Frases dedilhadas, riffs fortes com alguma distorção e duetos simples e eficientes nos intervalos tonais são as armas do arquiduque do império austro-húngaro assassinado em 1914. Noventa anos depois, é ele que manda na matinê e na madrugada daqueles que sobreviveram a tudo menos ao tumulto de ‘This Fire’, que queima a cidade depois de um olhar. A voz fica mais aguda no desespero de uma fuga no refrão, e mais grave na declaração à menina. Na verdade, a culpa é das guitarras, claro: “this fire is out of control/ I’m gonna burn this city/ (...) Then I/ I’m out of control/ And I burn”.
Se os anos 80, que entre outras coisas viu nascer o culto ao dj, são o lado dançante da festa ferdinanda, não há de se ignorar o lado Pixies – entre o sujo e o rouco, mas principalmente algo punk e indie.
Está lá em ‘Take me Out’, ‘Michael’ ou em ‘Dark of the Matinée’ (que tem inclusive mudanças de andamento e frases graves de guitarra que poderiam lembrar ‘Here Comes Your Man’ e ‘Nomrod’s Son’ ou ‘Debaser’ menos gritado). E tem a frenética ‘Cheating On You’, de bateria disparada, com alguma coisa de tecnopop à la Factory de Madchester. Ou a quase triste ‘Come on Home’, bem tecnopop também, talvez mais pra Happy Mondays.
Se for pro lado retrô, os anos 80 não estavam nem na barriga da mamãe sexagenária quando rolava a origem dos vocaizinhos de ‘Tell Her Tonight’. Isso pra quem acredita naquela história de que, na música pop, uma década sempre recria a penúltima e nega a última...
‘40’’ tem que tomar muito sol pra se tornar um reggae, mesmo com o esforço de uma escaleta com overdub e delay, mas ainda assim dá uma ondinha que não se despreza.
Alex Kapranos, dessas caras que indicam um sujeito que não pode ser sério, é a face da diversão que marca a banda. Uma boa história pra isso foi a idéia de promover, na Inglaterra acho, um show em que era proibido a maiores de 18 anos a entrada (a não ser que fossem provassem ser os responsáveis). A piada, se é que a tua cabeça ploc-monster não entendeu, é com ‘The Dark of the Matinee’, uma das melhores músicas do disco. A molecada certamente tirou uma onda com os irmãos mais velhos.
Pronto, 57 minutinhos e meio, e o disco já recomeçou no ripite do cedeplei.


Nada a ver (1)

Morcheeba no Tim Festival. Jack Johnson fora do Tim Festival.
Nação Zumbi em estúdio. Repetindo: Nação Zumbi em estúdio. Ficou claro?


Nada a ver (2)

Domingo, na MTV, às 19 hs, o Foi Pouco pode transbordar. Manaus aguentará, anguentou, agüenta? Sua tv está disposta a encarar?

Ah, se ela soubesse que quando ela passa...

Quer ouvir "Garota de Ipanema"? Clica aê.

Não entendeu? Clica aquê!

Benza Deus! Aja verba...

27.7.05

Los Hermanos 4 (2)

Ouvindo streamings...

"Los Hermanos 4" remete a Tortoise. Remete à bossa-nova. Remete a Caymmi. Por enquanto.

24.7.05

Um Século Ao Encontro Do Punk

O disco começa com uma convocação, em ritmo marcial. A guerra está declarada, chega de beatlemania estéril, o tempo é hoje, Londres afunda e quem vive à margem está ameaçado. Há especulações de que a introdução tenha sido copiada do the Who, em ‘Odorono’, mas se o que importa é a História como ela é conhecida, e 26 anos já se foram desde dezembro de 79, o que importa é que a abertura do terceiro álbum da banda mais esquerdista e menos anárquica e mais sofisticada e menos tosca do punk inglês é a melhor primeira faixa de um disco. Outra tão boa não vem à mente.
Ali o Clash direciona o recado a quem lhe interessa: todos aqueles que vivem no submundo ou na periferia de uma Londres – que pode ser qualquer cidade mais distante com qualquer Margareth Thatcher neoliberal, não importa. A partir daqueles quase três minutos e meio, se inicia a cerimônia em que os pajés Strummer e Jones, com Simonon de luxuoso ponto de equilíbrio (talvez só comparável a George Harrison no rock’n’roll), vão se dirigir aos punks e rastas e mods e two-toners curumins para panfletar e manifestar o que foi o século e o que será o fim daqueles cem anos. O selo na capa do disco, na época do lançamento na Inglaterra, dizia pouco: “18 novas canções da única banda que importa”. Primeiro, não eram 18, mas 19. ‘Train in Vain (Stand by Me)’, o encontro do soul com o ska de guitarras punk, não vinha creditada. Mas além das 19 músicas, o que estava à venda naquele álbum duplo vendido a preço de único era a revolução do rock, a conclusão política e estética de que a união dos guetos dos terceiros mundos (mesmo que em países de primeiro) devia ser mais do que a maior tática de resistência possível, mas a melhor e mais interessante guerrilha de sobrevivência em um esquema estabelecido que seria muito bem definido em ‘Lost in the Supermarket’ e ‘Koka-Kola’: consumista, individualista e sem sentido.
Enriquecidos os três acordes, reorganizado o barulho, sofisticado o discurso, questionado o no-future, e repensado o do-it-yourself, com o produtor meio glitter Guy Fletcher, o Clash enriqueceu o punk e o tornou, mais do que postura e atitude já meio repetitiva (porque fechada), uma forma de compreender o mundo. Para a banda, o punk devia ser mais do que um grito contra uma rainha que não já queria dizer mais muita coisa.
Depois de alistar os espíritos insatisfeitos do mundo em ‘London Calling’, a primeira lição é um cover de Vince Taylor, o rockabilly da década de 50 ‘Brand New Cadillac’. A aula em torno da fogueira para os curumins, ingleses ou não, é a do início do rock: energia, velocidade e groove não são negros ou brancos, e o mocinho de carrão e topete é surpreendido porque a garota nunca mais volta. Não é um disco de heróis, nem de galãs.
‘Jimmy Jazz’ começa mais devagar, com um assobio ao fundo - é um jazz sujo de boteco de beira de Mississipi, com um crooner meio bêbado contando na tradição folk americana a história de um fugitivo da lei charmoso. Década de 40, o bebop ainda não tinha tornado o jazz um som para se estudar, e a boemia ainda era os livros de seus instrumentistas.
Entre anti-heróis e desafios à ordem, o punk é repensado e surge ‘Hateful’ para falar de drogas e traficantes, com uma sonoridade que lembra Bo Diddley, de quem tinham servido de banda de abertura em turnê pelo disco anterior, Give´Em Enough Rope. A levada é pra frente, com uma guitarra atacando junto com as baquetas uma batida meio quebrada e a outra guitarra em acordes soltos, que tabelam com o backig vocal de notas longas. ‘Rudie Can’t Fail’ é um ensaio bacana do que viria a ser dali a dois álbuns ‘I Fought the Law’. Ao invés das guitarras de punk ska da música do quinto disco Combat Rock, ‘Rudie’ tem os metais meio caribenhos e uivos de torcida de toaster em baile de sound system. Ou seja, a América Central, quintal americano de Reagan, entra na dança de London Calling. Nas duas músicas, o personagem é um cara fora-da-ordem, desencaixado e desprecocupado.
Os pajés já se revezaram na narrativa da história, já cruzaram um oceano negro e mestiço, e é hora de falar de bombas franquistas em ‘Spanish Bombs’, antes de se embebedar em álcool de algum cassino de maus-jogadores, para desdenhar de um decadente e famoso Mongomery Cliff acidentado, espatifado e abandonado. Os metais e o tecladinho são esparramados, marcam o ritmo da direita para esquerda e no caminho inverso. Até o solo de sax é desleixado e, como a letra, às vezes tem notas mal pronunciadas. A essa hora da noite a culpa só é da bebida. A denúncia é contra a fama e a solidão, em ‘The Right Profile’.
Quem não se lembrar de ‘Allison’, do Pixies, ao ouvir ‘Spanish Bombs’ deve começar a procurar um remédio para memória. A guitarra é meio cigana, as duas vozes se respondem, a bateria é simples, e a mensagem política é latina, sofrida, com o coração em primeiro lugar (a breguice é minha, não da música, e por isso peço perdão).
Tempo para fugir do roteiro e elocubrar: o supermercado é o ponto de excesso de referências sem sentido, necessidades falsas, direções confusas, e apatia entediante. Não há revolta contra o sistema, só estupefação e um enorme ponto de interrogação quase dócil diante de uma certa impotência. “I’m all lost in the supermarket/ (...) I came in here for that special offer/ Guaranteed Personality”.
Mas vem ‘Clampdown’, firme, incisiva - operários e trabalhadores, é chegada a hora, “anger is power”, a convocação de ‘London Calling’ é refeita e enfatizada com distorções e vocais em alto volume. O ritmo é marcial, de novo, e a rotina de roupas e pontos é a crítica e o ponto de dissuasão.

É então que vem ‘Guns of Brixton’, o reggae/dub de Simonon, o pajé que estava quase calado o tempo todo. Os curumins entendem melhor: sobrevivência, perdão, opressão, humilhação, achincalhe policial, citações a “the harder they come” (acho que é Balada Sangrenta, em português), o filme de Jimmy Cliff que explicou ao mundo um pouco do que os rude boys faziam na Jamaica. Grande momento do disco e da época, comparável a ‘Fuck the Police’, para o hip hop de Nova Iorque. O baixo está em primeiro plano, o que faz a música soar grave e sombria, e o vocal de uma nota só, quase, só reforça a escuridão do gueto de Brixton. É a aliança do noivado que rolava no disco entre punk e reggae, entre os brancos desempregados e os negros imigrantes subempregados. As ruas emergem. O chamado é atingido.

Disso para algo completamente diferente: ‘Wrong ‘Em Boyo’ é um acerto de contas entre dois mal-sucedidos, um deles roubou do outro em um jogo de apostas qualquer. As ruas ainda são o cenário, mas o acerto de contas é entre iguais, e essa é a questão apresentada para a reflexão dos curumins. A música começa como uma baladinha rock nostálgica, pára, atende a sugestão de recomeçar e vira um ska de coro soul/gospel, uma pedra fundamental para o punk/ska, californiano ou não. A historinha da canção é uma parábola quase religiosa, não fossem os termos e tudo o mais, com uma moral ao fim para meio entendedor, a quem a boa música basta.
‘Death os Glory’ é o resumo cínico, e portanto sincero, não se engane, do que é e representa e significa o rock’n’roll e a eterna batalha contra o tempo e a indústria. A mitologia de uma juventude de guitarras em punho passa pelas porradas de guitarra e bateria: “just another story”. ‘Koka kola’ é a mesma história, quase, mas em Wall Street ou nos andares mais altos de prédios de gravadoras ou da Casa Branca (“– I know”), com a cocaína ao lado do dinheiro. Mais uma vez, a fama é coberta de lama em uma lembrança de que o Clash é sim uma banda punk, contra o poder seja ele uma onda de pó ou não.
De repente um piano quase de igreja, parecendo com rocks de arena de um Queen, e temos o épico do punk, as dúvidas existenciais de um soldado ou de um jogador (não faz um certo sentido?), em uma balada daquelas que te dá tempo para pensar depois de cada frase. Mais uma volta aos anos 50. ‘Lovers Rock’, mais bonita e latina, é uma canção de amor politizando o romance, tratando de igualdade e respeito no relacionamento a dois, dos direitos da mulher, “You must know a place you can kiss/ To make... lover’s rock”. Bonito.
A banda se apresenta nas duas músicas seguintes: quatro caubóis com origens diferentes, que apanharam e foram humilhados, mas não estão derrotados e estão aí. Boas linhas de baixo, variações, mudanças de andamento, rock’n’roll bacana.
‘Revolution Rock’ é um reggae a la Bob Marley, com sopros meio r&b e guitarrinha com uáua e delays, tecladinho cheio de pedal e mixagem recheada de efeitos e brincadeiras.Mais um cover do disco, de J Edwards e D Ray, a música tem percussão bem caribenha, e poderia se chamar punk-regae party tal é o clima de festa e celebração entre duas culturas que liderariam a tribo que se fundava ali. Festa e convocação marcial, com garotas, álcool e política: rock’n’roll é por aí.

O disco acabaria assim, mas baixinho soa uma bateria, uma guitarra e o resto. Há boatos de que a música não teria ficado ao gosto dos exigentes Clashes, mas acabou entrando no álbum pela insistência do produtor, sem ser creditada. No entanto, ‘Train in Vain (Stand by Me)’ é uma das melhores faixas do disco, e uma das melhores da banda. É uma história de amor com uma gaitinha ao fundo, com um coração partido pedindo para não ser abandonado, depois de tudo que foi construído junto até ali. Mais uma vez, um manifesto de respeito e companheirismo na relação a dois. É o encerramento do disco, não da lição de três pajés e um baterista.


The Clash começou lado a lado com Sex Pistols, com Bernard Rhodes de empresário, amigo de Malcolm McLaren. Eram duas bandas punks, o Clash mais sério, competente e politizado, o Pistols mais picareta, marketeiro e tosco. A primeira a aparecer foi a banda de Johnny Rotten e Syd Vicious, de quem o Clash acabou abrindo shows. Mas o primeiro disco, chamado Clash, já saiu pela major CBS.
London Calling é o terceiro e mais importante disco do The Clash. Mick Jones, Joe Srummer, Paul Simonon (o da capa, você sabe) e Topper Headon, além de Micky Gallagher e Irish Horns, se reuniram dispostos a gravar um New Testament, mas mudaram de idéia e batizaram o disco com o nome da primeira faixa, a da convocação de Londres.
Como toda banda com dois pajés – três, é verdade – as brigas foram um dos motivos para o fim da banda, mas também para a ascensão da banda. Eram idealistas, de diferentes ideais, metidos, necessariamente pretensiosos, rebeldes, cultos em diferentes lados, e distraídos. Ou seja, você escolhe se quer contar a história do copo cheio ou do copo vazio.
Dentro do copo, não esqueça de dar os goles em punk, rock steady, rockabilly, ska, r&b, soul, regge, dub, calipso, pop rock, hard rock e algo mais que eu não tenha percebido.

Depois disso, vieram Manu Negra e Mano Chao, Rancid, Paralamas do Sucesso, REM, Beastie Boys, Ira!, Libertines, mundo livre s/a, Pixies, toda a new wave, fora mudanças na carreira de Bob Marley e Lee Perry.

Nada a ver (1)

Enquanto revisava o texto, via o MTV Apresenta do Otto. Tem um bandão tocando com ele, com Ganjaman, Rian, Pupilo, não entendi se o guitarrista era o Fernando Catatau. Lá pelo fim do programa, o Otto diz que todos reclamam da dificuldade das letras dele, e tal, e da tentativa em ir facilitando em Condom Black e depois em Sem Gravidade.
Se eu puder mandar um recado ao Otto, humildemente, não facilite. As letras de Samba Pra Burro são muito boas, muito melhores que as de Sem Gravidade.E parabéns pelo MTV Apresenta.

Nada a ver (2)

Muito legal o editorial da contracampo73, este mês. Sobre Clean, eu escrevi isso aqui.

23.7.05

Meninos, eu vi (De chorar)

Com certo atraso, é verdade, mas eu vi o Pink Floyd no Live-8.

Quem lê esse site sabe que duvidei um pouco que isso tivesse acontecido. Agora que eu vi, duvido mais ainda. Foi lindo demais! A MTV passou um especial Live-8 na noite de sexta-feira, 22 de julho. Acho que o especial em si foi melhor do que a transmissão do evento, comparando os trechos que eu vi dos dois.

Nesse especial não rolou Mariah Carey, Will Smith ou Snoop Doggs... Pelo menos, eu não vi. Eu só assisti o filézão!! Pink Floyd seguido de Paul McCartney. De chorar. Alguém conhece alguma música mais bonita do que "The long and winding road"? De preferência com o arranjo original de George Martin - melhor do que a versão seca do "Let it be Naked". Conhece?

Fora ouvir o Pink Floyd - que não está na lista das minhas 10 bandas preferidas, mas é muito bom - com o Roger Waters no baixo. "Comfortably Numb" especialmente. E mais especialmente ainda, a alegria demonstrada por Waters junto com seus ex-companheiros! E mais ainda o solo de Gilmour! De chorar.

Sei não, mas o Waters estava feliz demais para querer parar por ali. Eu acho que esses malucos vão querer tocar juntos de novo, hein.
[[ Abre janela :: Alguém reparaou que, fisicamente, o Roger Waters parece o Keith Richards com algum resquício de saúde. (Risos) :: Fecha janela ]]

Saí de casa, depois do show acabar na MTV, com a certeza de que, por 20 minutos, a emisora tinha voltado a ser, de fato, a MUSIC television. Não tenho dúvidas em afirmar que foi, senão o melhor momento da história da MTV, um dos 3 melhores. Prometo que vou pensar quais foram os outros nos próximos dias.

De casa, para o carro. Trilha sonora obrigatória até a casa da minha namorada: "1", aquele cd vermelhinho com todos os singles do "Fab Four". Como ela mora perto, fiz uma seleção curta, mas fulminante: "Penny Lane" (segundo meu amigo Thiago Camelo, a melhor música de todos os tempos), "All you need is love" (essa vai tocar no meu casamento!) e, óbvio, "The long and winding road".

Tá bom, vou parar de chorar.

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Como minha namorada não partilha da mesma paixão que eu pelos Beatles, e ela adora ouvir umas músicas insuportáveis na rádio sob a justificativa de que tem uma vozinha engraçada, fofa, ou outro adjetivo que caiba às modificações executadas nos timbres através do Pro-Tools, levei o tal novo disco do Pato Fu para ela ouvir. Não deu outra, todas as músicas com efeito vocal chamaram a atenção dela. Especialmente "Uh uh uh lá lá lá ié ié" e "Simplicidade". Ufa, um consenso no rádio do carro!

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"Like most people I want to do everything I can to persuade the G8 leaders to make huge commitments to the relief of poverty and increased aid to the third world. It's crazy that America gives such a paltry percentage of its GNP to the starving nations. Any squabbles Roger and the band have had in the past are so petty in this context, and if reforming for this concert will help focus attention then it's got to be worthwhile."- Gilmour said.

"It's great to be asked to help Bob raise public awareness on the issues of third world debt and poverty. The cynics will scoff, screw 'em! Also, to be given the opportunity to put the band back together, even if it's only for a few numbers is a big bonus." - Waters said.

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It was a bigbigbig bonus. De chorar.

22.7.05

Link News

Não sou nenhum besta seu moço.
Mangue bit escrito com i, e disquinho bom.
Será?
Calúnia e difamação. Comunidade mais engraçada do Orkut, embora precise peneirar. A dica é ler só os tópicos com mais participações. Pra começar.

21.7.05

Toda cura para todo mal

está no hipoglós, no mertiolate, sonrisal. Versos a procura de um pop perfeito.

Já regressado da ida às alterosas, com um disquinho novo ganho de presente, retomemos às atividades neste site.

O disquinho a que me refiro é um discão e entitula este post. O novo do Pato Fu. Produzido longe dos olhares de uma grande gravadora, os caras (e 'a cara') fizeram o disco mais pop de sua carreira, ao mesmo tempo em que é o disco em que os tradicionais experimentalismos eletrônicos aparecem mais bem resolvidos, mais dentro das músicas.

"É o oitavo filhotinho", como Fernanda Takai diz. Ao longo dos 13 anos de carreira, a banda se acostumou a nunca ver a crítica chegar a consensos sobre seus trabalhos. Acompanhando mais cuidadosamente, é fácil encontrar textos dizendo que tal disco é o melhor da carreira deles e textos dizendo exatamente o contrário sobre o mesmo trabalho. O mesmo acontece quando os críticos tentam medir o grau de experimentalismo. Todo disco é o mais experimental e o menos experimental da carreira. Não há consenso com o Pato Fu. Isso é, definitivamente, um mérito.

MENTIRA MINHA!! Há um (quase) consenso em torno dos discos do Pato Fu, sim! Em todo novo trabalho, a banda sempre lê: 'enfim, atingiram a maturidade musical". Isso acontece desde o segundo disco deles, o ótimo 'Gol de Quem?'. É tanta 'maturidade' que eles daqui a pouco caem do pé!

Na minha modesta opinião, não usaria o termo "maturidade", mas acho que a banda encontrou definitivamente a estrada que queria seguir, no quarto álbum "Televisão de Cachorro". De lá pra cá, a evolução continua e soa natural. As canções são cada vez mais redondas e os efeitos eletrônicos foram sendo enxugados, ficando mais precisos. Não há muitos excessos.

Neste contexto, "Toda cura para todo mal" é o trabalho mais legal dentre estes oito. É o disco mais mais pop e, ao mesmo tempo, é nele que se ouve os elementos eletrônicos e experimentais mais interessantes de toda a carreira do grupo. Nada fica sobrando, tudo se encaixa, soando bem aos ouvidos. É um música POP de qualidade, bem diferente dessas comumente ouvidas nas rádios. Boas canções, melodias assoviáveis, refrões competentes, tudo que uma rádio poderia querer. Só que com qualidade, com trabalho e dedicação. Nada é gratuito.

John mostrou que aprendeu muito bem como produzir, gravar e mixar um disco. Tudo bem que há um quê de Dudu Marote (produtor dos 3 últimos discos de estúdio da banda), mas nada comprometedor. Algumas vezes, o novo Pato Fu lembra o os melhores momentos do Karnak, talvez pela entrada definitiva de Lulu Camargo, na banda. Arnaldo Antunes também diz oi em "Tudo". Além disso, os vocais remetendo à atmosfera de Muppet Babies, de Beach Boys, com guitarras variando entre Jovem Guarda e o riff de Supersonic, do Oasis (na faixa "O que é isso"), são referências que se cruzam com a auto referência. Em vários momentos a banda parece ter se influenciado por seus discos anteriores, repetindo experiências, mas se superando.

A banda fez um excelente disco pop. Quem dera fosse um marco do genêro no Brasil.


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Não cabe a este site fazer propagandas, mas o Submarino está vendendo o disco a R$18,90. Como a produção foi toda independente (a Sony/BMG só cuida da distribuição), o disco consgue ter um ótimo acabamento, encarte com 10 páginas, letras e cifras das músicas, ser numerado e, mesmo assim, ter um preço justo. Assim, todas as desculpas dadas pelas gravadoras para justificar o alto preço cobrados hoje em dia caem por terra. Parabéns para a banda mais uma vez.

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Mais um adendo. Todas as faixas do disco tem ou terão videoclipes. Alguns já estão disponíveis no site da banda. Quem está bancando a brincadeira não é Sony/BMG, e sim a própria banda. Mesmo assim, o preço do CD é esse. Dominando toda a cadeia de produção, a banda se mostra ainda mais dona de si. Com o perdão do trocadilho, "Toda cura para todo mal" poderia ajudar a curar os vícios da decadente indústria das majors e ser um marco, também, dessa nova relação entre artistas e gravadoras. Fica a torcida.

19.7.05

Foi Pouco

Faço meu o protesto de Maurício Valladares, no roncaronca. É só ir lá procurar pela foto ou pelo dia 18 (ontem).
Até teve cobertura, mas foi pouco.


Seguindo o assunto, na quarta que vem, que não é amanhã, o tal Maurício Valladares estará na Matriz, de dj, ao lado do digitaldubs, coisa muito importante se vc não sabe. É reggae sem ioiô ou natureza.

E pra não dizer que não falei de mim, olha o que eu já escrevi sobre o WS.

18.7.05

A Doçura Cotidiana


Quando ouvi pela primeira vez o cd de trilha de Baile Perfumado, mesmo com toda a torcida e expectativa por Chico Science, não tive dúvidas da melhor música do filme. Não à toa, era a faixa-título, com um início estranho, bem 04iano, mas em uma outra voz. “Veneno/ Faz o mundo girar”, um amor violento, árido, uma sedução sangrenta. A voz era de Stela Campos, que pensei na época ser uma pernambucana, disposta a mostrar um mangue bit próprio ao mundo.
Aquele nome (aquela voz) ficou guardado(a) em algum lugar entre o tímpano e o hemisfério cerebral responsável pelo afeto musical, sei lá, e voltava a cada nova audição do Baile Perfumado. Voltei a ouvi-lo (o nome) em entrevistas de Chico Science, que a tratava como a “Billie Holliday de garagem”, e possivelmente a teria adotado como parceira/referência, não fosse um carnaval de 1996, na estrada entre Recife e Olinda.
No terceiro álbum-solo, ao lado de figuras importantes da música alternativa paulista como Catatau, Rian Batista e Maurício Takara, Stela finalmente veio tocar na minha casa. O disco tem jeito de fim-de-dia, de apartamento. O som não é bem de garagem: alto e às vezes abafado. A idéia não é de quintal - expansiva e aberta a quem chegar. A proposta é de apartamento, o que fica bem explícito na bônus track (assim, em inglês) ‘The Girl from 33’, em que vizinhos estranham os hábitos daquela garota fã de Lou Reed, trôpega mas tranqüila, anestesiada e consciente, decidida e satisfeita. Estranha em meio a normais esquisitos das portas ao lado, e confortável com o deslocamento.
Antes disso, o disco começa com uma escaleta meio psicodélica, cercada de loops eletrônicos e hiper tratados ou filtrados. É a história de Edma, uma das hóspedes do título do disco – Hotel Continental, um hospedeiro qualquer de tocadores da vida adiante em São Paulo. “Mas eu não sei mais o que fazer”. Tédio ganha doçura, em um clima que lembra Looper, o projeto paralelo de parte do Belle and Sebastian.
Um otimismo médio, de metrópole cinzenta, colore os passatempos da vida de trânsito, rotina, ritmo incessante e notícias repetitivas no jornal. Assim como 04, Stela é formada em jornalismo. Diferente dele, e ultimamente como eu, vive disso, especificamente na editoria econômica.
Em ‘Bandeira 2’, entra o dj com scratches suaves, em uma eletrônica de poucos beats, melodiosa. Na faixa seguinte, sai tudo isso e entra o inglês como língua, a gaitinha e o violão de aço como folk, e a homenagem a ‘Johnny Cash’.
‘Retrovisor’, ‘Hotel Continental’e, a melhor delas, com um solo de sax fora do tom, ‘Agosto’ são coleções de imagens e contratempos do cotidiano e envelhecimento em São Paulo – não aquela cidade de periferias de luta de classes, uma outra de um coração no cruzamento de uma rua e uma avenida, ou ainda a de uma maloca de estação distante no sistema ferroviário. A cidade de Stela não é frenética nem cansativa, só melancólica e previsível. A felicidade se encontra ali, desde achado o conforto entre a estranheza e a dureza de tantos personagens e não-notícias se cruzando atrás de mais probleminhas que sonhos, de mais desejos que grandes questões. A felicidade pode morar dentro da segurança do mundinho de um apartamento, com o som mais baixo depois que o dia foi embora.
A comparação com a bossa nova, mais um estilo tipicamente urbano e predial, é bem interessante, primeiro porque não dá pra dizer que Stela Campos esteja ao lado de Bebel Gilberto, por exemplo, globalizando uma new bossa que já dialogava - quando era nova - com o cool jazz gringo.
Se for preciso, muito necessário, Stela estará muito mais para Kátia B, por exemplo, embora falte-lhe (a Stela) um pé nos anos 80 de Marina Lima. Os anos 80 de Stela estão muito mais para Nick Cave e Fellini, a banda paulista dos anos 80 que tentou voltar há dois anos no Tim Festival carioca. Stela Campos participou de uma experiência disfarçada de Cadão Volpato, no disco-projeto Funziona Senza Vapori, que deu a Chico Science a segunda cover de Afrociberdelia, ‘Criança de Domingo’. Mas se a bossa nova era de Ipanema, o Hotel Continental é desta antítese.

14.7.05

O Caminho de uma Profissão como Paixão


“Tudo o que eu quero é só viver / Num quarto escuro sem janela e cor”. Pela primeira frase, antes dos primeiros instrumentos, parece que se prenuncia um disco claustrofóbico, de voz rouca com interesse pela Jovem Guarda de outros tempos. Voz segura ali, sem tentar ser maior do que é, meio rouca, bem colocada. Descrição que poderia caber em Roberto Carlos, na fase que melhor convier.
Mas a referência ao assim chamado Rei não é a melhor, embora possa ser a primeira à mente. O ex-baterista de várias bandas underground cariocas, em que se destaca o Acabou La Tequila, é o homem de frente do próprio projeto, de guitarra em punho, na assinatura de todos os arranjos e quase todas as letras (uma exceção), uma ou outra mixagem/baixo/sinth e sem pegar em baquetas.
Ainda na primeira música, Nervoso abre ao mundo o passeio a que se propõe: ultrapassar aos tropeços os maus limites, viajar e fazer o show só por precaução, contra o desejo de um interlocutor que pode ser a vida, o sistema, ou simplesmente o personagem da próxima música. ‘O mala’.
Continuando a viagem pela paixão, seguindo um tema de Renato Martins no segundo disco do Acabou la Tequila, Nervoso retoma ‘Péla-Saco’, e lhe tira o humor para tratar da solidão e da noção de relação: “Pra ele a vida é só competição” ou “Eu não vou te perdoar pelos danos que causaste com tua solidão” explicam a idéia errada dos primeiros versos, do disco e deste texto. Não é claustrofobia, é um caminho longo e duro, mas nunca só. Sobre guitarras com reverb, ou sobre um dedilhado e uma levadinha de um ska melancólico. Começa-se a sentir um eco de Los Hermanos, com o refrão de parada militar, daquelas de série antiga de tv. No fundo, a esperança do inesperado.
Nervoso trança letras e bases de estranhamento a personagens que o cercam: a que impõe limites à paixão, a mimada, o mala, o de vida banal. O disco quer descartá-los para que se cumpra o objetivo dele, o objetivo de passos e tropeços pela profissão de fazer shows. Ao lado, bons amigos (parceiros) e a paixão pelo que faz. É o que soa em ‘O Percurso’, de notas mais longas, frases que preferem as reticências ao ponto final, sem silêncios ou pausas.
Na capa de ‘Saudade de Minhas Lembranças’, um coração preto-e-branco está manchado de vermelho, uma imagem parecida com a capa de 1ª Edição, do Lasciva Lula. O coração não é vivo, mas ainda é o da paixão. Assim como o rock morreu, e está aí. Em ‘Veneno’, letra de Renato Martins (ex-Tequila e Canastra), a reflexão é sobre o reinício e o aparente fim, uma história farsesca, com sons de sucata e teclas marcados em uníssono, sem acordes na guitarra, a não ser no curto refrão que pede pelo veneno. Lembra Tequila, não dá pra fugir, com timbres ora Tortoise ou Radiohead, ora doces.
E assim vai, sem dar explicação, passando por um rock simples de solos de guitarra, sobre a falta de clareza dos que seguem um caminho certo ou brincando com o post rock. Ou ainda se aproximando de novo dos Hermanos ao tratar como rock estilos essencialmente melódicos como o samba-canção e o meio-tango-meio-valsa, cheio de recursos eletrônicos e a guitarrinha mais baixa do que o baixo.
Em ‘Mais Justo’, com a voz de Amarante, e uma linha de metais de se ouvir em pé, com braços regentes, o encontro com a banda carioca de Ventura acontece e marca o espaço de referência clara, mas não necessariamente sufocante. Guitarras e trompetes chorosos, climões grandiosos, dueto de vozes – como já dito – de uma esperança otimista, mas melancólica.
A vida segue em frente com ‘Já Desmanchei Minha Relação’, que se tivesse menos instrumentos podia caber no repertório do Autoramas, com bateria de rock’n’roll clássica e ataques de guitarra sem nunca deixar cair a pegada. O disco, a esta altura da estrada, está mais pop, com backings fazendo tchuraps e tudo o mais, como foi antes dos anos 60.
Depois de mais uma baladinha de amor derramado, o disco fecha com uma risada de despeito e um clima Tequileiro de despedida, com citações ao próprio caminho de escolha de companhias e resistência a venenos. Em ‘Fim de Tarde em Bangladesh’, o ponto final da caminhada que há de seguir. Instrumental e cheia de ecos frios e delays de viagem. Um tom tranqüilo não é uma opção pela acomodação: ao fim do dia, o futuro inquieta Nervoso.

Mudando de assunto

Feliz aniversário, Bruno! Que venha o futuro!

Música para aniversários

Para quem gosta de música, uma sempre boa opção de presente para ganhar no aniversário é música. CD's ainda são os mais comuns, mas os DVD's já estão aí para quem pode dispor de um pouco mais de verba. Mas a questão é: qual é a música boa para se ouvir/ganhar/querer num aniversário.

Certamente a resposta está na forma como você enxerga este dia. Para mim, a leitura inexorável do dia 14 de julho é a de um ano a mais, um ano a menos, será que esse é o último, quantos mais ainda terei, enfim... Todas as questões que me aproximam mais da angústia metafísica inerente ao ser humano.

Comprei a caixa Anthology, de 5 DVD's do Beatles, mas acho que hoje não é um bom dia para ouvi-la/vê-la. A presença do passado é muito forte. O passado é um lugar esquisito que existe, mas não é real. Existe e não existe. O futuro é mais maneiro. Ele também não existe, mas ainda vai ser. Então, no meu aniversário, entre Beatles e o que ainda não aconteceu, fico com o que não aconteceu. O novo não é tão moribundo quanto Liverpool.

Mas o novo também não motiva tanto. O novo ainda não remete a nada. O novo não tem história. O novo ainda não me lembra nenhuma época, nenhuma pessoa, nenhuma situação. O novo é blasé.

Quero terminar esse texto. Para uma coisa ele serviu. Escrevendo essas mal traçadas linhas pude me decidir. Vou ouvir uns partidos-altos do Paulinho da Viola e os dois primeiros discos dos Paralamas. Neles, a vida é mais feliz. Além do que, tá um sol lindo hoje!

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Ôle ôle. Ô Ô Ô Ô Ô ÔÔ... Amor sem palavras, cinema mudo...

11.7.05

Mais do mesmo

Todos os temas deste texto já foram tratados antes, de alguma forma.

- 10 anos do lançamento de "Mamonas Assassinas". Até que enfim alguém, já com atraso, escreveu a respeito nos jornais brasileiros! Matéria meio maisoumenos, mas valeu pelo registro.

- Programa Ensaio. Ontem à noite, mais um show de bom gosto e qualidade. O programa com Jackson do Pandeiro foi hilário e emocionante.

- Chico Buarque. O primeiro programa da série exibido na Rede Bandeirantes, ontem à noite, foi uma das coisas mais bonitas que eu já vi. Nem tanto pela produção ou material inédito (senti falta disso), mas pelos números apresentados.

Cardápio:
"Nuvem Cigana" (Chico, Gal e Djavan)
"Samba do Grande amor" (Chico e Djavan)
"A vizinha do lado" e "Maricotinha" (Chico e Dorival Caymmi)
"Meu caro amigo" (Chico, Francis Hime e banda)
"Choro Bandido" (Chico e Edu Lobo)
"Futuros amantes" (a letra de música mais bonita da história da música brasileira!)
"Paratodos" (outra que muito me emociona. Para piorar, a versão apresentada trazia Chico, Dorival, Gal, Djavan, Edu e Antônio Brasileiro Jobim. Foda!)

Infelizmente só vi a metade final do programa, mas estou tranqüilo pois vi que a série será lançada em DVD. Quem não viu, queira ver.

9.7.05

Agendinha músicahorsconcours

P U T A Q U I U P A R I U!!! "Tom Jobim inédito" em Julho na Biscoito Fino!
Via spam...

7.7.05

Agendinha punkrock

P U T A Q U I U P A R I U!!!Hatebreed e Agnostic Front em Julho no Circo Voador!
Via esquemageral...

“Tá todo mundo dançando, eu também quero dançar”

Ou “Só as Pessoas Tristes Não Sabem Dançar”3.

O show do mombojó veio depois do encerramento canastra, Renato tocando guitarra em pé sobre o contrabaixo branco de Edu, tudo tão espontâneo quanto ensaiado, e claro, divertido.
A banda de Pernambuco, o Recife nerd e cdf, é daquelas que não se vendem fácil, a primeira audição não pode ser a definitiva. Os detalhes e as referências precisam de calma para se sedimentar nos labirintos do sistema sentimento-auditivo, e tudo o mais.
Assim, veio a apresentação e a lavada. Na bateria, só o essencial: talento, caixa, bumbo, contra-tempo, prato de condução e mais um prato para pontuar fins de frase, principalmente. Nada de viradas ou paradinhas avisando: aí vem a mudança de andamento, boiada. Na guitarra, o retrato particular de Lúcio Maia quando jovem, em técnica, pedais e performance. Ao fundo, sopros, escaleta, ruídos, teclado fazendo linhas de baixo, ou texturas de timbres 3d, e um violão. No baixo, a pulsação que preenche a bateria – como se precisasse – e grooveia para a guitarra voar em paz. E, na frente do palco, a timidez louca que evoca a expressão corporal de Renato Russo (ou Morrissey?), a melancolia de Thom Yorke em OK Computer, a sujeira (da Arte?) da banana de Velvet Underground e o sotaque de Science.
O mangue bit já foi, ali está uma nova escultura de lama, que abandonou a parabólica para se comunicar via banda larga, baixando diferentes arquivos de som, imagem e poesia para choques no público que não sossega.
As músicas novas ainda estão imaturas, pedem mais sutilezas nos arranjos e nas interpretações: ruídos, texturas, silêncios da voz ou, melhor ainda, surpresas para ouvidos sabichões. O show como está fica dividido, não precisa muito e se distingue o que foi trabalhado, portanto de nadadenovo, e o que não foi. De qualquer forma, sempre é louvável a coragem de mostrar a cara antes dela pronta – trazer a reação da platéia para o processo de arranjos, audições-teste à vera, algo que mistura insensatez e braveza para tentar mudar alguma coisa no previsível mundinho pop. Sangue orgulhoso de não ser azul, nem vermelho como o sol, mas sangue novo nascido do pó.
Dar a cara à tapa, ter como convidados quem tem a ver com a trajetória, sem joguinho de gravadora, pena do molequinho esforçado, isso sim é uma postura necessária, que não ganha prêmio a não ser o reconhecimento daqueles que vão aos shows e vêem a qualidade tranqüila – acima de tudo tranqüila – da juventude brasileira.
Aí sim, êêêêêêêê.


A Bizz da década de 70 é bem legal também, destaque para o Pink Floyd de Jonas Lopes, o Led Zeppelin de Luciano Marsiglia e a discoteca de Camilo Rocha.
Já a de 80/90/05 (não achei a capa dela, foi mal), é a pior justamente por tentar abarcar tempo-pop demais em textos com o mesmo tamanho das outras revistas. Para os djs, por exemplo, ficou pouco corrida a passagem do som (hehe) dos 80, na Inglaterra de Happy Mondays e New Order, para os 90 de Prodigy, Chemical Brothers e Daft Punk. Na matéria dos alternativos, há o mesmo com REM e Nirvana, e na de hip hop então, com Run DMC, Body Count, Red Hot Chili Peppers, Faith No More, Public Enemy, Eminem e Wu Tang Clan... É muita informação jogada junta, ou não?). Uma pena: as mesmas idéias em duas edições dariam muito certo, e a estréia da Bizz pra valer viria com gostinho melhor. Ainda assim, destaque para Lúcio Ribeiro, Luciano Marsiglia, André Barcinski e Ricardo Schott.


E uma observação: ler Hugo Sukman é cada vez mais legal, ante-ontem ( tem que procurar no arquivo do Globo, o nome da matéria era 2 artistas, 1 dilema) ele fez uma análise dos Artistas Reunidos da Trama muito justa para se entender o que deve ser o pop ideal, sofisticado mais do que esforçado, premiado e chaveirinho dos outros.

6.7.05

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

O prêmio Multishow foi sensacional! Só alegria!

Primeiro, porque não o assisti. Não que eu não quisesse ver, até queria, mas na hora estava fazendo uma entrevista com o Fred, baterista dos Raimundos, na (quase) sempre agradável e musical Pizzaria Guanabara. Os Raimundos foram citados, no comentário de um leitor deste site, como uma grande banda e eu admito que também me diverti muito ouvindo os caras, principalmente quando tinha 15 anos! A conversa - de quase seis horas de duração - foi muito boa. Em breve, esse site terá um arsenal de entrevistas disponíveis.

Voltando para casa às 4 da matina, precisei entrar no computador para descarregar a entrevista, do Ipod, para o micro. Lembrei de dar uma olhada no site do Multishow. Vi os resultados e durmi feliz.

Achei do caralho o Júnior ganhar o prêmio de melhor instrumentista. Não que ele o seja, definitivamente não o é. ALiás, ele nem tem a pretensão de ser. Mas o cara é bom, sim. Algum idiota acha que o incensado (com toda razão) Lenine ia chamar o cara para tocar com ele, no Circo Voador, à toa, pra fazer média?! Alguém acha que era para atrair público?! Desde quando o Júnior levaria público para um show do Lenine com Cordel do Fogo Encantado, no Circo Voador?!!?!? Pelo amor de Deus! Além do que, a lista de pessoas que já convidaram o cara conta com Davi Moraes, Frejat, Andreas Kisser, entre outros...

Mais do que por isso tudo, achei foda ele ganhar como mérito pela mudança de sonoridade que ele e a irmã vêm buscando. Quem me conhece há mais tempo, sabe que já sou motivo de chacota não é de hoje, por viver fazendo ressaltando a evolução dos dois. Digo isso, não só em relação às carreiras-solo, mas também a deles enquanto dupla mesmo. Quem tenta ouvir o som dos filhos do Xororó, sem tanto preconceito, percebe essas mudanças nos dois últimos discos deles e, principalmente, no último, "Identidade". As próprias músicas de trabalho não são mais as babas de antes. Claro, os refrões marcantes continuam. Isso é música pop, baby! Agora, de uma forma geral, as estruturas são mais quebradas, mais suingadas, cheias de modulações esquisitas. Soam até estranhas, às vezes. Não cheguei ao ponto de gostar de nenhuma música, mas é notória a tentativa dos dois de saírem daquele lugar-comum e muito confortável onde estavam. É claro o esforço deles e eu acho isso foda!! Sem falar dos clipes, sempre sensacionais, caprichados, conceituais, pensados, explorando as possibilidades daquela mídia, etc...

Júnior sempre se esforçou para aprender os instrumentos e para se envolver com os (grandes) músicos e técnicos contratados para suas turnês. Sempre quis entender como aqueles "tios" trabalhavam para criar o produto, que era ele. Uma espécie de Frankstein às avessas. Ele tem sido um dos únicos, senão o único, músico pop (em todos os sentidos da palavra, elevados à máxima potência) do país a mostrar que este genêro não se encerra em si. Ele é um fim, mas também é um meio.

Ele não é o melhor instrumentista do Brasil, mas ( - de novo!) achei legal ele ganhar esse prêmio. Em algumas coisas, ele ainda precisam melhorar e para alguns que, como eu e o professor Jamari França, viu a participação do rapaz no show do Lenine, a mais evidente delas é a tentativa de encarnar o latin lover, o Ricky Martin de Campinas! Não rola. É só curtir mais a música que ele vem fazendo, sem ligar tanto para a pose. Ele não precisa mais disso.

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Li que o cara foi bem vaiado ao se levantar para receber o prêmio e que soube se portar diante da situação. Mais um ponto para ele. Duvido que alguém que o tenha vaiado in loco, tenha se dado o trabalho de votar para escolher outro. Escroto demais! O cara não é o Hector Babenco, não! O moleque não fez nada contra ninguém a não ser ter passado os últimos dez anos da sua vida estudando uma porção de intrumentos musicais, se dedicando a profissão que lhe deram e que ele curtiu! Mais do que recalque, o nome disso é falta de educação.

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Falando em música pop, mais um capítulo da série Agenda 2005.2: Avril Lavigne.

Prefiro Sandy e Júnior.

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Como nada pode ser perfeito, meu castigo foi não ter assistido Jorge Ben e Nação Zumbi... Shit!

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Prefiro o Lúcio Maia do que o Júnior.

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Perguntar não ofende: Porque o Lúcio Maia (melhor guitarrista brasileiro), da Nação Zumbi, nunca é indicado a esses prêmios?!?!?!

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Valeu, público do Multishow. Parabéns!

UUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU

Junior, aquele da Sandy, ganhou o prêmio de melhor instrumentista no Multishow. No Brasil de tantos percussionistas, das baterias de escola de samba, dos ritmos nordestinos, dos tambores de Minas, e tudo o mais.
E tem gente que vai dizer que é preconceito. Pra mim, é o conceito mais bem formado e consolidado que pode haver.

Ouvi dizer que a passagem de som do D2 e Fundo de Quintal, e do BenJor e Nação Zumbi foram lindas, fiquei com vontade de ver a apresentação à vera.

5.7.05

Los Hermanos 4 (1)

O quarto disco do Los Hermanos vai ter o incrível, criativo e bem elaborado título de "Los Hermanos 4". Espero que o som da banda não seja tão criativo quanto o nome do álbum.

Segundo o site oficial da banda, a primeira música de trabalho será "O vento", de Rodrigo Amarante. Será a primeira vez que um disco da banda lançar-se-á com uma música do rapaz, normalmente a missão era atribuída a Marcelo Camelo. "O vento" é uma das duas músicas novas que a banda vem tocando nos shows, a outra - de autoria de Camelo - chama-se "Pois é". Pude ouvi-las no Abril Pro Rock e, apesar das dificuldades inerentes a uma primeira audição feita ao vivo, "O vento" realmente me pareceu mais interessante.

O disco deve sair na última semana de julho. Semana passada, a banda ficou ouvindo o resultado da primeira mixagem, buscando eventuais falhas a serem corrigidas. A previsão é que os trabalhos estejam totalmente finalizados até sexta-feira (08 de julho), quando o material deve seguir para a fábrica.

É aguardar para ouvir. Certamente, este terá sido o primeiro de muitos posts meus influenciados por esse novo trabalho dos caras. Tomara que seja mais interessante e instigante do que o nome escolhido para batizá-lo. Não começou muito bem, não.

4.7.05

Sábado Canastrão

O Pink Floyd tocou mesmo? Alguém viu? Até acredito que sim, mas passei o dia inteiro assistindo o Live-8 para não conseguir assistir o Pink Floyd!! Até agora não encontrei ninguém que tenha de fato visto. Só o ACM, do Globo, que escreveu dizendo que assitiu. Isso tá com cara de lenda urbana. Aliás, quanta porcaria no Live-8, meu Deus... Tinham algumas bandas que nem no Garage chamariam atenção! Sem falar das mariahcareys, snoopdogs e willsmiths da vida... De maneiro mesmo, só as imagens que vinham do parque de Berlim. Lindas. Um corredor de gente imprensado entre as árvores!!!

Vale frizar que o Live-8 entrou para a história como o suposto maior evento de música de todos os tempos, mas também por ter disponibilizado a versão de Sgt. Peppers, com U2 e Paul Mc Carthney para a venda on-line uma hora depois da execução. Mais tarde, a de-chorar-de-tão-linda "The long and winding road" também foi disponibilizada.

[[ Abre Janela :: Segundo o "Many years from now", biografia autorizada de Paul, o rapazinho já tinha feito "When I'm sixty-four" aos 16 anos !!! É... quando o cara tem talento, já mostra desde cedo. :: Fecha janela ]]

Depois, segui para o Live-8 da Lapa: Canastra e Mombojó. Conforme já disseram aqui, a banda Os Outros abriu a noite, mas eu não cheguei a tempo de ouvi-los. Nunca tinha ouvido o Canastra, mas é muito bom!!! Não acho que pareça música de vovó. Parece música de...


O timbre do vocalista Renato é muito particular, tanto quanto o baixolão branco de Edu. O chato é que, a impressão que eu tinha, era de que assistia mais uma daquelas muitas bandas que não chegam a acontecer para o grande público e ficam na lembrança coletiva depois que acabam. O Renato já teve uma experiência bem parecida com isso, com o Acabou La Tequila. Dá a sensação de que o mercadão de músicaparaskatistas, não quer saber de Canastra. Além deles não falarem de skate, eles tem o sério defeito de não parecer com nenhuma banda americana que já tenha feito sucesso por aqui antes e aberto um nicho de mercado. Não sei, mas não consigo estipular com o que se parece o som do Canastra. Sei que é muito bom, parece música de...
(Dedico a eles as reticências, o que para mim, é sempre um dos maiores elogios possíveis).
Quem ainda não viu o Canastra tocando, deve correr. Se não, pode acabar que nem eu c om o Tequila, do qual só ouço mp3 e histórias sobre os shows.
Agora, não posso deixar de perguntar. Porque não tinha o CD "Traz a pessoa amada em 3 dias" à venda lá?! Eu, hein...

O Mombojó não trouxe muitas novidades. O show foi bem parecido com o último que eles fizeram no Circo, quando abriram para a Manguefônica, no primeiro fim-de-semana de abril. Também lembrou em muito o show do Abril Pro-Rock, sendo que lá a galera aparentava uma certa frustração, ao contrário do que se viu anteontem, na Lapa. No APR2005, o público esperou muito tempo até o show da banda e, no fim, parecia estar mais interessado nos hits do que em escutar as músicas novas e, principalmente, do que em conhecer o trabalho de Arto Lindsay, que dividiu o palco e o set-list com eles, naquela noite.
A grande novidade desse show foi que o fato de ser o primeiro da banda como headline, no Rio de Janeiro. Tá, tá bom, você leitor incoveniente vai dizer que no Ballroom eles já foram atração principal e no Odisséia também. Tá, eu sei, mané! Estou falando de um show um pouco maior, num palco maior da cidade, num horário nobre, como uma noite de sábado. Foi um avanço na carreira deles por aqui. É válido perguntar se esse passo foi maior do que as pernas atuais do Mombojó. Talvez, sim. E talvez por isso, o público tenha sido tão pequeno para um sábado à noite. A grande novidade do Mombojó foi a barba do galã Chiquinho, grande tecladista. Sensacional!


Chiquinho é um dos muitos casos de músico que aprende a tocar um instrumento só pra não ficar de fora daquela banda. O cara tocava guitarra, mas caiu dentro dos teclados para poder estar no Mombojó, já que seu instrumento original já era conduzido (e muito bem!) por Marcelo Machado, o maior discípulo da Escola Pernambucana de Guitarra, fundada por Lúcio Maia!!! Conversando com Chiquinho lá no Recife, ele admitiu que ainda procura as notas dos acordes no violão para, depois, transpor para o teclado, o que só me faz achá-lo ainda mais incrível!!! O grande mérito dele está na seleção dos timbres. Isso é a melhor coisa que um tecladista pode fazer por uma banda. Criar os climas, as camas para o resto dos instrumentos deitarem. Chiquinho o faz com perfeição. Musicalmente a banda é toda muito boa! As músicas novas ainda requerem mais tempo para serem digeridas, mas para quem espera novos "Deixe-se acreditar" (aliás, que música é aquela!! Putaqueopariô!!), é melhor esquecer. Dessa safra nova a que eu mais gosto é uma em que Felipe S. canta um "árvoriiis", no meio da música, e que o refrão diz algo próximo a "Não quero ser mais um vendido (?)/Nem quero falar só pro seu ouvido/ (...) / Nem quero falar só de amooor"... Não sei.. É algo assim. Bonita canção.

O próximo disco do Mombojó (deve sair em 2006) não vai depender mais de nenhuma revista. No Recife, eles disseram da insatisfação com a revista Outracoisa. Segundo eles, a cor do dinheiro das vendas da Revista-CD não passou nem perto eles. A banda caminha a passos largos para lançar o próximo disco por uma gravadora. A presença de Carlos Eduardo Miranda, da Trama, no show indica alguma coisa?!? Não sei. Só sei que quando estive com o produtor, ano passado, perguntei se o Mombojó interessaria à Trama e ele disse; "Eles estão muito bem sozinhos. Não precisam da gente. Agora, se eles quiserem, eles sabem que podem contar conosco e que as portas estão abertas."

Será? Será??

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Não querendo comparar, mas ainda dentro da série "quem tem talento mostra desde cedo", o Mombojó lançou esse sensacional álbum de estréia com a média de idade de 20 anos, tendo 3 anos de estrada, e um integrante de 17 anos, o excelente baterista Vicente!

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Em breve, a íntegra da entrevista com o Mombojó, no Recife.

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Parabéns, pai!

3.7.05

"Só Pessoas Infelizes Não Sabem Dançar" 2

Depois de me empolgar com os shows de Black Rebel Motorcycle Club, Von Bondies, Elbow, Super Furry Animals, Primal Scream, Franz Ferdinand, Dandy Warhols e Michael Nyman, no cinema, parti para o Circo Voador.
A abertura foi de Os Outros, de quem nunca tinha ouvido falar, com um show bacana, sem empolgar (missão sempre difícil pra quem não é a atração principal). A voz do vocalista é destaque, meio rouca, meio blueseira, apesar de paramentado ele como um punk. Lembra em certos momentos Cazuza ou Angela Rô Rô, e busca uma inspiração de leve na Jovem Guarda. A banda toca bem, mas não apresenta nada de extraordinário.
Em seguida veio o Canastra, com um show cheio de motivos para você não perder mais. O Circo estava vazio, em contraste com a Fundição cheia para uma versão “raiz” da Festa Ploc: Marley Cover, Raul cover (Baia) e Grande Encontro cover (Geraldo Azevedo). Imobilizar o passado é um atraso musical, cadê a criatividade que estava aqui?, não precisam dela, esses caras.

O Canastra é a nova banda de Renato Martins, que está apaixonado. Findo o Acabou la Tequila, ele partiu para uma mistura de dixieland (algo entre a pré-história e o início do jazz de Nova Orleans, com bandas grandes de negros da década de 20, para bailes de proletários a fim de desrespeitar a Lei Seca, ainda antes do crack da bolsa) com rock e surf music. Rolam brincadeiras com country, com pop italiano, e tal. Para Renato, música de vovó, para o Rio Fanzine, seguindo entrevista depois de um show em Goiânia, acho, música de desenho animado. Com um baixo acústico. E com o apoio de Jimmy London (Matanza, que produziu o disco), e a força espiritual de Donida, Nervoso e Gabriel Thomas. E há rumores de que eles queiram um saxofonista, “tem um espaço aí”, me diz uma fonte segura.

O show teve problemas de som o tempo todo, só para contrariar o elogio do mal-acostumado (naturalmente...) vocalista dos Outros. O trombone convidado era claramente passado enquanto o show andava, o baixo demorou umas três músicas pra ser ouvido, as guitarras quase não saíam ao mesmo tempo, e o violino, coitado, só uma vez. Apenas a bateria se salvou, mas de onde eu estava, provavelmente foi notada independente dos microfones.
Renato é aquele homem de frente da banda que parece ser um colega teu no sarau da escola, você torce por ele, acha aquilo tudo o fruto de muito talento, mesmo. Parece que você é parte do crescimento de uma boa onda, que no caso não tem nada de incipiente ou experiência colegial como seria no caso do sarauzinho de que falei. Tudo ali soa muito próximo, em referências e em relação com a música, relação de diversão e mesmo de paixão. E Capuccino, logo no início da apresentação, reforça isso aí.
De um lado e de outro, baixista e guitarrista estão ali na condução da música, em diálogo de um para o outro, em leve clima de farra, com temas sacanas e despretensiosos, mas que se você levar a sério se dá bem. E a guitarra de Renato, que tem tanto topete quanto qualquer outra testa em cima do palco. E a bateria pra cima, pilhante. E o resto é contigo, e uma garrafa de rum.
Quando sobe ao palco, Nervoso toma para si o gestual dramático muito melhor do que qualquer Quasímodo Jefferson em CPI dos Correios, para entregar a mensagem do veneno servido como drinque, contaminando a mente e com um gosto na boca que demora a sair. Porque música tem disso, se você não sabe.
Um pouco depois, é o ruivo do Matanza que entra de perna imobilizada, para mandar o que me pareceu (e assim concluo) uma cover de Nash, bem bacana, rock do sul americano, com cheiro de bourbon. E assim foi, com espaço para entrar na dança (“Você entrou na dança/ Agora dance”), para o prenúncio de Canastra no Tequila, Dallas, e para Tu Vuo Fa l’Americano, momento alto do filme do senhor Ripley, numa locadora perto de você.

Basta um motivo para não perder o próximo show do Canastra: você perdeu este, e isso não se faz duas vezes.

“Só Pessoas Tristes Não Sabem Dançar”

A simplicidade é a mensagem de ‘9 Canções’. Para tratar de uma paixão e da solidão, o diretor Winterbottom opta por três diferentes campos: a cama (ou a mesa de cozinha que estiver na função), um show de rock, e a Antártida. Nos três, de formas parecidas, se encontram a agorafobia e a claustrofobia. O indivíduo enfrenta os medos de espaços abertos e fechados se relacionando com um outro indivíduo, com uma banda de rock ou com o vazio geométrico e branco. Mas estará sempre medroso de si, da solidão, do derretimento de um sólido iceberg. E das interpretaçõe próprias e intransferíveis para cada acontecimento.
O filme reavalia o tempo, e coloca o sexo e o rock, tão editados em uma época de MTV de quizes e vjs sem-graça. Em uma época de arquivos .wmv, de censuras pg13, de nudezas politicamente corretas e pudores profissionais, pensando em uma carreira idealizada. Os shows são filmados com o tempo que demoram (uma canção de cada banda, a não ser o Black Rebel Motorcycle Club, que abre e fecha o filme), o que contraria a idéia de que se não picotar na mesa de edição fica chato. Não fica.
Com o sexo, a mesma coisa. Não se sugere, nem se precisa mostrar a gatinha de peitinho de fora. O que aparece é tudo, inclusive respiração pesada, chileques de corpos suados, olhares, dúvidas, auto-censuras e, por fim, risadas e um assunto para surgir. O dia nascendo feliz, a vida que todo mundo quis.
E, graças ao contraponto da Antártica, que é branca e clara em vez de escuro e penumbroso, vai se entendendo que a paixão é uma coisa simples, com tempo e espaços próprios. A cama tem o espaço e o tempo que a relação entre duas pessoas (o assunto do filme não é suruba, dessconfie de quem te contar o contrário) permitir. Ali tende ao infinito, e é apertado. Agorafobia e claustrofobia. E o mesmo vale para um show de rock.
Mesmo cercado por cinco mil pessoas, pensa Matt, um show de rock pode ser o local mais solitário do mundo. Claro, o show de rock está ali, o que o torna mais isso ou aquilo (solitário ou íntimo ou romântico ou curtição) é o indivíduo, e o que passa pela cabeça dele. Se isso for entendido de uma vez, ‘9 Canções’ ganha muito mais beleza. Cada uma das nove entra em um determinado momento da história de Matt e Lisa que dura um ano para dar algum sentido e comentário. Só que nada é pornográfico (no sentido de explícito e, depois de um tempo, entediante).

Assim como nada se constrói com símbolos narrativos de uma paixão – um primeiro (olhar, beijo, risada, te amo), um ciúme, um bilhete desprevenido ou uma “nossa música”, o que seria fácil – também nada se explica pelo Primal Scream, pela belíssima entrada de Michael Nyman ou pelo Dandy Warhols. O que há, e isso é o mais interessante, são as condições para que cada um relacione aquela canção – sendo, além da letra, a melodia, o ritmo e mis-en-scène, afinal rock’n’roll é do que se trata – com a paixão do filme, ou da vida.
Ou seja, para além da cama, do show de rock, e da Antártida, há ainda um quarto lugar fundamental que Winterbottom nos presenteia para a inevitável solidão: o escuro do cinema. E isso sim é belo demais.

2.7.05

Helloween

As abóboras de Chicago estão prestes a voltar. O Smashing Pumpinks, melhor banda surgida em decorrência do movimento grunge, estaria ensaiando um retorno. A informação é do NME.
Sem lançar disco desde o ano 2000, Billy Corgan, James Iha, D'arcy Wreczky e Jimmy Chamberlain deixaram um monte de gente com saudade.

Em 2003, Corgan já ensaiou voltar a cena com uma banda que dava toda a pinta de ser uma grande banda, o Zwan, mas o projeto terminou rapidamente. Corgan sempre demonstrou que os Pumpinks eram uma espécie de "projeto de vida" e que ter terminado o grupo nunca foi uma decisão bem resolvida para ele. O vocalista acabou de lançar The Future of Embrace, mas como não ouvi, não posso comentar. Semana passada, ele teria dito ao jornal Chicago Tribune que estava se lançando em carreira solo, mas que "seu coração continuava com a antiga banda". Que buuunito!

Como esse não é exatamente um site de notícias musicais e, sim, de experiências musicais, aproveito a notícia para fazer um "flashback" e lembrar do quão sensacionais foram, para mim, os discos The Mellon Collie and Infinite Sadness e os clipes deles nascidos. Curti muito a banda naquela época.

Os Pumpinks são uma daquelas bandas que, de início, eu não gostava, não sabia o porquê. Acho que eu não gostava da idéia de gostar de uma banda com aquele som, aquele visual, aquela careca, aquela mulher esquisita no baixo, sei lá. Com o Oasis também foi assim. Não gostava da idéia de gostar. Muitas vezes isso acontece em música. Você não conhece, não quer conhecer e já sabe que não gosta. O meu vício adolescente por televisão, em especial por MTV, me deu a oportunidade de ouvir mais essas duas bandas, corrigir minhas impressões iniciais e passar a gostar demais delas. O sombrio disco Adore também foi bastante tocado lá em casa, especialmente antes de dormir. Gostava muito de fazer isso e esta é a lembrança mais clara que tenho deste álbum. Adore é daqueles discos que você gosta do disco como um todo, a ponto de não saber exatamente nem a ordem, nem os nomes das músicas.

No dia 14 de agosto de 1998 - tinha eu 16 anos -, a banda tocou no finado Metropolitan. Lembro que fui ao hotel em que eles estavam, o Sheraton, para tentar autografar meu violão. Não tinha ninguém por lá e o moço da portaria disse que eles tinham acabado de sair. O show foi médio, eles pareciam meio sem vontade de estar ali, meio enfadados. Era uma boa época, as grandes bandas vinham direto ao Brasil, no auge da forma. Naquele ano, o próprio Oasis esteve por aqui, também o Prodigy, o Green Day, Silverchair e, se não me engano, o Red Hot Chili Peppers também vieram. Lembro que, naquele dia, a produção do show do Smashing Pumpinks colocou uma divisória no meio da galera e assim só as 600 primeiras pessoas a entrar na pista poderiam ficar perto do palco. O porquê daquilo, eu nunca entendi. Rapidamente a platéia se revoltou e, no melhor espírito grunge, derrubou aquela palhaçada. O show em si foi tranqüilo, sem confusões.

Acho que eles ainda ficaram devendo uma grande apresentação por aqui. Quem sabe... Se até o Pink Floyd se reuniu de novo e tá tocando hoje em Londres, impossible is possible tonight, tonight.

1.7.05

Estudando o (boato do) rock

Já tá enchendo o saco essas especulações sobre a agenda do segundo semestre. Todo mundo só escreve disso, só fala disso. Normalmente, menos da metade do que é aventado se cumpre.

Mas vamos lá, como hoje é 1 de julho, simbolicamente o início do segundo semestre, segue uma rápida estudada sobre o tema. Numa visita aos sites das principais bandas de que se cogita a vinda, podemos ver o que há de impossível e de improvável nisso tudo.

Foo Fighters - Antes de setembro, impossível. Agenda lotada com shows no Canadá, Europa e Japão.
Weezer - Agenda cheia até metade de agosto. Shows na terrinha natal e no Japão.
Garbage - Agenda cheia até metade de agosto. Shows no véio continente e EUA.
Oasis - Agenda lotadaça! Só rola se for no mês de outubro, ou na segunda metade de dezembro.
Kings of Leon - Agenda lotada até metade de agosto. Zoropa e States.
The Strokes - "There are no tour dates schedeuled at this time. Please check back later. The Strokes will go back on tour in late 2005". Se você quiser contratar os Strokes para tocarem na festinha que você vai dar no seu prédio, sábado que vem, mande um email para Ryan Gentles ou Juliet Casablancas, managers da banda.
Wilco - Agenda irregular. Agosto sem nada marcado. Primeira metade de setembro, lotada. Outubro, pode ser.
Flaming Lips - Server not found.
Outkast - Sem informações sobre turnê.
White Stripes de novo - Só depois de outubro.

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Enquanto isso, segura a escalação principal do festival japonês Summer Sonic, a se realizar em agosto:
Oasis, Weezer, Kazabian, Yellowcard, Nine Inch Nails, Slipknot, Duran Duran, Black Crowes, Echo and the Bunnymen, Public Enemy, Rammstein, Interpol, TV On the Radio, Ian Brown, Arcade Fire, Bloc Party, Teenage Fanclub e, no final da lista, rola um "and more"... ai ai... Interessou?

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Ah, sem falar que amanhã tem Live-8, em váááárias cidades espalhadaaaaças pelo mundo. Entenda-se EUA, Canadá, Europa, Japão - lugares que quase nunca têm shows assim -, Rússia e África do Sul - pra fazer uma média popularesca. Detalhe, olhando a escalação de Rússia e África do Sul, o artista mais renomado que vai para um desses dois países são os Pet Shop Boys, em Moscou. Na África, nem isso. Nenhum tostão também. A grande importância da África nesse evento é atribuir valor à grife. Só isso. Não vou entrar nesse mérito. Apesar desse não poder ser o único olhar sobre o evento - que tem seu valor, tanto musical como de intenção - sugiro o texto de Guilherme Fiuza. Quanto à escalação na íntegra do Live-8, só lamento, amigo. Vai lá e olha. Impossível escrever todo mundo que vai tocar. Meus dedos não aguentariam mais.

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Na prática:
Agenda Fim de Semana (grandes casas) no Rio de Janeiro
Jorge Vercilo - Canecão - 30.06 a 03.07
Momix - Claro Hall - 01.07 a 03.07 (esgotado...)

Consolo musical:
Agenda Fim de Semana (quase indie) no Rio de Janeiro:
Mombojó e Canastra - Circo Voador - 02.07 - R$20,00
Jamelão - Bar do Tom - 01 e 02.07 - R$ 30,00

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Quem será o(a) professor(a) de canto do Roberto Jefferson? As aulas têm tido resultado prático, não?!


Enfim, a casa própria
Perda :: Dorival Caymmi
Dorival Caymmi :: Compilação de vídeos
Show: Momo, no Cinemathèque
Site:: OEsquema
Agenda :: Momo, Hoje!
Aviso: Última Digital Dubs na Matriz
Entrevista: Fabrício Ofuji, produtor do Móveis Col...
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