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Bernardo Mortimer
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Bruno Maia
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29.8.06

Macacos que latem

Agora na TV. Alguém já reparou que o riff de "Mardy Bum", do Arctic Monkeys, é trilha sonora da nova propaganda do iG? Uma em que um rapaz se mostra desolado porque seu gato late e, por isso, vive sozinho, mal visto pelos outros felinos...

Reparou não? Então repara só se não é.

O garotos de Sheffield, devagar devagarinho, vai seguido a trilha do Strokes. Rumo ao pop. Solitários? I don't think so...

28.8.06

Nova linguagem para clipes



Está cada vez mais evidente que a mudança dos tempos na indústria fonográfica chegou aos videoclipes. A linguagem de cortes rápidos, muita ação, ou ainda de megaproduções e altos orçamentos, consagrada sobretudo na década de 90 está demodê. As revoluções na forma de consumir música estão chegando às telas, ainda que não necessariamente as da tevê. Cada vez mais, boas idéias são as grandes soluções para videoclipes. Até porque, mesmo para fazer uma "superprodução" hoje em dia é bem mais barato e dá pra fazer uma no seu computador, se você tiver pilha.

Como o Bernardo disse, o Youtube é a nova MTV. Só que é muito mais legal. A revolução na linguagem dos videoclipes está apenas começando e a chegada do Youtube vai influenciar diretamente nisso. Para quem se dá o trabalho de olhar um pouquinho, é evidente que os vídeos que mais fazem sucesso por lá já tem uma carinha própria, uma cara de "youtube". Ou vai dizer que não?

O clipe de "Here we go again", do Ok!Go é um desses, nova safra, com uma grande sacada, um custo baixissimo e muito divertido. A música também é boa, mas provavelmente passaria despercebida numa programação qualquer de rádio. Ainda não pode ser chamado de um clipe que tem "cara de youtube", mas tamo quase lá.

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Só resta saber o que o Fred Astaire acharia disso tudo.

O Circo pega fogo



Essa semana começa a maratona de shows bacanas. O Circo Voador vem forte com a série Encontros Tim de amanhã até quinta-feira. Destaque para quinta, dia 31: Los Hermanos convidando Adriana Calcanhotto e Ney Matogrosso. Na sexta, tem Tortoise e Los Sebozos Postizos.

Tá pouco não.
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Cocoroise e Adriana Calcanhotto no sábado também promete.

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E domingão? O primeiro festival carioca de J-Rock, ou, para quem não entendeu, Rock Japonês. Vai lotar, acredite. Se puder, não perca.

24.8.06

Tim Festival 2006 :: Programação

O dia começou com o buxixo da suposta lista oficial final do Tim Festival 2006. A fonte (confiável) é o site rraurl.com. A programação de 2006 abraça mais o rap do que na última edição, na qual a grande estrela era o rock. Esse ano, no lugar do Strokes, vêm os incesados Beastie Boys. Além disso, Instituto e DJ Shadow. Algumas surpresas como a não-presença do (excepcional) Gogol Bordello e do Clap Your Hands Say Yeah, que eram tidas como barbadas deste ano. Na praia do indie-rock, Patti Smith se junta ao Yeah Yeah Yeahs. Além disso, a banda queridinha do Lúcio Ribeiro e do Diplo, os curitibanos do Bonde do Rolê, confirmaram presença. Outro que vem do sul é o graforréico Marcelo Birck, que estava preparando um disco novo para esse ano, mas ainda não tenho informações que confirmem seu lançamento. Coisa boa também.

O ponto alto é a confirmação do TV on The Radio e do Daft Punk, este, sim, a grande estrela da edição 2006. Dois shows imperdíveis, cada um na sua praia. O Tributo a Ivan Lins também é outra ótima (e justa) sacada. Resta saber qual será o formato escolhido para isso.

Fechando as novidades, a inclusão de Vitória no itinerário do festival, com a presença sempre ilustre de Yamandu Costa, que fez um dos grandes shows do festival no Rio em 2003. (ou foi 2004?) . E Curitiba ganhou a melhor noite, só com medalhões, mas sem os nativos do Bonde do Rolê.

Afora tudo isso, o mesmo de sempre: um festival que prima pela novidades, cheio de artistas ainda desconhecidos do "grande-público". Normalmente, a curadoria é muito competente.

Enfim, a lista. Toma aê e separa o cascalho!


Rio de Janeiro (Marina da Glória)
Sexta-feira, 27/10

TIM CLUB, 20h
Ivan Lins/Tributo
Jennifer Sanon
Maria Schneider

TIM STAGE, 23h
Daft Punk

TIM LAB, 22h30
Céu
Amadou & Marian
Devendra Banhart

TIM VILLAGE, 1h
DJ Shantel
Maurício Valladares

Sábado, 28/10

TIM CLUB
André Mehmari Trio
Roy Hargrove
Charlie Haden

TIM STAGE
Mombojó
Patti Smith
Yeah Yeah Yeahs

TIM LAB
Bonde do Rolê
TV On The Radio
Thievery Corporation

TIM VILLAGE
Booka Shade
Pet Duo

Domingo, 29/10

TIM LAB
Stefano Bollani
Ahmad Jamal
Herbie Hancock

TIM STAGE
Instituto
DJ Shadow
Beastie Boys

TIM LAB
Marcelo Birck
The Bad Plus
Black Dice

TIM VILLAGE
DJ Jason Forrest
Camilo Rocha


São Paulo
Sexta-feira, 27/10 (Auditório Ibirapuera, 20h30)

Stefano Bollani
Ahmad Jamal
Herbie Hancock

Sábado, 28/10 (Auditório Ibirapuera, 20h30)

Ivan Lins/Tributo
Jennifer Sanon
Maria Schneider

Domingo, 29/10

(Anhembi, 18h)
Mombojó
TV On The Radio
Thievery Corporation
Yeah Yeah Yeahs
Daft Punk

(Auditório Ibirapuera, 20h30)
André Mehmari Trio
Roy Hargrove
Charlie Haden


Curitiba (Pedreira Paulo Leminski)
Terça-feira, 31/10 (19h)

Nação Zumbi
Dj Shadow
Beastie Boys
Patti Smith
Yeah, Yeah, Yeahs


Vitória (Teatro Universitário da UFES)
Sexta-feira, 27/10
Roy Hargrove

Sábado, 28/10
Yamandu Costa
Herbie Hancock

Domingo, 29/10
Amadou & Marian
Devendra Banhart


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Pra quem estava fora do país ou por qualquer razão perdeu os primeiros shows da turnê de Homem-Espuma, do Mombojó, tá aí uma grande chance de dar un confere! O disco é primoroso.

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E pra alegria do Bernardo, ainda tem Nação Zumbi. Se joga, garoto!

23.8.06

Brian Wilson :: Brian Wilson presents Pet Sounds live

Depois de Marisa, Ella Fitzgerald/Tom Jobim, a sexta passada enfileirou "Brian Wilson presents Pet Sounds live". A versão ao vivo de um dos meus álbuns favoritas foi comprada na França. A tentação ao encontrá-lo na minha frente foi mais forte do que a falta de dinheiro na carteira. O disco é meio difícil de achar por aqui. E como eu coleciono tudo sobre Pet Sounds, não havia como resistir. Apesar disso, deixei para escutá-lo apenas aqui no Brasil. Portanto, na última sexta-feira, foi o meu primeiro contato com o álbum. Esperava pouco, mas ele é bem bom.


Thank you so much…We’ re going to do the entire Pet Sounds album now! And here we go!

É assim que Brian Wilson abre a noite em que apresentou sua obra prima com os Beach Boys. O disco original é de 1966, a apresentação ao vivo que dá origem ao disco é de 2002. Trinta e seis anos e muitas, mas muitas, drogas depois, o cantor reiniciava sua volta aos palcos.

Tirando os Beatles, talvez Pet Sounds seja o maior disco de banda da história do rock. O disco ao vivo, quase quatro décadas depois, tem mais valor pelo afago na memória afetiva das pessoas do que por ser a fiel reprodução do que já se ouvira. Ao contrário do que Roger Waters vem fazendo com sua turnê “Performing The Dark Side of the Moon”, na qual a fidelidade na reprodução dos arranjos é impressionante, o disco de Brian Wilson perde algumas coisas. A voz já estremecida do sessentão fica muito a frente do resto da banda e não soa mais tão afável e doce como outrora. Ele se esforça, mas desafina em vários momentos.

Apesar disso, o disco é bom. Pode parecer incoerente e talvez até seja, mas o peso que a voz de um cara como esse tem, num repertório deste naipe, soa mais emocionante do que a fragilidade imposta pelo tempo às suas cordas vocais. Brian Wilson está claramente feliz no dia da gravação, emocinado. O convite que faz ao público para que fechem seus olhos durante a introdução de “Don’t talk (Put your head on my shoulder)” é tão irresistível quanto o para reabri-los na faixa seguinte, a linda “I’m waiting for the day”. Esta faixa, com agudos muito fortes é uma das que mais revela as deficiências atuais de Brian Wilson. Na abertura, com (a minha favorita) “Wouldn’t it be nice”, ele até começa cantando um pouco abaixo do tom original, para não se perder. Mas ao longo do disco, o cuidado se esvai e a afinação também.

Um pouco mais a frente, daquilo que é um dos maiores elogios da música: “This next song, my friend Paul McCartney told me that it is his favorite song”. E lá vem God only knows. Tanto tempo depois, essa música parece fazer ainda mais sentido (“God only knows waht I would be without you”) se imaginarmos que ela deve ter sido feita para a esposa dele, Ms. Melinda Wilson, que durante esse tempo todo segurou a onda e lhe tirou de diversos fundos de poços, dos quis ele mesmo não queria sair. Brian nunca negou que ela é a grande responsável pelo fato de ele ter voltado a gravar e se apresentar.

A banda é grande, oito pessoas, contando o próprio Brian. Eles carregam bem o show, mas o resultado final do álbum fica devendo bastante. Os coros do álbum original são bem reproduzidos, mas a dissonância com a voz principal, que pra piorar, parece estar mixada mais pra frente do que deveria, os deixa ligeiramente escondidos.

Pelo registro histórico e por ser uma revisita a um dos melhores momentos da música pop no século passado, o disco vale. Mais do que tudo, é uma edição para colecionador. Então, junte-se a nós! Vem com tudo!

19.8.06

Ella Fitzgerald :: Ella abraça Jobim

Continuando a falar sobre a trilha sonora da última sexta-feira à tarde, vamos ao segundo disco que tocou por aqui. Na sequência de Universo ao meu redor, veio Ella abraça Jobim.


A versão em CD do (fundamental) álbum Ella abraça Jobim (1981) também foi trilha sonora preponderante nos três meses de Alemanha e reapareceu na tal tarde de sexta-feira a que o último texto se referiu, cumprindo um papel de soundtrack para o flashback de melhores momentos que rolava na minha cabeça. Comprado em Hamburgo, na excelente rede de pequenas lojas Zweitausendeins (ou, Dois mil e um, se traduzirmos), que está espalhada por várias cidades alemãs, por 1,99 euros, o disquinho vale bem mais que isso.

Trata-se de um trabalho caprichado de Ella Fitzgerald, já bem madura. Quando gravou o disco em apenas seis dias, três em setembro de 1980 e mais três em março de 1981, ela já era Ella. O disco é mais um dos lançamentos do importante selo Pablo Records, que na década de 1970 resgatou a carreira de vários grandes nomes do jazz americano como a própria Ella Fitzgerald e Dizzy Gillespie, sob a batuta do famoso produtor e empresário deste ramo, Norman Granz. Inicialmente lançado como um álbum duplo em vinil, a versão em CD traz apenas uma bolacha com 17 faixas, uma menos que a versão original. No caso, Song of the Jet (Samba do Avião) foi quem sobrou. Segundo registros, há ainda uma outra versão do álbum em vinil que traz Don’t ever go away (Por causa de você).

Ella é acompanhada por uma banda americana, na mais correta acepção da palavra, desde a southamerica até os iu-éçêi: o baterista é peruano, Alex Acuna, o baixista, mexicano, Abraham Laboriel, o guitarrista, estadonidense, Paul Jackson e o percussionista é o brasileiro Paulinho da Costa, que devido a sua vital participação no disco, ganhou crédito de Associate producer e agradecimentos especiais de Norman Granz no texto que vem publicado no encarte. Outro brasileiro que participa com solos de violões é Oscar Castro-Neves.

O repertório se baseia em grandes standarts da música jobiniana. Dreamer (Vivo sonhando) é a faixa de abertura e traz um arranjo bem jazzístico, com direito a solo de guitarra de Joe Pass, mas sem prejudicar o espaço para a interpretação peculiar de Ella, que recria as divisões e subidas, deixando tudo com um charme realmente muito especial. O disco vai todo por belas versões, quase todas sobre um formato clássico de jazz, sem grandes invenções a não ser a permanente presença de teclados, em vez de pianos.

O fato de Ella resolver cantar algumas das faixas em português é a grande questão estética que o disco suscita. Tudo bem que a bossa-nova é em português e que um certo orgulho ufanista faz com que alguns se incomodem com o fato de os americanos traduzirem tudo para o inglês, enquanto aqui nós consumimos a música deles, na imensa maioria das vezes, em no idioma deles mesmo. Mas fato é que a preocupação de Ella em cantar algumas músicas em portuguê acaba atrapalhando a interpretação. Fica tudo esquisito demais, conseqüência da péssima (ainda que esforçadíssima) pronúncia dela. Algumas músicas incomodam, como Water to drink (Água de beber). Não sei precisar se Ella optou por isso para tentar se aproximar mais do formato original do trabalho de Jobim, ou se é uma tentativa de homenageá-lo, mostrando o seu esforço para cantar em português. Seja qual for a justificativa, por mais que possa parecer simpático, o resultado é ruim.

Outro ponto parecido é a opção de mudar, algumas vezes, o gênero do objeto das letras. O feminino sempre vira masculino. Ao invés de 'ela é cario2ca', he is carioca. Ao invés de "the girl from Ipanema", the boy from Ipanema. Mudanças que estruturalmente não comprometeriam nem a métrica, nem a melodia. Opto por encarar isso, especialmente nessas duas músicas, como uma homenagem a Tom, porque, na verdade, seja em português, seja em inglês ou japonês, mudar o gênero em função de uma possível má interpretação que se possa fazer sobre a sexualidade do intérprete – e essa é a única explicação plausível que eu consigo achar para justificar uma mudança dessa natureza - é uma grande bobagem.

Mas na verdade, todas essas queixas, são apenas detalhes quase risíveis. O disco é Ella Fitztgerald e Tom Jobim. Só isso já bastaria. E basta.

18.8.06

Marisa Monte :: Universo ao meu redor

De volta, o que resta é se reatualizar e fazer alguns flashes dos melhores momentos da viagem em loop dentro da cabeça. E assim, naturalmente, surgiu a trilha sonora para uma tarde de sexta-feira. Aos poucos vou escrevendo sobre eles. Pra começar, Marisa Monte.


Marisa Monte – Universo ao meu redor
O disco de Marisa mais voltado para o samba está realmente lindo. Notícia velha, eu sei. Mas é bom escrever sem ter lido muito sobre o que os outros falaram, já um pouco longe do calor do lançamento. Marisa mostra que a veia de compositora é decisiva na hora de colocá-la no Olimpo das cantoras brasileiras. Se o critério fosse só voz e interpretação, ela já estaria lá. Sem falar o fato de que é imitada por quase todas as que vieram depois dela. Mas o fato de compor, de maneira tão diversa e cada vez melhor, cria a sensação de que ela está se isolando cada vez mais em seu pedestal, longe das outras, sejam Ritas, sejam Duncans, ou Sás... Sambas cadenciados, com divisões tradicionais e letras modernas. Alguns clichês harmônicos e melódicos, é verdade, mas nada que prejudique o disco. O trabalho com os outros dois tribalistas, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, continua redendo belos momentos. Engraçado imaginar a possibilidade de o ex-titã ter escrito um verso como “trabalho em samba, não posso reclamar”. Além da faixa-título - onde o tal verso aparece -, Universo ao meu redor tem em O bonde do Dom um outro destaque da parceria dos três. Difícil apontar uma música ruim no disco, mas como em todos os álbuns da cantora, sempre tem uma faixa fácil de pular, dada a chatice. No caso é Statue of Liberty, parceria inusitada entre ela, David Byrne e Fernandinho Beatbox(!).

A produção de Mário Caldato mostra como esse rapaz está, de fato, acima do resto. Depois de SuperFurry Animals, Beastie Boys, Jack Johnson, Planet Hemp/D2, Nação Zumbi, Instituto, Beck, John Lee Hooker, Molotov, Bjork, John Spencer Blues Explosion, Ozomatli, Moby, Yoko Ono e mais, o cuidado e minimalismo com que conduz (e toca guitarra slide) dão um toque ímpar de delicadeza ao trabalho.

A arte gráfica do disco também é outro ponto onde esse cuidado aparece. Desde Verde, anil, amarelo, cor-de-rosa e carvão (1994), todos os álbuns da cantora trazem letras acompanhadas por cifras para tocar ao violão, o que virou marca registrada e é extremamente simpático. Agora, ela ainda acrescentou o ano em que cada música foi feita e isso ajuda a clarear o eixo montado por ela para ligar o portelense Casemiro Vieira, 1944 (Perdoa, meu amor , com direito a participação do compositor tocando cuíca), a imperiana Dona Ivonne Lara, 1945 (Pétalas esquecidas, em parceria com Teresa Batista, ainda da época em que era enfermeira da colônia Juliano Moreira – famoso lar carioca de tratamento de doentes mentais, onde atuou por muito tempo a Dra. Nise da Silveira), até os tribalistas Arnaldo e Carlinhos, 2005 (A alma e a matéria), passando pelos velhos-novos baianos Moraes e Galvão, 1969, na linda Três letrinhas.

Esta não foi a primeira vez que Marisa Monte foi buscar material no baú desta turma de baianos roqueiros que, assim como os Beatles, em 1964, descobriram Bob Dylan-maconha-LSD, descobriram, em 1971, João Gilberto-música brasileira-violão. Marisa já havia gravado A menina dança, além de já ter tido em sua banda Davi Moraes, filho de Moraes Moreira. Completando a ligação com a trupe setentista, hoje ela conta com as competentes guitarras de Pedro Baby, filho de Baby doBrasil Consuelo e Pepeu Gomes, outros dois ex-integrantes do Novos Baianos. Três letrinhas lembra as músicas que Adriana Calcanhotto escolheu para gravar em Adriana Partimpim (2005), dada a singeleza.

A cantora gaúcha é outra que aparece em Universo ao meu redor, com Vai saber?. Completando o time de compositores, Argemiro Patrocínio, 1980, (Lágrimas e tormentos) e Paulinho da Viola, 2005, que ainda toca um cavaquinho na sua inédita Para mais ninguém. A faixa mostra que a pena do compositor portelense continua afiada. Desde Bebadosamba (1996), ele não lança um disco de músicas inéditas.

Não consegui ir no último dia da turnê carioca dela, como planejava. Nem tanto pelo cansaço, e mais pelo horário. Às 19hs de domingo, as coisas ainda estavam muito agitadas para quem acabara de chegar. Mas dá pra imaginar como foi.

16.8.06

Trilha sonora para três meses na estrada

Depois de três meses e mais de dez mil qui- lômetros pelas rodovias da Europa Central, sobretudo da Alemanha, volto ao Rio. O site foi menos atualizado do que eu desejava, mas vamos retomar.

Pra recomeçar, essa listinha do hit parade da viagem por solo alemão.

Mavis StaplesI've learned to do without you
Jackson 5Love you save
Marcelo CameloLiberdade
ShakiraHips don’t lie
JoanesLa camisa negra
Jack JohnsonSitting, waiting, wishing
Mongo SantamariaWatermelon Man
Selim HumbaraciWave
Ella FitzgeraldDreamer (Vivo sonhando)
Marcelo D2 - A maldição do samba
Three Lions - Football is coming home
The KinksWe are the village green preservation society
Paul Anka - Wonderwall
Marisa Monte - Diariamente


Só hit.

1.8.06

A utopia como arma

Há algum tempo os Detonautas vêm prestando serviços ao rock brasileiro. Ainda que, musicalmente, seja fácil criticar o grupo, é possível se olhar uma série de outras posturas da banda. Antes, e muito antes, do bárbaro assassinato do Rodrigo Netto (guitarrista da banda) em junho, o grupo carioca já vinha usando a Internet para propagar um discurso contra a violência, inércia, corrupção e aquele monte de coisas que a gente sabe que transbordam no Brasil. Até aí pode não parecer nada demais.

Fato é que o grupo sempre fez isso repetidamente. Não era um, dois ou três dias. Era quase diariamente no seu blog. Utilizavam – e o continuam fazendo – o próprio site para propagar idéias positivas, cientes do público que os consome e tentando informar para esta galera coisas que muitas vezes fogem aos olhos de quem não presta atenção em evidências. É um papo utópico, sim, do “faça sua parte”, “pesquise sobre o seu candidato nas próximas eleições”, “leia mais sobre a abusiva taxa de impostos no Brasil”, “pelo fim do voto secreto na câmara dos deputados”, mas é fundamental. A utopia é fundamental.

O Arnaldo Bloch escreveu sobre isso, no último domingo no Globo (caso queira ler, procure pelo post do dia 29 de julho de 2006, no blog do jornalista). No caso, ele focava a questão sobre os conflitos no Líbano. Mas o discurso serve igual. Os Detonautas não se cansam de correr atrás da utopia. Fizeram passeatas solitárias no Rio de Janeiro durante os jogos do Brasil na Copa, para se manifestar contra a violência que lhe tirou um irmão, como eles dizem. Pediram para os fãs irem a shows com faixas e roupas pretas em “n” situações para protestar contra não-sei-o-que, reclamaram dos teatros das CPIs, incentivavam a leitura diária dos cadernos de política dos jornais, enfim. Mais do que um discurso politicamente correto, a banda sempre transpareceu verdade nos seus textos porque, vez ou outra, não se agüentavam e escreviam também de como é bom viver sabendo que, a cada dia, está se realizando um velho sonho. No caso deles, de serem músicos famosos que viajam por todo o país tocando.

Lembro-me de já ter visto um deles contando do trabalho de formiguinha que fizeram na ocasião do lançamento do primeiro disco para divulgá-lo em pequenas rádios do interior do país. Se não estou enganando, o grupo pegava parte dos cd’s que recebia da gravadora e um (ou dois) dos integrantes ia(m) descendo de ônibus de linha, até o sul do Brasil, parando em várias cidades, procurando os radialistas, entregando o cd e tentando arrumar um espaço para sua música nas programações viciadas do dial brasileiro. Com isso, eles potencializaram a música “Outro lugar”, e deram o gás necessário para começarem a carreira em condições melhores. Já ouvi também que o Tico Santa Cruz, bem antes da fama, já invadiu sala de diretor de gravadora, com um violão na mão para cantar suas músicas e tentar, com isso, arrumar um contrato para seu grupo.

Não sei quais e quantas dessas histórias remotas são verdadeiras. Mas todas servem para retratar a eterna crença na utopia como forma de transformação, seja do seu infinito particular ou do universo ao seu redor. Pode parecer uma gotinha no oceano, mas esse trabalho que a banda faz através de seu blog tem uma importância muito grande a longo prazo sobre toda uma geração que está se forjando agora e que vê na música e na internet duas ferramentas complementares de diversão e informação. O som da banda ainda não me convenceu, mas até nesse sentido, percebo uma busca por evolução. Eu respeito muito os Detonautas.

Pode ser uma grande utopia minha acreditar em todo esse discurso da banda. Pode ser que venham me dizer que isso é ferramenta de marketing. Pode ser que venham dizer que estou sendo ingênuo. Mas eu prefiro acreditar na utopia.


Enfim, a casa própria
Perda :: Dorival Caymmi
Dorival Caymmi :: Compilação de vídeos
Show: Momo, no Cinemathèque
Site:: OEsquema
Agenda :: Momo, Hoje!
Aviso: Última Digital Dubs na Matriz
Entrevista: Fabrício Ofuji, produtor do Móveis Col...
Vídeo: Reckoner, de Gnarls Barkley
Vídeo: L'Espoir des Favelas, de Rim'K

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