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Bernardo Mortimer
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Bruno Maia
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28.7.08

SISTEMA LAPA DE SAMBA

Já falei aqui sobre o documentário que estou filmando desde dezembro, que a grosso modo trata da história recente do bairro da Lapa e sua relação com o renascimento cultural do samba. Este projeto tem levado grande parte do meu tempo neste ano e, enfim, eis aqui o primeiro corte promocional do filme, feito para ajudar na captação de recursos do projeto. Ainda não é um trailer, mas já dá pra ter uma idéia do que vem por aí, ano que vem.


O site oficial está no ar, em www.sistemalapadesamba.com.br ou www.lapasambasystem.com (em inglês). Neles, há versões com legendas em inglês, espanhol, francês e alemão e a opção de download em formatos diferentes, inclusive para celular e iPod. O nosso blog de produção também migrou para lá.

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Esta é a primeira das nossas novidades, que, em breve, vão deixar mais claro porque o site vem andando mais devagar nos últimos meses. Vale a pena esperar! Rapadura é doce, mas não é mole não...

Updating Hermanos' family

Depois do post sobre os destinos dos hermanos, o gente finíssima Alex Werner, manda por e-mail alguns updates. São eles:

:: O Myspace do Little Joy, projeto de Rodrigo Amarante e Fabrizio Moretti (The Strokes) já está no ar, só não tem música ainda.


:: Marcelo Camelo e sua turma em estúdio...

- Nilson primitivo, William Jr, Bodão, Alberto Continentino, Pepe Cisneros, Domenico Lancelotti, Marcelo Camelo e Gustavo Benjão
- Marcelo Camelo e Clara Sverner

- Marcelo Camelo e Hurtmold crew

E da caixa de mensagens da não menos gente-fina Bebel Prates, chega o aviso de que dia 28 de agosto, o tal DVD Los Hermanos - Multishow Registro será exibido no canal. No dia seguinte, o CD e DVD chegam às lojas. Tá dito, então.

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Especulaçãozinha de segunda: cumprindo esse CD/DVD, o Los Hermanos encerra seu contrato com a Sony/BMG ???

22.7.08

Devendra, Ja Rule e o BRIC

Sem falar na Natalie Portman - óbvio –, uma questão muito rápida me veio a mente assistindo o clipe de Carmensita, do Devendra, que é o tal do BRIC. Brasil, Rússia, Índia e China. O bloco dos quarto países emergentes que mais pressão pode exercer na economia e na política mundial, já vem percebendo que além da inserção nas discussões políticas, há um novo momento de aproximação (e por vezes de apropriação) cultural que os envolve. Ok,  CSS não é uma banda brasileira, vai dizer. Ou que os clichés do samba do Snoop Dogg, das praias do Black Eyed Peas, da Bossa Nova do Sergio Mendes e do tropicalismo do Caetano Mutantes não são novidades, nem vem de agora. Mas a busca das referências culturais pela “matriz” são e sempre foram uma forma efetiva de se medir a importância política e influência de determinado país no cenário mundial. A Disney tá aí pra não me deixar mentir.

Mas vamos ao clipe do Devendra que me fez pensar essas bobagens. Engraçadinho, mas nada demais...

 

Bollywood é a referência que já vem virando cliché tanto quanto a praia de Copacabana. Aliás, essa indústria indiana, que também está tendo uma série de mostras pelo Brasil desde o ano passado, já andou flertando com nossas terras recentemente. O filme Dhoom:2 teve cenas rodadas por aqui.

Vá lá, o Devendra já é chegado numa esquisitice-terceiro-mundista, não contaria muito para essa questão que levanto aqui. Mas conta sim, até porque muito do valor que ele traz consigo vem de a rapaziada do G8 precisar achar que se relaciona com o resto do mundo e ver nele alguém que os representa nesse papel. Mas ok, vamos considerar que nesse caso trata-se apenas da aproximação estética. E aí vem show do Ja Rule na Rocinha também… Aquele papo, né… gueto, periferia, vencer o sistema, ser exemplo e shake ya ass, babies! Para o hip hop norte-americano que Ja Rule representa, o discurso é totalmente desvinculado de qualquer assunto que esteja além de sexo e ostentação de poder. Melhor ainda só se uma coisa estiver vinculada a outra. E aí vem a apropriação. Apropriação do discurso, do cenário, da miséria enquanto style. Veja como ele grita "Rocinha favela" enquanto algumas câmeras de alta resolução registram as popuzudas brazucas se amontoam em cima dele, poderosão...

 

Não há nenhum tom de queixa nisso tudo aí que cito não. É só uma observação mesmo, uma questão que já vimos acontecer nos anos 40 e que está renascendo agora com suas novas caras. Nesse momento, entre os integrantes do BRIC, são as culturas brasileira e indiana despertam mais interesse, apesar das Olimpiadas de Pequim e da pasteurização dos símbolos do comunismo soviético, sobretudo na Europa Ocidental.

Há que se ficar atento. Pode ser uma grande roubada ou uma oportunidade.

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Eu sei. Você sabe. Mas ainda assim é bizarro: o Devendra pega a Natalie Portman.

20.7.08

Myspace: Foccacia

Efeito Mágica

       Noite de uma sexta-feira, fui entregar uma estante de microfone esquecida da festa que ainda ecoa pelo sobremusica, e dou de cara com o Foccacia em pleno processo criativo. Ou seja, Alexandre Basa e Bernardo Palmeira, conexão Rio-SP. Ou, por outras, uma cozinha de Charles Mingus, um piano de Alice Coltrane, e um bom dia de Norah Jones, com a devida interferência de um laptop frenético. O sax, ironicamente, eu não sei de onde veio. Entre e ouça.

19.7.08

Los Hermanos News (Fuxicagem e inutilidades)

Então, o Marcelo Camelo não só chamou a Mallu para gravar no seu disco, como anunciou sua primeira aguardada e promi$$ora turnê solo para os próximos meses. Apesar disso, ninguém ainda falou de data pro lançamento do disco. Bem, mas será que isso importa?

O que também não importa muito são as especulações em torno do trabalho de Rodrigo Amarante com os caras do Strokes. Muito se fala que ele estaria preparando algo junto com o batera Fabrizio Moretti, mas o que se viu até agora de fato foi essa foto aí embaixo deixada no Myspace do rapaz...

É rapaz, o garotão aí é outro Stroke, o guitarra Nick Valensi. Ao baixar a foto descobre-se que o nome do arquivo é "Xmas1". Veja você que o natal do rapaz parece ter sido divertido... Repare que Nick já foi apresentado a uma das maiores invenções dos Los Hermanos, a tal da barba.

E também nesse momento de diz-que-me-diz, o Multishow também solta essa chamada, anunciando o que parece ser o próximo DVD da banda em recesso mais cultuada do país. É o único lançamento, de fato, anunciado.


Este, que será o segundo DVD dos Hermanos, foi gravado nos shows de 'despedida' que os caras fizeram ano passado, na Fundição Progresso. Curioso imaginar o resultado. Quem esteve lá sabe que havia poucas câmeras registrando o evento e à época a hipótese do lançamento de um DVD parecia descartada nas conversas informais... Mas como eles mesmo diziam, o tempo vai dizer.

Festa SM 3 Anos :: Marcelo Frota, Marcelo Callado, Vitor Araújo e Dom Ângelo - "Nasci para chorar"

O Bernardo andou falando do novo álbum solo do Marcelo Frota, em seu projeto Momo. O cara também foi um dos amigos a dar as cartas na festa do mês passado... É muita coisa, aos poucos vamos completando essa lista generosa!!!

Junto com Marcelo Callado na bateria, Vitor Araújo (o nosso Frank Aguiar, cãozinho dos teclados!!!) e Dom Ângelo na guitarra e elegância, Momo destilou um Fagner, que o Callado disse ser do Rei Roberto... Não importa muito, vai... Curte aê!

                                   
Marcelo Frota, Callado, Vitor Araujo, Dom Angelo - Nasci para chorar 

Tramavirtual: Artista Igual Pedreiro, Macaco Bong

Download Patrocinado




       Vai rolar o Momo em breve, rolou o Tom Zé, e tá aí o Macaco Bong. Chega lá. Que fez um dos melhores shows do último Humaitá Pra Peixe, surpreendentemente para o mesmo público que foi assistir Jay Vaquer. Mais uma banda de Cuiabá que chega cheia de coragem de sair do nhenhenhém.

18.7.08

Vídeo: Man Sized Wreath, REM

4

      E pensar que há quatro anos era eu que me formava no tal do Jornalismo. Quando se fala em college rock, a primeira banda que vem à mente é mesmo o REM, sem chance. Hoje, tenho pelo menos uns três textos engatilhados na mente, todos com alguma relação com o samba universitário de uma certa banda "que inventou a barba". Mas antes dos textos, a obrigação é acabar de decupar/trascrever uma entrevista da série "músicos" que eu e o Bruno decidimos que seria uma das marcas do sobremusica. Vou te dizer que além de gigante, além de universitária, e além de samba barbado, a entrevista tá foda. Mas ainda precisa de trabalho em cima, qualquer hora sai.
      Hoje, por exemplo, eu ia ver o Sany Pitbull com o Synteko na Pista 3, e desisti pra ficar na frente do computador dando play e pause no gravador. Tudo indica que vai valer a pena.
      Mas a história de college rock é só porque hoje, no dia do aniversário dele, o meu irmão pega o mesmo diploma de jornalismo que eu. Parabéns. Mas bem-vindo à vida dura. À vida louca. À vida boa. À vida.
      Faça o que quiser, esteja onde estiver. Aguarde...

17.7.08

A catarse de um sujeito e sua cidade


* Aniversário do SOBREMUSICA
* Daniel Dantas
* Finalização do trailer do "Sistema Lapa de Samba"
* Welcome back, Cacciola
* João Roberto Amorim Soares
* Editais de leis de incentivo
* "Atuação desastrada"
* Ser extorquido por policiais militares em São Conrado
* Antônio Lopes
* A engenheira perdida da Barra
* Execução de policiais na Lagoa
* Ter o carro assaltado em frente a uma delegacia em Botafogo
* Fazer 26 anos, fazer festa e passar o dia na Prainha
* Seguranças particulares pela cidade e o medo enlatado
* Sair do emprego
* Garotinho e Garotinha
* Frio, muito frio
* Roberto Dinamite
* Pedir a namorada em casamento
* Esperar 3 horas na delegacia da Glória, num domingo, para fazer um Boletim de Ocorrência, só porque o policial que estava em turno não quer atender, já que era horário do seu companheiro que ainda não tinha voltado do almoço e ele não vai ficar "fazendo o trabalho do outro".
* Irmão voltando a morar no Brasil
* Pedidos de desculpas customizáveis nas bocas do poder público televisivo.


É o caos de um sujeito e sua cidade no período de junho e julho de 2008. Bipolaridade de sentimentos até o talo! Emocional gemendo e saturado. A cabeça vem passando longe das questões da música. A ânsia de reencontrar o caminho parece travar ainda mais. E pensar na vida no Rio de Janeiro é a coisa que eu mais faço. Pro mal e pro bem. O samba e sua alegria anestésica vão tocando o nosso iPod inconsciente e coletivo, enquanto alguém mira o seu headfone branco. O tamborzão frenético marca o bpm da vida por aqui nesses dias de inverno.

A vida nova se abre diante da velha vida anacrônica. O Rio é doce, sim, mas a água tá suja. E a cidade te dá sede.

Tá foda. Tá foda até de pensar.

16.7.08

Tramavirtual: Buscador, Momo Project

Mais Psicodelia Triste



       O Bruno qualquer hora volta a dizer presente a sério aqui no sobremusica e bota o vídeo do Marcelo Frota (e do Gabriel Thomaz) na festchenha de um mês atrás. Mas enquanto isso, rola de dar uma ouvida nas três primeiras do segundo disco do Momo Project, que vem a ser o projeto dele solo, aqui. Apesar de uma música se chamar Tristeza, e de outra ter um refrão com a palavra em destaque, de cara eu adianto que está agora menos triste e angustiado do que no primeiro, Estética do Rabisco. O que não quer dizer que esteja alegre e esperançoso, lógico.
       O disco completo vai pro myspace e Tramavirtual no dia 22, terça que vem.

14.7.08

Vídeo: House of Cards, Radiohead

Com Lasers



Lá do Matias.

11.7.08

Festa SM 3 Anos :: Vitor Araújo, Dom Ângelo e Bernardo Palmeira Trio Jazz - Take Five

Foi com essa grosseria aí que começou a festinha... Foda!

                                   

Festa SM 3 Anos :: Whorehouse in Brazil - "Baranga/Cidade Paraíso"

A estréia do Whorehouse in Brazil não poderia ter sido mais consagradora. O novo projeto do mito Johnny Brazil saiu das cabines de mashups ovacionado. Ficou claro que, de agora em diante, mais do que nunca, ele vem aí pra levar teu dinheiro e chacoalhar seus quadris! Come on, kids!

                                   
Festa SM 3 Anos :: Whorehouse in Brazil - "Baranga/Cidade Paraíso"

10.7.08

Festa SM 3 Anos :: Marcelo Callado & Seu Chico - Pense por você mesma (vs. "Think for yourself")

Mais um momento inesquecível da festinha... Marcelo Callado, Seu Chico, Beatles, Caribe, guitarrada, Lapa e um axé fortíssimo. E em HD!!

Tá certo ou num tá?!?


                                   
Festa SM 3 Anos :: Marcelo Callado & Seu Chico - "Pense por você mesma"

Voltando...

O último mês foi bem pegado, cheio de ruídos, novidades, ventura e revés. Tudo isso acabou me afastando um pouco desse nosso querido SOBREMUSICA. Sacudindo a poeira, reorganizando a casa, avisa aí que eu tô voltando... Pra começar, videozinhos. Muitos videozinhos nas próximas horas. Afinal, recordar é viver.

Festa SM 3 Anos :: Seu Chico - Samba do Grande Amor


Festa Sobremusica 3 Anos :: Seu Chico - Samba do Grande Amor.

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A partir de sábado, os caras estão de volta, numa temporada todos os sábados no horário alternativo de férias da Cinemathèque, 20hs. Vale a pena esquentar os tamborins por lá e depois partir pra noitada...

8.7.08

Entrevista: Emílio Domingos, diretor de L.A.P.A. (2)

Tá Além Do Estereótipo Do Que É Um Rapper

      Pulando do papo de música e cena, partiu-se para os dois personagens que L.A.P.A. meio que apresenta, Chapadão e Funkero. De percursos e personalidades distintas, quase opostas, os dois vão personificando no filme o caminho sem manual de instrução do rap carioca. E Emílio aponta certeiramente o grande acontecimento que ainda reverbera na Lapa uma coleção de histórias que se existem e podem render um filme, é porque se cruzaram lá na década de 90: a Zoeira. Até então, o rap carioca era coisa de poucos e isolados, assistindo clipe na MTV e procurando migalhas de informação para com pouco se satisfazer. Uma festa que detonou um processo e foi na semente do que é o rap, afinal de contas: coletivizar uma manifestação cultural de rua, de improvisação e de remixagem da história gravada de antepassados. Mas deixa ele falar, vai...



sm: Beleza. Deixa eu pular um monte de pergunta aqui. Como vocês chegaram no Funkero e no Chapadão? Porque esses dois novos rappers e rimadores? Teve pesquisa com vários?
ED: O Funkero eu sempre admirei. Eu não conhecia, mas eu admirava o flow dele, a levada. A velocidade de raciocínio, a capacidade dele de se adaptar às batidas e não perder o estilo de rimar – o flow, né? Isso é o flow. E o Chapadão conquistou a gente na pesquisa. A gente começou entrevistando um pessoal no Hutuz, na entrega do prêmio. E a gente começou a conversar na porta, uma amiga nossa em comum apresentou. Eu conhecia o Chapadão como rimador também, achava legal. Ele tem uma sinceridade assim na fala, uma espontaneidade, cara, que porra, esse cara tinha que fazer parte. É muito honesto, sabe? Sabe o cara quando cresce diante da câmera? Eu acho que ele tem esse carisma de personagem de filme. E o Funk[ero] também tem. Mas o Funk eu já conhecia de ver se apresentando e eu já achava que ele era mega verborrágico, e o cara fala mais fora da câmera do que diante da câmera. E ele falou bastante diante da câmera. Mas eu acho que além disso, o fato de serem pessoas hiper receptivas pra se abrir e pra falar da real deles foi o que contou pra eles virarem personagens. Além de terem, claro, uma trajetória particular. O Funk é um cara lá do Jardim Catarina, que quer levar a música dele pros bailes funk, tem uma formação de funkeiro também. Achei isso peculiar, é uma coisa que é bem típica do Rio de Janeiro, do cara assimilar aquela cultura, porque ele cresceu no baile. Não tem muito o bloqueio de, a eu faço rap não posso isso ou não posso aquilo. Sabe? A mixtape do Funk saiu agora, vou te mostrar, eu tenho uma cópia, e o cara joga nas onze. Tem ragga, grime, tambozão, rap tradicional, se é que pode dizer isso. Tem uma musicalidade tremenda.

sm: E é leitor de Monteiro Lobato...
ED: E é leitor de Monteiro Lobato, ouvinte de Jovelina Pérola Negra, se amarra. É um cara muito versátil, um cara que tá além do estereótipo do que é um rapper. E eu acho que todo mundo tá, né cara? Na verdade, criou-se assim uma imagem do que é o rapper e as pessoas pouco conhecem os moleques que se interessaram por poesia, por letra, que tem alguma coisa pra falar, que querem falar de alguma coisa. Essa geração que adotou o rap tem essa necessidade de se expressar e o rap forneceu isso. É o gênero musical, a cultura que permitiu isso. Até mais do que ser escritor. São os caras que viraram MCs. É o caso do Funk.

sm: Outra coisa que eu acho legal dos dois é que eles são meio opostos, né? O Funk é o cara marrentão [ED: Você que tá falando, éim? Rerrê], forte. E o Chapadão é mais gordinho, mais na dele. E o Chapadão aparece em família, tradicional, pai-mãe-irmã. E o Funkero não, é ele mostrando a casa com muro novo de dinheiro do rap [ED: Tem a visão mais profissional...] Exatamente.
ED: E os dois tão quase que no mesmo estágio, musicalmente. Surgiram quase que na mesma época, o Chapadão tem o grupo dele lá, o B-32. Bem bacana, o amigo dele que aparece no final, o James, é do grupo dele. É o que rima lá no trabalho da luz.

sm: Então, voltando. De onde vem todas aquelas imagens de arquivo, que é uma das coisas mais legais de ver?
ED: Da Zoeira?
sm: É, Zoeira... Não sei se o Black Alien é Zoeira, quando ele aparece.
ED: Não, ali é... Agora já virou arquivo porque o lugar tá fechado, o Severo 172. Mas o show que ele fez acho que foi em 2006.
sm: Vocês que gravaram então?
ED: É. Arquivo é Zoeira mesmo. Eu tinha um monte de imagem da Zoeira, não encontrei. Aquelas imagens são do Gustavo Melo, do Nós do Morro, que filmou uma noita na festa lá e cedeu pra gente. Na camaradagem, brodagem. Foi super importante na montagem. No processo do filme, a gente exibiu pra muita gente quando tava montando. Foram quatro meses de edição. E pras pessoas mais próximas, a gente sempre mostrava. Foi um processo árduo, porque a gente tinha oitenta horas de material. E o Gustavo Melo teve umas sacações boas pro roteiro, uns toques legais. Foi o olhar de quem tava distante. A gente tava tão introjetado no filme, no assunto, que às vezes você tem dificuldade. Tem que ter um desapego.

sm: Quanto tempo de gravação?
ED: A gente filmou uns dois anos. Até 2007. De 2005 até 2007.

sm: Um momento especial do filme é quando o Iky, o Marechal, o Babão e um cara que eu acho que é Caio o nome dele... [ED: César. César Schwenck. Ele é da Brutal Crew, da rapaziada lá do Aori e do Babão, e é o produtor da batalha do Real, e da Liga dos MCs.] Pra mim era Caio, não sei porque. [ED: Chama de Caio pra você ver] É... Mas eles tão andando pela Lapa, e eles vão parar na sede da antiga Zoeira. Como é que foi essa gravação? Foi planejado? Quais foram os bastidores, assim?
ED: Foi planejado. Nem tudo é verdade, né? Cara, a gente queria fazer uma entrevista com o Marechal há muito tempo, já. E a gente aproveitou e falou com o Iky, com o César. Nem sei se todos estavam previstos já, o pessoal tá sempre circulando pela Lapa e sempre aparece alguém no meio da filmagem também. Nesse momento, a gente queria mostrar – eu tinha total conhecimento que a Zoeira tinha virado uma igreja batista – e quis extrair reação emocional assim dos personagens ao voltar pra um lugar com tanta importância sentimental pra eles. E o local tá totalmente modificado. Ao mesmo tempo, unir mundos que são tão distintos – o da religião batista e do hip hop – e a gente foi experimentar. Ver o que ia dar desse contato. E foi legal, foi inusitado. Rolou uma relação de respeito de ambos e... Ao mesmo tempo uma coisa meio triste, pra quem gosta de hip hop fica triste de ver o espaço onde floresceu a cultura não existir mais. Mas ao mesmo tempo, se vê que a história andou pra outros lados, que se improvisou, criou-se a Batalha do Real e tudo mais. Com o devido desapego, você vê o lado bom.

sm: Bom, acho que tem dois eixos de entrevistados. Você até chegou a falar. Um é o Funk-Chapadão, que conduzem, que tem a passagem do tempo, e tem os famosos que vão comentando.
ED: A gente brincava que era o Oráculo, né? O D2, O B Negão e o Black Alien, que já tem uma experiência profissional grande. Aí os personagens principais seriam o Funk e o Chapadão. E o Aori e o Iky seriam coadjuvantes que montam assim. Se você tivesse que fazer uma estrutura pro filme, acho que seria essa, né? Os personagens são esses, né? Fatalmente são esses caras. Os principais são o Chapadão e o Funkero, em termos de estrutura e de montagem, o Aori e o Iky são coadjuvantes. Não sei se pode se dizer coadjuvantes, porque eles têm uma importância do caralho. [sm: o Aori introduz o filme, né?] É, acho que ficou bem igualitário no final, né? A diferença é que a gente foi e filmou mais o Iky [sic: ele queria dizer Chapadão] e o Funk. Eles servem a mais temas, a desenvolver mais assuntos do que os outros, do que o Aori e o Iky. O Aori é o Mc Lapa, como ele se diz. É o MC da Lapa, o cara que nasceu ali e que vivenciou essa cultura na veia. E o Iky é o cara mega curioso, que veio de Volta Redonda nessa paixão do rap e mora na Lapa. Produziu uma mixtape que tem 24 MCs, convidou mó galera da nova geração pra cantar. É de uma generosidade imensa um ato desse, tá pra lançar a mixtape 2, produziu o som do Funkero. São personagens fundamentais pra cena.

sm: Mas e os famosos? O que vocês queriam dos famosos colocando eles no filme?
ED: Rarrarra. O que eu queria dos famosos era a experiência, né? A voz de quem vivenciou algumas situações que os caras que tavam ali como protagonistas podem vir a vivenciar. E também, mais do que a experiência, até, a reflexão a respeito das situações que o rap no Rio de Janeiro vive. Eles servem um pouco a isso. Acho que eles pontuam o filme de forma clara, o papel deles é isso pra gente. As nossas conversas eram bem em relação a isso.

sm: Bom, por último, já foram as minhas perguntas aqui, mas fala um pouco mais história de pesquisa. Quais foram as conclusões que saíram da pesquisa, o que se jogou fora, qual foi a...
ED: Tenho que tomar cuidado pra não falar coisas que possam me queimar com alguém. [sm: Não, mas de idéia mesmo, de direcionamento...] A tá. Uma coisa que a gente pretendia fazer no início, a idéia original, era... A gente fez um curta, antes do longa, chamado Minha Área. É com Aori e com o Macarrão [que é personagem de Fala Tu, outro documentário sobre o rap carioca]. E a gente fala da relação desses MCs com o bairro, a composição e o bairro como referência pra isso. Como inspiração: rapper fala muito do cotidiano e das ruas, então a gente achou que era um tema interessante. Ééé... Então, uma coisa que a gente queria falar muito, assim, era das composições e do lado artístico deles, da parada autoral.

sm: Isso, no início...
ED: Na pesquisa também. Queria falar do lado artístico, autoral e de composição deles. Acho que isso não se perdeu com o filme, mas a partir do momento que a gente foi conhecendo melhor os personagens, a gente se enviesando também para o lado social, para o backstage do rapper, como ele faz para chegar e conseguir fazer a música dele. O processo de criação da música é mais do que artístico, é quase de operário. Tem que armar o show, pensar como é que se vai gravar, como é que agir, onde você vai andar, qual o tipo de ligação que você vai ter, com questões econômicas de falta de grana, questões de família, acreditar no seu talento, e em inúmeras questões outras que estão além de ser um artista. Quando se fala em artista, a gente tem quase que automaticamente a idéia de uma vida tranqüila. Você cria e tem o seu público. E não é assim pra quem faz rap, né? O caminho, eu acho que, é bem árduo. E pra muita gente que faz música independente no Rio de Janeiro e no Brasil de maneira geral.

sm: Mas aí, os personagens que saíram da pesquisa, aquele que não entrou... Eu queria fazer uma pergunta que eu já fiz, na verdade: que elementos são comuns a eles além do carisma pra ver que eles dão um filme, que eles casam com os famosos...
ED: Todos eles... A gente viu que o filme tem uma coisa inicial que é meio cronológica, a gente fala da Zoeira, tem a Batalha do Real, e tem o presente desses personagens. Então todos eles têm pontos em comum. A Zoeira, eu acho que é a origem comum. Mesmo o Funk fez parte da Zoeira, o Chapadão freqüentava, todos eles freqüentaram. Talvez essa geração do Kelson e do Gil, que aparecem na Batalha do Real, talvez eles não tenham freqüentado. Eram muito novos. Eles já são de uma nova experiência que é a Batalha do Real, mas que a origem também é a Zoeira. Acabou a Zoeira e os caras tinham que continuar se encontrando ali, e resolveram criar a Batalha do Real. Então, a coisa que interliga eles além do ambiente da Lapa, é a Zoeira. É meio que um mesmo universo, todos eles se conhecem.

sm: Beleza.

Vídeo: Everyone Nose, N.E.R.D.

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Busquei lá no Apavoramento.

7.7.08

Música: Take Your Time, Al Green e Corinne Bailey Rae

Ressaltar A Manha

       Aí você ouve lá o discaço do Al Green, que reforça o contra-ataque da velha guarda do soul (e dá-lhe Sharon Jones) contra a nova (e dá-lhe Amy e Cee-Lo), e ouve lá pelo meio a voz doce de vizinha do lado da Corinne Bailey Rae. E pensa: porque essa menina não faz direito quando é o disco dela? O dueto não é dos melhores momentos do disco, mas é muito melhor do que tudo que ela canta no disco dela. E o mesmo se dá com Corinne na homenagem aos 40 anos da Radio 1, quando regravou Steady As She Goes do Raconteurs, ou na ótima versão pra Sexy Back, do Justin Timberlake. Ou ainda, mas um pouco menos, em River, do disco de Herbie Hancock, charmosinha também.
       Se for para arriscar, eu diria que Corinne é mal produzida. Amy Winehouse é sensacional, mas se não fosse Mark Ronson pouca gente ia saber. O disco da Scarlet Johansson já vem com o elogio e a cantada safados prontos, mas se não fosse David Andrew Sitek as críticas iam ficar só nas piadinhas. E Toxic de Britney não teria reabilitação sem a dupla Bloodshy e Avant. E se eu falo só de mulheres, é pra manter a lógica Corinne, mas é evidente que Radiohead e Beck devem muito a Nigel Godrich e o próprio Al Green tem a agradecer a ?uestlove.
       Nas quatro faixas citadas ali no primeiro parágrafo, uma mesma característica se impõe e mostra um caminho que um produtor esperto há de indicar e melhor aproveitar em Corinne. O tempo dela é outro, para trás, sem nervosismo ou ansiedade, nem sono.
      Ao sair do que está proposto no disco lá dela, de um jazzinho muito do aspartâmico, um bom produtor pode formar uma banda e achar os timbres que Corinne precisa para cantar a manha que liberta a imaginação, e sai do tema para o livre improviso. É assim em Steady As She Goes, com o jogo duro e o contra-ataque de "eu quero sim" que só uma mulher saberia dar a um rock originalmente tão de cabeludo de camisa preta. Não é assim em Put Your Records On, a música simpatiquinha que puxou o desempenho do disco dela.
      Corinne tem uma vantagem sobre outras cantoras de soul/jazz da geração dela, que é a de não ser nitidamente reconhecível em nenhuma das grandes damas Sarah Vaughn, Billie Holiday ou Ella Fitzgerald. Ao mesmo tempo, tem um humor delicioso, inglês e elegante, e um olhar para o lado que entorta qualquer harmonia mais boboca de top 10 da rádio fm. Filha de pai indiano, há ali um tempero oriental que esquenta sem pressa. E toda essa graça e incentivo à imaginação aparece em SexyBack, por exemplo. Uma única tentativa: mais certeira do que o disco inteiro.
       Uma boa prova disso, voltando a Al Green, é que se ele chamou Corinne para um dueto que marca a volta dele à atividade autoral e coisa e tal, ele chamou sem querer um atalho para as rádios do segmento adulto contemporâneo que tão bem receberam os duetos de Santana e os standards de canção americana de Rod Stewart. O acerto de Green (ou de ?ueslove, depende de onde partiu o convite) foi mirar no arrepio de uma dança a dois no fim da festa ou numa preguiça depois da cama mal arrumada. E ele apostou não na artista, mas no que a mulher tem a oferecer - dá para perceber a diferença?
       Talvez onde Corinne erre seja em querer ser compositora - não há nada errado em ser apenas intérprete, ainda mais se o repertório é bem escolhido. Gente que compõe e não interpreta não falta, o mistério é qual foi a onda que levou os somente intérpretes da praia do novo século. Os tempos são certamente apressados, e nunca é justo tomar um disco de estréia para condenar as composições da moça. O certo é que o caminho percorrido até agora em músicas alheias tem muito mais de uma Corinne que me interessa. Tem muito mais de mensagens diversas e referências várias, e portanto me conta muito mais de um jeito que eu quero aprender. Muito mais coisas a se descobrir com calma. Música, afinal, vai bem quando por aí.
      E Al Green parece estar comigo nessa observação.

1.7.08

Show: New York Ska-Jazz Ensemble no Odisséia

Rock Steady Freddie E Sua Banda



       Apesar do nome Conjunto de Ska-Jazz de Nova Iorque e da qualidade de cada um dos integrantes da banda, foi impossível não sair da apresentação da NYSJE sem ficar impressionado com o ritmo que o saxofonista Rock Steady Freddie dá a cada passagem de música, a cada condução da banda com um olhar ou gesto, ou mesmo com a puxada em praticamente todas as músicas do repertório – já que a idéia de set list foi abolida. Ainda assim, o show passou longe de uma possível longa jam de improvisos. Se alguém que acha jazz chato tinha receios, mal deu para dar ouvidos a eles.
       Freddie foi buscar no Skatalites a inspiração para formar o que acaba sendo seu projeto- assinatura, já que em boa parte do resto do tempo ele dá aulas ou é contratado por outros artistas. Mas a NYSJE não é um Skatalites nova-iorquino com afinidades jazzísticas. Boa parte do show é bailão, e a pista do Odisséia pôde experimentar isso nas músicas de andamentos mais rápidos, pogando, pulando ou simplesmente dançando em par.
       Sem ficar restrito a formatos ou épocas, a festa acelera e diminui um pouco para respirar e reacelerar sem que dê tempo de pensar se aquela música ali é do Charles Mingus, do Duke Ellington, ou se é uma das que estão no myspace. Para os mais concentrados, e curiosamente o Odisséia se encheu de um público quase paulista nesse sentido (sem rixa de ponte aérea, digo isso da gente séria e estudada, a fim de só se entregar se o artista passar no teste do ao vivo), o show serviu também como panorama de skas tradicionais (first wave – a jamaicana), rock steadies, skas cantados e instrumentais, mais modernos (second wave – two tones, a inglesa) e mesmo de linhas de baixo e bateria coladas no dub. A vida dos puristas estava difícil de ser salva. Só não teve guitarra distorcida, para contemplar uma third wave californiana.
       A receita do ska-jazz ainda forneceu momentos de improviso que reafirmavam a condição de música dentro da música: bem contextualizados, mostras de técnica e de domínio da linguagem. No sax tenor, por exemplo, Freddie insistia em saltar a intervalos de mais de uma oitava para brincar com toda a extensão do instrumento. Em alguns momentos, fez um teatrinho até divertido, usando as duas mãos nas chaves de cima do sax para variar nas notas mais agudas, o que é totalmente desnecessário dado que existem atalhos nas chaves de baixo para o mesmo fim. Em outros, fez o grave do tenor bater no peito e voltar em mãos pro alto e quadris inquietos. De qualquer forma, o espírito do que ele falou aqui no sobremusica, essa semana, foi respeitado: no fim das contas, as pessoas gostam de boa música. Tktak-tktak...
       Para não dizer que nada fugiu das melhores expectativas, o trombonista Mark Paquin e Freddie passaram boa parte da primeira metade do show reclamando de retorno, e não perderam a oportunidade de mostrar uma boa dose da folclórica antipatia nova-iorquina ao resmungar que ninguém ali falava inglês. Naturalmente, muita gente entendeu o que eles diziam, mas achou por bem ignorar e se esbaldar.
       No bis, a presença de Bernardo B Negão contribuiu mais em carisma do que propriamente em som de classe, mas a festa estava garantida e a noite ganha. O Odisséia lotado voltou com sorriso aberto para casa.









       De se registrar as participações do Coquetel Acapulco, com um público conhecido e aliado, o Digital Dubs de graves e ecos dilatando a expectativa, o Djangos que recebeu a fila formada do lado de fora e mostrou que o que vem aí é de se aguardar, e a dupla de djs Bangarang dando aula de história com a pista em movimento.


Enfim, a casa própria
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